sábado, 3 de agosto de 2024

Igreja Católica - Como Se Formou? - parte 17

 Igreja Católica - Como Se Formou? - parte 17

 
Uma representação de "Deus", com três cabeças. Isso lhe parece lógico. Teria o homem sido "formado a semelhança de Deus", se Ele fosse realmente três em um?
 
 
- O Concílio de Constantino -
Se a doutrina da trindade não é um ensinamento bíblico e nem dos primeiros "pais da igreja", como e quando ela apareceu como um dos pilares de fé da Igreja Católica e das demais igrejas da cristandade?
Alguns teólogos acham que ela foi formulada no Concílio de Nicéia, em 325. Mas isso não é totalmente verdade. Naquele Concílio foi estabelecido que Jesus é da mesma "substância" que Deus e só. Não se mencionou no Concílio o "espírito santo" como pessoa e nem a palavra "trindade". Essas coisas se desenvolveram mais tarde.
Por muitos anos havia muita oposição, por motivos bíblicos, contra a emergente ideia dos filósofos de que Jesus era Deus. Os oposicionistas, obviamente pendiam para o ponto de vista bíblico enquanto que os que defendiam a nova ideia se baseavam em conceitos filosóficos pagãos.  Para resolver a disputa, o imperador romano Constantino, o Grande (272 - 337) convocou todos os bispos a Nicéia. Compareceram menos de 300, uma fração irrisória do total.
Pode-se depreender do fato do Concílio ter sido convocado por um imperador romano pagão, que aqueles que compareceram eram os mais afastados do verdadeiro cristianismo, os que tinham mais cobiça por poder e menos escrúpulos.
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- O Paganismo no Comando -
Constantino não era cristão, não entendia nada de cristianismo. Supostamente, mais tarde na vida ele se converteu, mas só foi batizado quando estava para morrer. Sobre ele, Henry Chadwick (1920 - 2008), teólogo britâncio, diz em The Early Church (A Igreja Primitiva): “Constantino, como seu pai, adorava o Sol Invicto; . . . a sua conversão não deve ser interpretada como tendo sido uma íntima experiência de graça . . . Era uma questão militar. A sua compreensão da doutrina cristã nunca foi muito clara, mas ele estava certo de que a vitória nas batalhas dependia da dádiva do Deus dos cristãos.”
Que papel desempenhou esse imperador não batizado no Concílio de Nicéia? A Enciclopédia Britânica diz: “O próprio Constantino presidiu, ativamente orientando as discussões, e pessoalmente propôs . . . o preceito crucial, que expressa a relação de Cristo para com Deus no credo instituído pelo concílio, ‘de uma só substância com o Pai’ . . . Intimidados diante do imperador, os bispos, com apenas duas exceções, assinaram o Credo de Nicéia, muitos dos quais bem contra à sua inclinação pessoal.”
Assim, o papel de Constantino foi decisivo. Depois de dois meses de furiosos debates religiosos, esse político pagão interveio e decidiu em favor dos que diziam que Jesus era Deus. Mas, por quê? Certamente não por causa de alguma convicção bíblica. “Constantino basicamente não tinha entendimento algum das perguntas que se faziam em teologia grega”, diz o livro Breve História da Doutrina Cristã. Mas, o que ele deveras entendia era que a divisão religiosa representava uma ameaça ao seu império, e o seu desejo era solidificar o seu domínio.
De maneira que nenhum dos bispos em Nicéia promoveu uma Trindade, mas sim uma "dualidade". Eles decidiram apenas a natureza de Jesus, enquanto Constantino imaginava ter conseguido a paz.
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- O Concílio de Constantinopla -
O Concílio de Nicéia promoveu a "paz" que Constantino esperava? Não. E nem tampouco se promoveu a nova ideia de que Cristo era Deus, ou que era igual a Deus.
Os debates sobre o assunto continuaram por décadas e os que criam que Jesus não era igual a Deus até mesmo recuperaram temporariamente o favor. Mais de 50 anos depois, porém, o Imperador Teodósio (347 - 395), outro pagão, decidiu contra eles.
Teodósio estabeleceu o credo do Concílio de Nicéia como padrão para o seu domínio e convocou o Concílio de Constantinopla, em 381 EC, para esclarecer os preceitos.
Esse concílio concordou em colocar o espírito santo, considerado agora como uma "pessoa", no mesmo nível que Deus e Cristo, algo que nem mesmo os bispos corruptos de Nicéia imaginariam. Pela primeira vez, a Trindade da cristandade passou a ser enfocada.
Todavia, mesmo após o Concílio de Constantinopla, a Trindade não se tornou um credo amplamente aceito. Muitos, por questões de consciência e lógica (a Trindade, além de ser um ensino pagão, não tem lógica) se lhe opuseram. Mas, por causa  de ter sido uma decisão imperial, aqueles que eram contra sofreram violenta perseguição.
Foi apenas em séculos posteriores que a Trindade foi formulada em credos específicos. A Enciclopédia Americana diz: “O pleno desenvolvimento do trinitarismo ocorreu no Ocidente, no escolasticismo da Idade Média, entre os Séculos 9 e 16, quando se adotou uma explicação em termos de filosofia e psicologia.”
A adoção dessa crença, totalmente antibíblica não trouxe paz, conhecimento ou harmonia na Igreja. Pelo contrário, quanto mais o tempo passava, mais desunida e violenta se tornava
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- A Mentira do Credo Atanasiano -
A doutrina da trindade, dizem os signatários da Igreja, "foi mais plenamente definida no Credo Atanasiano". Atanásio de Alexandria (296 - 373) foi um clérigo que apoiou Constantino em Nicéia. O credo que leva seu nome declara: “Adoramos um só Deus em Trindade . . . O Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus; e, no entanto, não são três deuses, mas um só Deus.” Assim, tem-se a impressão que a trindade foi definida no Concílio de Niceia.
Mas, bem informados peritos concordam que não foi Atanásio quem elaborou esse credo. A Nova Enciclopédia Britânica comenta: “O credo era desconhecido à Igreja Oriental até o século 12. Desde o século 17, os peritos em geral têm concordado que o Credo Atanasiano não foi escrito por Atanásio, mas que, provavelmente, foi elaborado no sul da França durante o quinto século. . . . O credo parece ter tido influência primariamente no sul da França e na Espanha no 6.º e 7.º séculos. Foi usado na liturgia da igreja na Alemanha no 9.º século e um pouco mais tarde em Roma.”
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- A Política na Igreja -
Portanto, levou séculos desde o tempo de Cristo para que a Trindade viesse a ser plenamente aceita na cristandade. E, em todo esse processo, o que foi que guiou as decisões? Foi a Palavra de Deus, ou foram considerações clericais e políticas?
Em Origem e Evolução da Religião, E. W. Hopkins responde: “A definição ortodoxa final da trindade era em grande parte uma questão de política eclesial."
Na próxima parte vamos considerar sobre o que influenciou os clérigos da Igreja a montarem essa doutrina
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Continua

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