segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Inquisição - Parte 3

 A Inquisição Expõe Sua Verdadeira Face

Representação de Tomás de Torquemada, chamado de "Martelo dos Hereges" pelos católicos fanáticos de hoje, como se fosse uma honra ser chamado assim. Este assassino espanhol agiu com tal brutalidade em nome da fé católica contra cidadãos inocentes, que até hoje, seu nome é personificação de terror e injustiça. Mesmo assim, o Papa Cisto IV o elogiou como "zeloso prestador de serviços para a glória de Deus". Com certeza foi zeloso, mas só se for para o "Deus deste mundo" - 2ª Coríntios 4:4 

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- "Aperfeiçoamentos" e Adaptações -
Corria o ano de 1478 (Século XV). Por quase 300 anos, as Inquisições, Episcopal e Delegada, estavam funcionando, como grandes churrasqueiras de carne humana. E sendo sempre, ambas, "aperfeiçoadas" (leia-se "aperfeiçoadas" como "refinadas na maldade").
Um exemplo desse "aperfeiçoamento" está na estrutura. Quando se iniciou no Século XII, a Inquisição caçava pessoas mas as julgava em qualquer lugar, de forma aleatória e sem nenhuma regra. O que iria valer seria a palavra final do Inquisidor.
Mas depois, no Século XIII, o Papa Gregório IX (1145 - 1241), promulgou, em 1233, a Bula papal "Licet ad capiendos" ("É Permitido Levar"), na qual os Inquisidores ficariam baseados em Tribunais da Inquisição fixos, espalhados pela Europa, e os réus seriam levados até eles.
Daí, em 1376, foi lançado o Manual dos Inquisidores, que regulamentou os "julgamentos". Assim ficou organizada a Igreja e este seria seu Modus Operandi "para sempre". Ao invés de pregar o reino de Deus, como fazia Jesus e os apóstolos, a Igreja, como uma agremiação de torturadores, se concentrava em caçar e matar pessoas.
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- "Exigit Sincerae Devotionis Affectus" -
A Inquisição, no entanto, segundo a Igreja, precisava ser "aperfeiçoada" em outro sentido: Ser adaptada para cada tipo de grupo dissidente. Ao passo que no Sul da França e Alemanha os grupos de dissidentes eram de um tipo (pró Bíblia e messiânicos), na Espanha eram de outro, de influencia muçulmana e judaica.
Assim, naquele ano, 1478, o Papa Cisto IV (1414 - 1484), que construiu a Capela Cistina e os "Arquivos da Igreja" (justamente para guardar o já enorme volume de documentos da Inquisição), emitiu a Bula "Exigit Sincerae Devotionis Affectus", que instituía a "Inquisição Espanhola". Esta seria a 3ª Inquisição em ação na Europa medieval.
O significado dessa bula em latim diz tudo: "Exigindo Resultados de Devoção Sincera". Na Espanha, em particular, a Igreja acreditava que os marranos, os mouros muçulmanos e os judeus estavam se convertendo ao catolicismo apenas para escapar da Inquisição. Porém "mantinham o coração" ainda nas crenças nativas.
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- A Inquisição Espanhola -
Por que a Inquisição Espanhola foi especial? Porque ela, diferente das outras, teve um caráter nacionalista. Os reis Fernando de Aragão (1452 - 1516) e Isabel de Castela (1451 - 1504), os "reis católicos", primos e casados, haviam vencido os muçulmanos que estavam se estabelecendo na Espanha. Eles procuravam montar um estado nacional unificado e consideraram a religião, mais precisamente a Inquisição, como "fator decisivo", pois poderiam reprimir opositores políticos (que seriam, mesmo sem o ser, acusados de heresia).
Para a Igreja tal desejo real era também vantajoso, pois aumentaria seu poder numa região que se encontrava muito dividida do ponto de vista religioso
Esta Inquisição fez aparecer também, além do sentimento anti muçulmano (que perdurava desde a época das cruzadas), o caráter antissemita do catolicismo. E esta lamentável característica antissemita traduzia tudo o que o cristão não deve ser.
Por exemplo, na época dos apóstolos, estes conversavam com as pessoas, de qualquer crença, sobre o Cristo e sobre o reino de Deus para ver se escolhiam se converter ou não. Mas a Igreja Católica não agia assim. Além de não oferecer nenhum suporte à conversão forçada das pessoas que nem a conheciam, lhes cobrava, a poder de ferro e fogo, o que não podiam saber. Assim, judeus - e também muçulmanos - eram caçados e considerados culpados por motivos que sequer entendiam.
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- Tomás de Torquemada -
É nesse ambiente político da Espanha do Século XV, que se destaca Tomás de Torquemada (1420 - 1498), um frade dominicano, nomeado Inquisidor Geral. Seu antissemitismo fanático fez com ele se destacasse até mesmo entre outros inquisidores. O curioso é que ele próprio era descendente de judeus.
As ações de Torquemada na Inquisição, para a qual foi nomeado em 1483, fez com que houvesse um êxodo de judeus para Portugal, que fugiam para não serem mortos. Torquemada excedia as "regras" do Manual dos Inquisidores e não aceitava na igreja os convertidos. Se fossem pegos, judeus ou muçulmanos, seriam certamente mortos, independente do processo pelo qual passariam.
Durante o tempo em que exerceu seu reinado de terror, de 15 anos, Torquemada ocasionou, sozinho, a morte de pelo menos 2 mil pessoas (algumas fontes citam 10 mil).
A história registra que a crueldade de Torquemada foi tão grande que, segundo se alega, foi "reprovada" pelo Papa Alexandre IV (1431 - 1503). Mesmo assim nada se fez para que ele parasse com os Autos de Fé" de Torquemada que, segundo a The Enciclopédia Britannica era um "horroroso holocausto oferecido ao princípio da intolerância". O "Auto de Fé" era a queima de pessoas em piras de fogo, em praça pública, acusadas de heresia. Mas, no caso da Inquisição Espanhola, as acusações de "heresia" incluía também o muçulmanismo, o judaísmo e os opositores políticos dos reis católicos.
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- O Resultado da Inquisição Espanhola -
Conseguiu-se um "estado unido pela fé" através da Inquisição? Não. Apesar da brutal perseguição político/religiosa que se promoveu com a desavergonhada e descarada imposição pela força do catolicismo, a Espanha continuou um estado laico (com muitas denominações de fé) como sempre foi. Conseguiu a Inquisição, pelo medo, impor a fé que pretendia nos corações dos "hereges" espanhóis? Pelo contrário, muitos até preferiram morrer a se converter para aquela religião assassina. E até mesmo muitos católicos espanhóis se mantinham como tais não por fé, mas por medo.
De fato, o catolicismo expôs, na Inquisição Espanhola, sua verdadeira face. E graças a brutalidade da Inquisição que sofreu, a Espanha, como um todo, reflete até hoje "ecos" daqueles tempos. Por exemplo, o interesse pela Bíblia aumentou mais nos espanhóis do que no restante dos europeus. Na Espanha a Bíblia era proscrita até mesmo para os católicos.
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- A Motivação Para a Inquisição -
A motivação maior para a Inquisição era a forte crença, de origem pagã, num "inferno para almas pecadoras, que sofreriam eternamente nele, após a morte". Algo não ensinado na Bíblia e jamais imaginado por Deus. Que Deus amoroso permitiria que alguém sofresse horrível e eternamente por uns poucos anos de pecado? Isso, de fato, seria muito mais injusto do que a pior das injustiças humanas.
Este aspecto da Inquisição será analisado na próxima parte
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Continua

 

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