domingo, 22 de setembro de 2024

Inquisição - Prólogo

 Inquisição - Prólogo

Uma representação de Maria 1ª, a "Sangrenta" da Inglaterra.

 

- A Europa do Século XVI -

Maria 1ª, ou Maria Tudor (1516 - 1558), foi uma rainha inglesa numa época em que quase toda a Europa estava sob o machado sangrento da Inquisição Católica. O único país onde não havia mais os "Autos de Fé" (ou "queima de pessoas vivas em praça pública") era a Inglaterra. O rei Henrique 8º (1491 - 1547) havia separado o país do catolicismo em 1534, criando a Igreja Anglicana. Todavia Henrique 8º também matava pessoas. As vítimas eram as que não aceitavam a sua chefia da nova Igreja. Mas em pouco tempo, quase não havia mais oposição ao anglicanismo.
Isso porque houve avanços do anglicanismo, principalmente quando seu filho, Eduardo 6º (1537 - 1553) o sucedeu como rei, aos 9 anos de idade em 1547. Os conselheiros de Eduardo promoveram perseguição aos que obstinadamente se apegavam ao catolicismo e destruíram as imagens das igrejas. Mas a Bíblia já podia ser lida em inglês pelo povo. No resto da Europa, a Bíblia, além de ser proibida ao público, era lida, apenas pelos padres, em latim, uma língua morta já naquela época e que ninguém entendia, nos ofícios.
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- Reacendendo a Fogueira -
Mas Eduardo morreu de tuberculose aos 15 anos. E Maria 1ª o sucedeu em 1553.
Maria 1ª era católica e queria "devolver a Inglaterra ao Papa". Assim, contra a vontade popular ela declarou que a Inglaterra "pedia perdão ao Papa por ter se tornado protestante e voltava a ser católica novamente".
Com Maria 1ª, a Inquisição se instalou novamente na Inglaterra, e com força porque ela era, do ponto de vista religioso, tão intolerante quanto Torquemada (1420 - 1498) havia sido na Espanha. Nos cinco anos em que reinou, ela promoveu êxodo de pessoas ricas, e, por consequência, desemprego e miséria. Ao menos 400 pessoas, homens, mulheres e crianças, morreram nas fogueiras públicas pelo crime de "não serem católicas".
Maria 1ª não considerava os anglicanos, ou quem quer que não fosse católico, como ser humano, mas como "furúnculo maligno que tinha que ser extirpado".
Não demorou muito para que fosse chamada pelo povo de "Maria Sangrenta"
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- Maldade Abençoada Pelo Papa -
O Papa da época de Maria 1ª era Júlio 3º. Durante o papado de 5 anos de Julio 3º, a corte romana ficou marcada por escândalos, entre os quais de pedofilia: Júlio 3º se relacionava com um menino de 14 anos chamado Innocenzo del Monte. E foi esse o homem que "aceitou o perdão da Inglaterra" e abençoou a "volta ao catolicismo" do país. O que isso significava?
Por exemplo, John Hooper (1495 - 1555), bispo de Gloucester foi queimado vivo num Auto de Fé. Mas a sua morte não foi como a do resto dos europeus, nos quais o fogo os matava em 5 ou 10 minutos. Sob ordens de Maria 1ª, o material usado (vegetação) era verde e estava molhado. Isso fez com que o bispo anglicano, de 60 anos, queimasse lentamente, durante 45 minutos. Hugh Latimer (1487 - 1555), bispo de Worcester, morreu da mesma forma aos 70 anos.
No caso das crianças, estas haviam nascido em lares anglicanos. Nada sabiam de catolicismo. Nem elas foram poupadas. Maria 1ª também inspirou um castigo a mais: Amarrava-se sacos de pólvora nas vítimas para que as explosões os "mandasse logo para o inferno" logo. Mas a pólvora não explodia, ou então explodia mas mutilava sem matar, de acordo com a historiadora medieval americana Carolly Erickson (1943 - viva). E as vítimas não eram amordaçadas para que seus gritos pudessem ser ouvidos por todos.
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- Resultado -
Ao contrário do que o Papa e Maria 1ª esperavam, a Inglaterra não se tornou inteiramente Católica. Como resultado de tamanha brutalidade, muitos católicos começaram a se questionar sobre a validade de uma religião que, dizendo baseada em Cristo e no amor, pudesse fazer tais coisas desumanas. E muitos, antes católicos convictos, passaram a ser anglicanos.
Os Anglicanos eram vítimas? Não. Uma vez no poder, também perseguiam católicos. A perseguição religiosa era para todos independente da orientação religiosa. Ia depender da religião do rei (ou rainha). Por exemplo, Elizabeth 1ª (1533 - 1603), que era anglicana, decretou que "praticar o catolicismo era traição". Isso ocasionou a morte de 180 católicos.
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- Maria 1ª Nos Dias Atuais -
Pensa que a Igreja Católica se arrepende de ter abençoado o massacre de inocentes ingleses? Não. "Historiadores" católicos atribuem a falha de tornar a Inglaterra uma nação católica ao "curto tempo de seu reinado" e não aos seus métodos na Inquisição, que insistem em chamar de "santa". Também procuram justificar o injustificável. 
Esses "historiadores" questionam enciclopédias, documentos históricos e qualquer coisa que vá contra o que querem crer, mesmo os documentos da própria Inquisição. Procuram até mesmo distorcer as palavras do Papa João Paulo 2º, que considerou a Inquisição como "crime" e pediu perdão por ele em 2004. Acha isso honesto para um historiador?
Aqui vamos iniciar, como fizemos na matéria "Igreja Católica - Como Se formou?", a História da Inquisição, baseada nos seus próprios documentos, desde seus primórdios (antecedentes), desenvolvimento e final. Esse período horroroso da humanidade, que durou uns seis séculos e ceifou a vida de milhões de pessoas inocentes, está documentado. E aqui vamos colocar um resumo deles.
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Não há nada cuidadosamente oculto que não venha a ser revelado, e não há nada secreto que não se torne conhecido.” — Lucas 12:2.
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Continua
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Imagem: Uma representação de Maria 1ª, a "Sangrenta" da Inglaterra.

 

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