sábado, 18 de maio de 2024

As Dez Pragas do Egito

 As Dez Pragas do Egito

O Egito foi quase que literalmente destruído pelas dez pragas. Mas o que elas 
realmente representaram?
 


Prólogo
Todo mundo já ouviu falar nas "dez pragas" que Deus lançou sobre o Egito, nos tempo bíblicos de Moisés. Porém a grande maioria não sabe dizer qual a ordem em que foram lançadas. Alguns não sabem dizer o nome de três das dez pragas. Até mesmo líderes religiosos, tanto católicos como "evangélicos", muitas vezes se envergonham de não saberem responder satisfatoriamente sobre esse assunto, quando são perguntados. Eles, para escaparem da questão, costumam dizer que os pormenores do passado não são mais importantes. 
Contudo, para os cristãos verdadeiros, a Bíblia toda é importante, desde o início até o fim, porque são palavras do próprio Deus narrando a nossa história. Assim, os pormenores da nossa história narrados na Bíblia não devem ser esquecidos ou relativizados. Se estão mencionados na Bíblia são importantes para nós.
Mas quais foram as dez pragas? Qual a ordem em que foram lançadas? Porque foram lançadas e o que elas nos dizem hoje em dia? Enfim, qual é a mensagem que ela nos passa para os dias de hoje?
Essa matéria vai responder e detalhar, pormenorizadamente, essas e outras questões a respeito.


Antecedentes
A quase 4.000 anos atrás, o Egito era a maior potência mundial. Era também uma nação politeísta, e seu povo adorava inúmeros deuses, representados por estátuas.
Foi naquela época e naquelas condições que os descendentes dos doze filhos de Jacó (Judá, Rubem, Gade, Aser,  Naftali, Manassés, Simeão, Levi, Issacar, Zebulão, José e Benjamim), conhecidos como hebreus, junto com o pai, foram morar na terra do Egito, numa parte dela chamada Gósen.
Gósen foi cedida pelo Faraó aos hebreus por causa dos bons serviços que José (também filho de
Jacó, que havia sido, anos antes, vendido como escravo pelos seus irmãos aos egípcios, mas que por causa de seu dom (divino) de interpretar sonhos e de sua integridade, foi colocado como o segundo homem mais importante do Egito, abaixo apenas do Faraó.
 
Em Gósen os hebreus residiram por 215 anos (de 1728 a 1513 AEC). A princípio não eram escravos. Mas com o tempo, depois que José e todos os da sua geração estavam mortos, subiu um Faraó no trono
do Egito que não conhecia José e, vendo que esses se multiplicavam muito, tratou de colocá-los sobre dura escravidão. 
Um dos seus decretos daquele faraó para lidar com os hebreus era o da morte dos primogênitos hebreus. O Faraó pretendia assim controlar o número dos escravos para não ser sobrepujado.
A esse decreto, sobreviveu um menino, nomeado Moisés (que significa Salvo da Água) e adotado pela filha do Faraó. Moisés fez parte da casa real do Egito, onde se instruiu até ficar adulto. 
Moisés, porém, amava o povo escravizado e queria libertá-lo. Matou um egípcio que estava golpeando um hebreu e por isso fugiu do Egito, indo parar na terra de Midiã. Ficou lá morando com Jetro,
pai de sete filhas, uma das quais, Zípora se tornou sua esposa lhe dando dois filhos:Gersom e Eliézer.
 
Depois de passar 40 anos em Midiã, Moisés entrou em contato com Deus, perto do monte Horebe, que lhe designou como seu mensageiro para que voltasse ao Egito a fim de libertar seu povo. Moisés voltou assim ao Egito para entrar em contato com o Faraó e lhe pedir a libertação. Foi nesse ponto da história que aconteceram as dez pragas.


O Fim dos Deuses Egípcios
Os milagres de Deus começaram quando Faraó se recusou a libertar o povo hebreu.  Deus, na ocasião da primeira recusa do Faraó, transformou o bastão de Moisés em uma serpente. Mas os feiticeiros egípcios também fizeram serpentes com suas mágicas, de modo que o Faraó não ouviu o pedido de Moisés pela libertação. 
O fato dos feiticeiros egípcios também terem feito  serpentes, mostra que eles tinham ao seu lado o poder das forças malignas, já que não havia sido por Deus que haviam conseguido.
Por isso, Faraó não considerou o Deus de Moisés como mais poderoso que os deuses de seus feiticeiros, e endureceu ainda mais a escravidão dos hebreus, exigindo mais trabalho deles. O povo hebreu, por sua vez colocou a culpa em Moisés pela situação.
Foi depois da transformação dos bastões em serpentes que vieram as pragas. pois estava na hora do Deus verdadeiro mostrar quem era mais poderoso: Ele ou os deuses do Egito.
O objetivo final das pragas era, depois de destruir a adoração dos deuses egípcios, fazer o povo hebreu sair do Egito para ir adorar seu Deus, Jeová, no deserto, e de lá rumarem para a terra prometida.
Assim, as dez pragas lançadas sobre o Egito acabaram sendo golpes nos deuses do Egito.


1 - Transformação da Água em Sangue:
Ao ferir as águas do Egito (inclusive as dos vasos), Deus destruiu o deus-Nilo Hapi. Os egípcios acreditavam que o rio Nilo era um Deus e com essa praga foi decretado o seu fim. Na mesma praga houve a morte dos peixes do Nilo. No Egito antigo, certas espécies de peixes eram adorados como deuses. Seus adoradores os retiravam do rio e os mumificavam. O "deus-Nilo" bem como aqueles "deuses-peixes" foram destruídos naquele dia. Não havia mais razão para os egípcios os cultuassem.
Além disso, houve uma grande sede entre os egípcios e eles tiveram que ir cavar poços para poderem beber. 
Porém, como os feiticeiros egípcios conseguiram fazer a mesma coisa com suas artes ocultas (transformar água em sangue), embora em menor quantidade, Faraó não se sensibilizou com a destruição daqueles deuses e não libertou o povo hebreu.

2 - Rãs:
Daí Deus fez subir rãs do Nilo em uma tal quantidade, nunca vista antes, que elas estavam em todos os lugares imagináveis, inclusive nos fornos que faziam pão para os egípcios.
Isso foi um golpe no "deus-rã" Heqt. Os egípcios acreditavam que haviam "deuses-rãs" que teriam participado da criação do mundo e que agora eram os representantes da fertilidade. Isso acabou naquela praga.
A praga das rãs destronou ainda outros deuses egípcios "da fertilidade", ligados as deusas-rãs: Osíris, Ptah, e Sebek.
Mas os feiticeiros egípcios fizeram a mesma coisa, não para resolver o problema, mas para fazer subir ainda mais rãs do Nilo aumentando ainda mais a praga. O Faraó pediu para que Moisés retirasse aquela praga, sob a promessa de libertar o povo escravo, já que os feiticeiros não conseguiram.
Moisés orou a Deus pelo fim da praga, mas o Faraó não cumpriu o que prometeu, quando a praga acabou.


3 - Borrachudos:

A terceira praga foi o aparecimento, a partir do pó, de borrachudos que atingiram tanto as pessoas como os animais do Egito. Dessa vez, a partir dessa praga, os feiticeiros egípcios não conseguiram fazer igual e admitiram que aquilo era o "dedo de Deus" para o Faraó. Mas nem assim, nem mesmo sendo um golpe mortal no "deus da terra" Geb, que controlava os insetos, o Faraó se convenceu e não libertou os hebreus.
Talvez Faraó considerasse aquela praga como "natural", ou mesmo. Seja como for, a adoração no "deus" Geb acabou por "ele" não conseguir o fim da praga.


4 - Moscões:
Não havia acabado a praga dos borrachudos quando apareceram os moscões em enormes enxames.
A partir dessa praga, o povo hebreu foi separado do povo egípcio e não sofreu qualquer revés. Os moscões invadiram apenas as casas dos egípcios, mas nem chegavam perto das casas dos hebreus.
O Egito ficou literalmente arruinado por causa dessa praga e o Faraó disse que mandaria o povo hebreu embora caso essa praga fosse retirada. 
Moisés, então, pediu pelo fim da praga. Os moscões sumiram tão rápido como quando apareceram, mas o Faraó, novamente não cumpriu o que prometeu. 
Com a praga dos moscões, três "deuses" egípcios, entre outros menores, foram descartados como indignos de serem venerados: A deusa Buto, padroeira do Egito, o deus Hórus, protetor do Egito e a deusa-Céu Nut. Eles não conseguiram proteger o Egito do Deus de Moisés.
 

5 - Peste no Gado:
As pragas, desde a das rãs até esta, foram anunciadas ao Faraó, com um dia de antecedência, quando Moisés e Arão, seu irmão, iam até ele solicitar-lhe que libertasse o povo. Faraó então tinha um dia para pensar: Libertar ou não o povo hebreu. 
Desta vez, houve uma peste no inteiro gado egípcio, que morreu. Mas nem uma única cabeça do gado
hebreu foi atingida. De nada adiantou as preces dos egípcios à "deusa" Nut, uma mulher com cabeça de vaca, que acreditavam ser a protetora do gado egípcio. O Egito quase não possuía mais gado, mas nem assim o Faraó recuou. Endureceu seu coração e não dispensou o povo hebreu.


6 - Furúnculos:
Esta praga, ao contrário das outras, porém, não foi anunciada ao Faraó com antecedência, mas aconteceu no mesmo instante em que estavam em reunião. Moisés e Arão jogaram cinzas de um forno de calcinação para o ar e este se transformou em furúnculos, a partir daquele local para toda a terra do Egito, menos para a terra de Gósen, onde ficava o povo hebreu. 
Os furúnculos atingiram todos os egípcios, começando pelo Faraó e sua corte real até o seu servo mais baixo, em toda a terra do Egito e não só isso. Também atingiram o que havia sobrado do gado, deixando-os com terríveis e ardentes bolhas pelo corpo. 
Os feiticeiros  egípcios foram atingidos de tal forma que não puderam ficar de pé diante de Moisés. O deus Tot, "da medicina", que acreditavam conhecer todas as fórmulas para curar doenças, nada pode fazer. E o deus Amon-Rá, que acreditavam ser um "médico que acabava com todos os males dos egípcios" também desapareceu durante essa praga. 
Mas, nem mesmo diante disso, o Faraó permitiu a saída do povo hebreu.


7 - Saraiva:
Moisés foi então ter com Faraó para dizer-lhe exatamente o que Deus lhe mandou: Que Ele "já poderia ter golpeado Faraó de morte devido a sua obstinação". E se ele, Faraó, não dispensasse o povo hebreu, no dia  seguinte haveria uma saraiva tão forte sobre o Egito, como nunca houve antes. Foi dado até um aviso para que as pessoas e animais fossem recolhidos, pois se ficassem para fora dos abrigos seriam mortos. Muitos do povo egípcio, inclusive da corte do Faraó, já temia o Deus dos hebreus (o Deus verdadeiro) e deram consideração a essas palavras.
Mas aqueles que não ouviram, viram cair sobre si uma saraiva tão forte, acompanhada de trovões e fogo, que destruiu tudo o que estava no campo, inclusive quase toda a vegetação. 
Os deuses Xu, Reshpu e Tefnut, que formava a "trindade responsável pelo tempo no Egito" não
puderam impedir essa catástrofe, não importando o quanto tivessem sido venerados.
Diante disso, da morte de tantos "deuses egípcios", o Faraó chamou Moisés e suplicou-lhe que mandasse parar os trovões, sob promessa de liberar o povo hebreu. 
Moisés disse que faria parar a saraiva, mas que já sabia que o Faraó e os seus servos mais leiais não mostrariam temor ao verdadeiro Deus por causa disso. 
E assim aconteceu. O Faraó, assim que viu que as chuvas tinham passado, endureceu seu coração e não permitiu a saída do povo hebreu.


8 - Gafanhotos:
Foi depois da praga da saraiva que Deus disse a Moisés que deixou o coração do Faraó ficar endurecido, para que Ele colocasse esses sinais no Egito, a fim de que todos saibam que Ele é o único Deus verdadeiro.
Quando Moisés foi de novo a Faraó dizer-lhe para soltar seu povo, acrescentou uma pergunta, vinda da parte de Deus: "Até quando se negará a se submeter-se a mim?" Disse-lhe Moisés também que no dia seguinte o Egito sofreria uma invasão de gafanhotos como nunca se havia visto antes.
Desta vez, até os servos mais do Faraó ficaram temerosos e lhe perguntaram por que ainda não libertou o povo daquele Deus, acrescentando: "Por acaso não sabe ainda que o Egito já pereceu?".
Diante dessa situação desesperadora, Faraó mandou chamar Moisés e Arão de volta e perguntou-lhe especificamente quem é que ia para o deserto. Moisés lhe respondeu que iriam todos eles, junto com tudo o que possuíam. 
O Faraó então disse a Mosés que estava agindo com más intenções. Na verdade Faraó não queria deixar que os pequeninos saíssem (queria manter para si uma reserva de escravos). Com essa resposta ele expulsou Moisés de sua presença. 
Então veio os gafanhotos, em incontáveis milhões, e eles foram muito nocivos, comendo tudo o que a saraiva não destruiu. Não sobrou nada verde no Egito. Toda a terra egípcia ficou escura por causa do tapete de gafanhotos que se formou. E não havia como impedir ou se livrar daquilo. De nada adiantou a invocação que fizeram ao "deus" Min, retratado segurando raios nas mãos para proteger a colheita do Egito. Com esta praga morreu este, outrora considerado, "poderoso deus egípcio".
Faraó, por fim, chamou Moisés lhe prometendo mandar embora o seu povo, caso este o livrasse daquela terrível praga. Deus então fez o que, para o homem era impossível: limpou rapidamente o Egito, lançando todos os gafanhotos no mar Vermelho.
Todavia o Faraó, mesmo vendo isso acontecer, endureceu seu coração e não deixou o povo partir.


9 - Escuridão:
Em vista da nova obstinação do Faraó, por três dias houve escuridão no Egito. O egípcio não ousou
sequer se levantar do lugar onde estava, porque não enxergava absolutamente nada a frente. O Egito parou, como se estivesse morto. Mas para o povo hebreu em Gósen havia luz. 
Depois disso Faraó chamou Moisés e tentou negociar com ele. Disse que poderiam ir até os pequeninos, mas que o gado hebreu ficaria detido. Moisés disse que levaria também o gado, pois seria dele que se tomaria alguns para sacrifícios a Deus e que nenhum único casco do gado seria deixado no Egito.
O Faraó, que não estava acostumado a ouvir dissidências, se obstinou e além de não deixar partir ninguém ainda disse a Moisés que se ele visse novamente a sua face, morreria.
A praga da escuridão simplesmente apagou as "luzes de ", o deus-sol. Também a deusa Sequet, "fornecedora de luz" não pode fazer nada por seus adoradores. Tot, que já foi mencionado como o deus da medicina, era também o "deus-lua". Ele também não conseguiu vencer a escuridão imposta pelo Deus dos hebreus.
Mais três deuses egípcios, em forma de trindades, foram vencidos pelo único Deus verdadeiro.


10 - Morte dos Primogênitos Egípcios:

Não aconteceu como Faraó havia dito (que Moisés iria morrer se o visse mais uma vez). Este esteve uma vez mais diante dele para solicitar-lhe saída dizendo que, caso contrário, morreria todo primogênito egípcio, desde o filho do próprio Faraó e de seus servos até o primogênito dos animais que haviam sobrado das pragas anteriores. 
Ao saber disso, o povo do Egito, que já estava mortificado de terror por causa do Deus dos hebreus, ficou ainda mais desesperado.
Mas o Faraó, que havia prometido deixar partir o povo hebreu, não acreditou que aquilo, que era terrível demais, fosse acontecer. Ele então recuou da promessa e não deixou o povo partir.
A meia noite, conforme havia dito Moisés, todos os primogênitos egípcios, desde o filho do Faraó até o cabritinho das manadas remanescentes estavam mortos. 
Houve um grande clamor no Egito, porque não havia lar sem que houvesse uma pessoa morta. 
Desta vez a trindade de "deuses" do Egito que foi destruída incluia o próprio Faraó. O "deus" Bes, "protetor da casa real", a deusa Buto, "defensora do Faraó" (que incluía também o seu filho e sucessor) e o próprio Faraó, que era considerado um Deus, descendente de o "deus sol" nada puderam fazer para salvar a vida daquele que também era considerado um "deus", o filho do Faraó. A morte do filho do Faraó equivalia a morte de um deus.
Somente diante disso, Faraó, que estava literalmente acabado libertou que o povo hebreu e ainda pediu a bênção de Moisés. 
Na saída do povo hebreu do Egito, o povo egípcio, por medo, apressou a saída dos hebreus lhe dando despojos.
A guerra religiosa, travada entre o Deus verdadeiro e todos os deuses egípcios (muitos dos quais "trindades") havia acabado. Mas havia ainda um último ato, um último golpe na adoração egípcia.

Com a abertura do Mar Vermelho, morre, literalmente, o último "deus" egípcio: o próprio Faraó. O Egito não tinha mais "deuses", e demoraria ainda muito tempo para que se recuperasse como nação, não obtendo, contudo, a glória que havia possuído antes.
 
 
Curiosidade:
Hoje, muitos historiadores dizem que o Faraó golpeado pelas pragas se chamava Ramsés II, embora a Bíblia não mencione o nome do Faraó. Porém, devido a História escrita pelos antigos egípcios, seu nome provavelmente era Ni-maat-Re. Antigas escrituras egípcias dizem que ele e todo o seu Exército foram destruídos na água, embora não digam em qual situação.
A história egípcia  ainda acrescenta um pormenor a respeito de Ni-maat-Re, que é uma ironia do destino. Esse Faraó, caso tenha sido ele mesmo o das dez pragas, se orgulhava de viver segundo um antigo poema que costumava recitar:
"“Lute a favor do seu nome (do dele mesmo)... Não existe túmulo  para o rebelde contra a majestade dele, e seu cadáver é lançado na água.”
 
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Imagem que ilustra esta matéria: 
A Quinta Praga do Egito - Joseph Mallord  William Turner (1775 - 1851)





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