segunda-feira, 29 de julho de 2024

Igreja Católica - Como Se Formou? - Parte 11

 Igreja Católica - Como Se Formou? - Parte 11

Um quadro de Gustave Doré (1832 - 1883), ilustrador francês, que se destacou por ilustrar a obra A Divina Comédia, de Dante Alighieri (1265 - 1321), escritor e poeta italiano. As duas criações, tanto o livro de Dante quanto os quadros de Doré, atiçaram a imaginação das pessoas quanto "a forma" do inferno, da crença católica. Nelas as pessoas imaginam toda sorte de sofrimento, horrível e eterno, algo totalmente incompatível com a Bíblia e com os propósitos de Deus para com os seres humanos. Com isso ficam cativas, pelo medo, da igreja.
A parte da A Divina Comédia que fala do alegórico "inferno", de Dante, pode ser baixada aqui, em PDF, neste link:

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- O Objetivo da Religião -
Alguns linguistas traduzem "religião" por "religar" e outros por "Ler de novo". Seja como for, religião é, em síntese, o ato da procura de Deus pelo homem, a fim de se salvar. Se salvar do quê?
O homem tem consciência de que vai morrer e esta ideia o apavora, afinal esta foi a sentença que Deus deu a Adão, quando este pecou no Jardim (Gênesis 2:17). Assim, o homem, que tem a fé num ser superior entre os seus sentidos, o procura para obter o perdão e a salvação. Essa procura é feita através de seu modo de vida, em escolhas que envolve a consciência , que pode ser intenso ou não.
E o homem tem tentado, à sua maneira, agradar o ser superior, invisível, ao qual venera.
Seriam estas tentativas válidas? Pelo histórico da História do homem na Terra, tudo indica que não. A "procura", quase sempre acaba em decepção e incertezas. Por que isso acontece? Porque o homem procura agradar ao "ser superior" fazendo o que acha que vai agradá-lo. Assim, ao que tudo indica, para se agradar a Deus, é preciso fazer as coisas do modo como Ele quer e não do modo como nós queremos.
E desde o princípio, o verdadeiro Deus, aquele que verdadeiramente mora em nossas consciências, nos forneceu os meios para voltar a ter o Seu Favor e voltar viver eternamente de novo. Isso incluiu o sacrifício de seu próprio filho como regaste do pecado. Ele restaurará a Terra e ela voltará a ser do modo como Ele pretendeu desde o início. E esse meio de salvação Ele deixou registrado em Seu Livro, a Bíblia. Além disso, proveu também um canal de comunicação entre Ele e nós, através dos profetas.
Assim, pelo exame do que Ele nos diz em sua palavra, qual a esperança para o homem que está "religado" com Deus, da maneira correta? É a de viver para sempre na Terra (Isaías 57:13; Ezequiel 47:13,14; Mateus 5:5).
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- A Ressurreição -
Mas surge a pergunta: "E aqueles que já morreram"? Para esses, desde o princípio do mundo, começando com o justo Abel (filho de Adão e morto injustamente por seu irmão Caim) até os inocentes mortos nos dias atuais, a Bíblia fornece a esperança da ressurreição. De fato, a própria palavra 'ressurreição', aparece nas Escrituras Gregas Cristãs (o "Novo Testamento") 42 vezes. Por exemplo, Jesus a ensinava em sua pregação a respeito do reino de Deus restabelecido na Terra (Mateus 22:31; Marcos 12:26,27; Lucas 14:14; João 5:29 e 11:23-25).
É óbvio que precisamos conhecer a Bíblia como sendo Palavra de Deus, pois é lá que Ele nos diz o que quer que façamos. É pela palavra Dele que sabemos sobre o Seu Reino restabelecido e sobre o que podemos fazer para estar nele. De fato, Jesus em sua pregação ensinava sobre este reino (Mateus 6:10). As palavras "reino de Deus", desta forma, aparecem nos ensinamentos de Jesus 53 vezes, embora ele tenha dito muito mais devido a Atos 1:3. Na forma "o reino", que é o mesmo ensinamento, estão registradas 54 vezes em seus ensinamentos. Assim, o "reino de Deus", restabelecido na Terra, foi registrado 107 vezes nas palavras de Jesus. E os apóstolos continuaram a usar esses termos em suas pregações.
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- O Objetivo do Catolicismo -
Pelo visto acima, qualquer um que frequente os cultos católicos (e também os cultos "evangélicos") não recebem estes ensinamentos. Assim, como podemos estar com o favor de Deus, através de uma religião que não ensina sobre o bíblico reino de Deus restabelecido na Terra e sobre a bíblica esperança de ressurreição dos mortos para aqui viverem neste reino? E se a Igreja Católica não oferece o Reino de Deus, ensinado por Jesus e os apóstolos, o que ela oferece?
Já vimos que os "pais da Igreja" são filósofos. Assim, os seus ensinamentos não poderiam ser os mesmos da Bíblia. Teriam que ter o viés filosófico. E, pelo viés filosófico, é quase que obrigatório se crer em uma "alma imortal", que sobrevive à morte física.
O filósofo grego Platão (428 - 347 AC), que desenvolveu, em termos filosóficos, a ideia da alma imortal, influenciou os antigos pais da Igreja. E influencia até hoje. A Filosofia e suas modernas ramificações, continua sendo matéria de ponta nos cursos de teologia (para a formação de "padres"), ao passo que a Bíblia não.
É interessante que a literatura oficial da Igreja, em geral, reconhece que a ideia de uma alma imortal vivendo em corpos carnais é "um dogma filosófico pagão". Miguel de Unamuno (1864 - 1936), filósofo espanhol, publicou em sua obra La Agonia Del Cristianismo que esse "dogma filosófico pagão" acabou, por fim, se infiltrando nos ensinamentos daqueles antigos filósofos e pais da igreja. tudo o que aqueles pais da igreja fizeram foi modelar o ensinamento platônico de "uma substância" humana que sobrevive à morte física para se adequar a nova religião.
Assim, para o catolicismo, quando uma pessoa morre, não tem a esperança de uma ressurreição. Ela "vai" para um "lugar espiritual" determinado, quer seja para um "paraíso" ou para num "inferno", para "viver" ali eternamente.
Em outras palavras, para o catolicismo não existe a morte. Isso é exatamente o que as antigas religiões do paganismo celta ensinavam. Nesse sentido, o escritor alemão Gerhard Herm (1931 - 2014), em sua obra 'Celtas - O Povo que Saiu da Obscuridade', destacou que a crença numa alma imortal vivendo num "lugar espiritual", quer para sofrimento quer para prazeres, pertencia originalmente ao "paganismo dos bárbaros"
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- O Que É Alma? -
Nas Escrituras Hebraicas (o "Velho Testamento"), a palavra portuguesa “alma” traduz a palavra hebraica né·fesh, que ocorre nelas mais de 750 vezes. Seu equivalente nas Escrituras Gregas (o "Novo Testamento") é psy·khé, nas quais ocorre mais de 100 vezes.
A Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas (das Testemunhas de Jeová) traduz essas palavras uniformemente por “alma”. Outras Bíblias usam uma variedade de palavras para traduzir o mesmo termo. Algumas das maneiras de a Versão Rei Jaime (em inglês) traduzir né·fesh são: alma, apetite, coisa, coração, corpo, (corpo) morto, criatura, desejo, fera, fôlego, homem, mente, pessoa, si mesmo, vida. E traduz psy·khé por: alma, coração, mente, vida. Mas, em nenhuma destas versões da Bíblia, mesmo nas católicas, "alma" possui sentido de alguma "substância espiritual" dentro de corpos físicos.
O ensino numa alma imortal e lugares espirituais de destino para elas demanda em anular a promessa bíblica de ressurreição. Por isso tais ensinos são anti-bíblicos. Mas, mesmo sendo ensinamento antibíblico e reconhecido como pagão, a Igreja Católica o endossou como um de seus "pilares de fé". A Nova Enciclopédia Católica diz que a "doutrina da alma imortal é um dos fundamentos" das religiões da cristandade" porque "Deus criou a alma e a implantou no corpo por ocasião da concepção". Uma vez que Deus "criou" a alma para aquele corpo, ela jamais morre.
Isso significa que Deus continua, até hoje, criando bilhões de almas até hoje, colocando-as aqui na Terra para sofrerem, numa espécie de infindável "disputa com o mau", e depois, no caso da grande maioria, continuar sofrendo muito mais, eternamente, num "lugar" muito pior.
Isso lhe parece lógico? Será que a Bíblia ensina essas coisas? Obviamente que não. Isso seria incompatível com um Deus de "amor" (1ª João 4:8).
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- Vida Eterna Aqui na Terra -
Entre outras coisas, o ensino numa alma imortal, vivendo num inferno ou num paraíso espiritual anula a promessa de Deus de que o homem justo viverá na Terra "para sempre" (Salmo 37:29). Se ele, conforme diz a Igreja Católica "tivesse" uma alma, não haveria a vida eterna aqui na Terra (Salmo 37:29)
Quando Deus criou o homem, este tinha, caso obedecesse as ordens de Deus, a perspectiva de viver eternamente aqui na Terra. É por isso que lhe foi feito o aviso de que se ele desobedecesse, "certamente morreria" (Gênesis 2:17). Não lhe foi dito que "passaria" para outra dimensão, mas simplesmente que deixaria de existir. De fato, Adão foi formado do pó e "ao pó" voltou (Gênesis 3:19).
Não há na Bíblia inteira nenhuma referência que diga que há algo depois da morte para o homem. Ao contrário disso, a Bíblia nos ensina que nós "somos" almas, não que a temos (Gênesis 2:7; 1ª Corintios 15:45). Os animais também são chamados de "almas" (Gênesis 1:24). Além disso, a Bíblia diz que a morte existe e é nossa "inimiga", e não uma mera "passagem" (1ª Coríntios 15:26).
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- Na Próxima Parte -
Assim, visto que a crença antibíblica numa alma imortal demanda a crença em "lugares espirituais" de prazer ou sofrimento. Como, exatamente, se desenvolveu tal crença? E como ela se infiltrou na religião do império romano, a ponto de permanecer até hoje?
Por incrível que pareça, tal crença não foi implantada mediante interpretações de textos bíblicos, e também demorou séculos até se tornar o que é hoje. E isso é o que veremos na próxima parte.


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