segunda-feira, 29 de julho de 2024

Igreja Católica - Como Se Formou? - Parte 13

 Igreja Católica - Como Se Formou? - Parte 13

Um busto de Alexandre o Grande, um rei grego. O que tem a ver a crença dos católicos numa alma imortal com ele? Foi pela "conquista amistosa" dos judeus pelos gregos, que se possibilitou a helenização do judaísmo que, por fim, pavimentou também a helenização dos "cristãos" do segundo Século.
Se desejar, pode ler ou baixar, neste link (Books Google), o livro Heaven, A History, o livro que relata a helenização do povo judeu, em pormenores:
bit.ly/3WaXZ63
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- O Helenismo Invade o Judaísmo -
Exatamente quando e como o conceito de uma alma imortal, que já vimos ser antibíblico, se infiltrou na religião que se diz baseada na Bíblia? Para respondermos a isso, é preciso levar em conta alguns fatores.
Primeiro o conceito se infiltrou no judaísmo. E foi do judaísmo que surgiu o cristianismo, visto ser Cristo o objetivo das profecias do antigo judaísmo.
As raízes do judaísmo remontam a uns 4 mil anos, ao tempo de Abraão. Os escritos sagrados hebraicos tiveram início no século 16 AEC e estavam completos na época em que Sócrates (470 - 399 AC) e Platão (428 - 347 AC), filósofos gregos, deram forma à teoria da imortalidade da alma.
Mas, na época em que as Escrituras Hebraicas, que terminam em Malaquias, estavam sendo escritas, o conceito da alma imortal não existia para os judeus. A Enciclopédia Judaica responde: “Somente no período pós-bíblico é que a crença firme e clara na imortalidade da alma se estabeleceu . . . e se tornou um dos fundamentos das crenças judaica.” Ela declara também: “No período bíblico, a pessoa era considerada como um todo. De modo que a alma não era nitidamente diferenciada do corpo.” Os judeus primitivos criam na ressurreição dos mortos, e isto “deve ser distinguido da crença [na] imortalidade da alma”.
Mas como, um povo, escolhido pelo próprio Deus, que havia visto seus milagres, pode se afastar Dele e rumar em direção ao que sabia ser falso?
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- O Papel de Alexandre o Grande -
A História fornece a resposta. Em 332 AC, Alexandre, o Grande (356 - 323 AC), rei da Grécia, conquistou grande parte do Oriente Médio numa vitória rápida. Quando ele chegou a Jerusalém, os judeus o acolheram de braços abertos.
Segundo o historiador judeu Flávio Josefo (37 - 100), do primeiro século, eles até lhe mostraram a profecia do livro de Daniel, escrita mais de 200 anos antes, que descreve claramente as conquistas de Alexandre no papel de “o rei da Grécia” (Daniel 8:5-8, 21). Depois disso, de certa forma, os judeus passaram a ser um povo em um território grego. Alexandre não conquistou e escravizou os judeus. Ao invés disso ele os acolheu como seus súditos, e os judeus gostaram disso
Os sucessores de Alexandre levaram avante seu plano de helenização dos povos conquistados, permeando todas as partes do império com a língua, a cultura e a filosofia gregas. A amizade entre gregos e judeus, o respeito mútuo e a aceitação de argumentos em "conversas respeitosas", foi determinante. A fusão das duas culturas — a grega e a judaica — foi inevitável.
Assim, no começo do terceiro século AC, quando foi iniciada a primeira tradução das Escrituras Hebraicas para o grego, chamada de Septuaginta, muitos gentios (gregos) passaram a respeitar a religião judaica e a familiarizar-se com ela, alguns até mesmo se convertendo. E os judeus, por outro lado, tornaram-se entendidos no pensamento grego, e alguns se tornaram filósofos, algo inteiramente novo para eles. Por exemplo, Filo de Alexandria (15 AC - 50 DC), foi um filósofo judeu.
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- O Papel de Filo de Alexandria -
Alguns judeus, seduzidos pela "modernidade da Grécia", queriam participar desse "desenvolvimento", e ingressaram na sociedade e escolas gregas de filosofia.
Filo, apesar de judeu de formação, se tornou filósofo grego, da esfera platônica. Ele reverenciava Platão e tentou explicar o judaísmo em termos da filosofia grega.
Por criar uma síntese ímpar de filosofia platônica e tradição bíblica”, diz o livro Heaven—A History (Céu — Uma História), “Filo preparou o caminho para posteriores pensadores cristãos [bem como judeus]”.
E qual era a crença de Filo a respeito da alma? O livro prossegue: “Para ele, a morte restabelece a alma no seu estado pré-natal, original. Visto que a alma pertence ao mundo espiritual, a vida no corpo torna-se nada mais do que um episódio breve, muitas vezes desafortunado.” Sem dúvida, ele estava, não só influenciado pela filosofia platônica, mas também a ensinava a outros.
Os pensamentos de Filo influenciaram outros pensadores judeus, durante muito tempo. Eles também criam na imortalidade da alma. Isaac Israeli (832 - 932), bem conhecido médico judeu, e Moisés Mendelssohn (1729 - 1786), filósofo judeu-alemão estavam entre esses.
Assim, não é de se estranhar que os judeus, principalmente da liderança religiosa, desde antes de Cristo, não conseguiam entender as profecias a respeito da vinda de Cristo e nem aceitavam o cristianismo como previsto pela Lei Mosaica que eles próprios respeitavam. Os conceitos pagãos dos gregos estavam infiltrados em suas mentalidades, cegando-os.
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- O Papel do Talmude e da Cabala -
Após a influência dos gregos pagãos na sociedade judaica e também dos filósofos judeus, apareceu um livro que influenciou - e continua influenciado - profundamente as ideias e a vida dos judeus. É o Talmude. O que é o Talmude?
É, em suma, a consequência da mistura entre filosofia grega com tradições judaicas. Por isso é um resumo escrito, com posteriores comentários e explicações, da chamada "lei oral", compilado por rabinos a partir do segundo século EC até a Idade Média. “Os rabinos do Talmude”, diz a Enciclopédia Judaica, “criam na existência continuada da alma após a morte”.
No que diz respeito a crença na imortalidade da alma, o Talmude, mesmo dizendo ser a "explicação da Bíblia", a contradiz e vai além dos conceitos gregos. Nele se fala, pela influência e "desenvolvimento da alma" do platonismo e de "mortos contatarem vivos", algo expressamente proibido na Bíblia (Levítico 19:31; 20:6; 20:27; Deuteronômio 18:9-12). Diz a Encyclopædia of Religion and Ethics (Enciclopédia de Religião e Ética) sobre isso: “[os rabinos] criam na preexistência das almas”.
Apareceu também outra literatura judaica, tão mística quanto o Talmude: a Cabala. Este livro não só mistura interpretações da Bíblia através do helenismo mas também "à luz" de crenças tribais mais antigas. Na Cabala, por exemplo, se ensina a reencarnação.
Sobre esta crença na reencarnação, diz The New Standard Jewish Encyclopedia (Nova Enciclopédia Judaica Padrão): “A ideia parece ter-se originado na Índia. . . . Na Cabala ela se apresenta pela primeira vez no livro Bahir, e depois, de Zohar em diante, foi comumente aceita por místicos, desempenhando um papel importante na crença e na literatura do hassidismo.”
É por isso que no Israel atual, a reencarnação é amplamente aceita como ensino judaico.
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Assim, visto que o povo do antigo pacto, o judeu, estava bem helenizado, não é difícil, para as pessoas de hoje em dia, quer sejam católicas quer "evangélicas", acreditarem em alma imortal. Imaginam que se o antigo povo judeu acreditava nisso, eles também devem acreditar. Na verdade não era o povo judeu que acreditava nessas coisas, mas apenas alguns judeus seduzidos por outras culturas.
Então, quando, entre os judeus, apareceu o cristianismo na Terra, a ideia de uma alma imortal já estava bem enraizada. Conforme vimos, no primeiro século, quando os apóstolos estavam vivos, essas ideias foram abolidas daqueles que se convertiam ao cristianismo e a verdade da antiga Lei foi novamente compreendida como prevendo o cristianismo, livre do paganismo do resto do mundo.

Mas quando os apóstolos morreram, esse conceito retornou, com força. E é isso o que veremos na próxima parte.


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