sábado, 27 de julho de 2024

Igreja Católica - Como Se Formou? - Parte 7

 Igreja Católica - Como Se Formou? - Parte 7

A representação do que era uma reunião dos apóstolos e anciãos em Jerusalém. Não havia um "chefe". A Bíblia sempre coloca os apóstolos e os anciãos em pé de igualdade e não cita nenhuma decisão pessoal de qualquer um deles. Todas as decisões eram feitas "de comum acordo" (Atos 1:13,14; 15:25)
Também não havia um templo ou "lugar especial" para essas reuniões. Elas podiam acontecer em qualquer lugar de Jerusalém, pois o importante era a reunião em si, e não o lugar.


Para podermos comparar a organização da Igreja Católica com a congregação cristã do primeiro século, a fim de vermos se uma é a continuação da outra, conforme dizem os católicos, temos antes que ver como elas funcionam. Primeiro vamos ver como funcionava a organização dos cristãos sob os apóstolos:
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- Os Primeiros Cristãos -
Conforme já vimos, os apóstolos constituíram um grupo único, de "testemunhas oculares" de Cristo. Por isso não seriam substituídos ou continuados. E enquanto estavam vivos formavam o "corpo governante" dos cristãos, decidindo as questões que surgiam. 
Vimos também que, depois da morte deles, iniciou-se uma "grande apostasia", conforme previsto pelos antigos profetas e por Paulo. Assim, qualquer organização religiosa que se diz "continuação  dos apóstolos" ou da "igreja primitiva", dá testemunho contra ela mesma.
O cristianismo do primeiro século, iniciado por Cristo na região da Galileia, se estabeleceu em Jerusalém, e, seguindo a ordem de Cristo para "não saírem" daquela cidade (Atos 1:4), embora espalhassem sua mensagem para quase todo o mundo conhecido, realmente não saiu de lá até a morte de João, o último dos apóstolos, pouco depois do ano 100.
Assim, de Jerusalém, os apóstolos e os cristãos convertidos se espalharam por todas as regiões. Haviam os anciões designados para pregarem aos circuncisos (Tiago, Pedro e João eram destes [Gálatas 2:8]) situados mais a leste de Jerusalém, em direção a Babilônia, e os designados para pregarem aos incircuncisos, ou pessoas das nações não judias (Paulo e Barnabé eram destes [Atos 9:15; 13:2 e 1ª Timóteo 1:12]), situados mais a oeste de Jerusalém, em direção a Roma .
De fato, Pedro, juntamente com Marcos e outros estavam em Babilônia, por volta de 64 DC, quando escreveu sua primeira carta aos povoados em volta daquela cidade, na região da Ásia Menor: Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia (1ª Pedro 1:1, 5:13). 
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É digno de nota que Pedro, ao escrever sua 2ª Carta, citou as cartas de Paulo que, evidentemente escrevia em Roma ou nos arredores dela (2ª Pedro 3:15,16). Como as cartas de Paulo foram escritas por volta de 56 a 60 (ou mais) DC (a carta aos romanos por exemplo, foi escrita em 56 DC), a 2ª carta de Pedro foi escrita dentro deste período ou posteriormente. Isso mostra que Pedro estava vivo até depois do ano 56, embora não se saiba em qual ano, depois de 56 ele tenha falecido.
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Após esse período, ou perto do ano 60, não se tem notícia mais notícia dos apóstolos. O certo é que continuaram com a pregação que lhes haviam sido designadas. Mas não se sabe até quando viveram e como morreram. Paulo, Pedro e outros podem ter vivido até próximo dos anos 100 ou pouco menos, chegando mais longe em suas designações de pregação. Pedro indo além de Babilônia, dentro da Ásia a leste, e Paulo, indo além de Roma até a Espanha. 
O fato é que, por volta dos anos 100, João escreveu o livro do Apocalipse, quando estava preso na ilha de Patmos, um lugar perto do que hoje é a Turquia. É interessante que o Apocalipse é endereçado às sete congregações da Ásia e não cita Roma (Apocalipse 1:4).
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- Homens Comuns e Sem Instrução -
Os apóstolos eram pessoas comuns, sem nenhum destaque na sociedade. A maioria eram simples pescadores sem qualquer instrução acadêmica. Até seus inimigos os reconheciam assim. Pedro e João por exemplo, não foram reconhecidos como "lideres" mas como pessoas "sem instrução" (indoutos) e comuns" (Atos 4:13). Pedro, ao contrário do que dizem os católicos, "era enviado" pelos outros apóstolos sediados em Jerusalém para pregar (Atos 8:14). Caso Pedro fosse "o chefe", ele enviaria os outros e não seria enviado por eles.
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Entre os apóstolos, Paulo era o único que tinha tinha instrução. E ele nem era um dos apóstolos visto que não tinha convivido com Jesus. Talvez, por causa da instrução de Paulo, os inimigos do cristianismo, erradamente viam, não Pedro, mas Paulo como o "chefe" dos cristãos, que chamavam de "seita dos nazarenos" (Atos 24:5-8). 
Pedro, em suas cartas, recomendava as cartas de Paulo e reconhecia que eram "difíceis de entender" (2ª Pedro 3:16). Tais cartas de Paulo, foram escritas, obviamente, com um bom nível de erudição, difícil para Pedro, que não tinha instrução, as entender. E, Paulo, uma vez, precisou censurar publicamente Pedro, por este não estar fazendo as coisas do modo correto (Gálatas 2:11,12). Assim, se tivesse que haver um "chefe" entre os cristãos, este certamente seria Paulo e não Pedro.
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- Sem Um Chefe -
Ao contrário do que acontece nas organizações mundanas e nas organizações religiosas (incluindo as atuais igrejas da cristandade), os cristãos do primeiro século não tinham um "chefe". Eles decidiam as coisas em grupo, sempre se orientando pelas escrituras e por orações. De fato, há na Bíblia até uma ordem expressa de Jesus para se evitar chefias humanas no que diz respeito ao cristianismo (Mateus 23:9-12)
Por exemplo, em Atos 15:6-11, os vemos "se reunindo em Jerusalém" para discutir e resolver questões da pregação para pessoas que não eram dos judeus. 
Os católicos costumam citar que "Pedro se levantou no meio deles" (versículo 7) como prova de sua chefia, como se o simples fato de ficar de pé fosse indicativo de chefia. Indica tal versículo que Pedro era o "chefe"?
Não. Se fosse assim, seria Pedro que convocaria as reuniões, inclusive aquela, e não precisaria se levantar "depois de longa e intensa discussão". Não precisaria nem haver discussão. Os apóstolos e os anciãos o obedeceriam. Mas, ao invés disso, se reuniam e decidiam as coisas em conjunto, sem citar nomes ou decisões proferidas por um só apóstolo (Atos 16:4,5). 
Assim, o fato de Pedro ter se levantado no meio deles e falado que "deus o escolheu", não foi para chefiar ninguém, mas simplesmente para ir pregar às pessoas que era circuncidadas (os circuncisos) já que Paulo e outros eram mais aptos para pregar às pessoas que não eram circuncidadas (Atos 15:1,2). Um dos temas da reunião era sobre quem iria pregar aos incircuncisos. Não seria Pedro, que reconhecia publicamente a sua inaptidão de ir à Antioquia pregar aos incircuncisos, mas Paulo, Barnabé e "outros" é que "foram enviados" (Atos 15:22,23).
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Na próxima parte, vamos ver como funciona a organização da igreja Católica, que diz ser "continuação dos apóstolos". Será que se parecem?
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Continua...


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