sexta-feira, 26 de julho de 2024

Igreja Católica - Como Se Formou? - Parte 2

 Igreja Católica - Como Se Formou - Parte 2

Representação: Jesus vira as costas para Pedro, chamando-o de "pedra de tropeço" porque "não tinha os pensamentos de Deus". Interessante notar que Jesus iniciou a frase dizendo "Pra trás de mim Satanás!", indicando que Pedro, ao falar contra a revelação que Jesus acabara de fazer, estava sob influência de Satanás. Isso aconteceu logo depois de Jesus dizer que "daria as chaves do reino" a Pedro. Seria essas palavras um indicativo de designação de "chefia" para Pedro? De forma alguma.



- Capítulos e Versículos da Bíblia - 
Antes de entrarmos no mérito dos textos citados, pela Igreja, para se definir como "baseada na Bíblia", "fundada por Cristo" ou "baseada em Pedro", é preciso entender por que a Bíblia é dividida em livros e capítulos.
No tempo dos Apóstolos, os livros bíblicos das Escrituras Hebraicas (ou o Antigo Testamento, usado por eles em seus ensinamentos)  não eram divididos em capítulos e versículos. As Escrituras Sagradas estavam em texto corrido. Tanto os Apóstolos como seus estudantes da Bíblia tinham de ler o inteiro livro e estarem familiarizados com ele para entenderem as mensagens. 
É por isso que lemos, por exemplo, quando Paulo queria citar uma profecia bíblica, dizia, "... assim como está escrito nos livros dos profetas:..." (Atos 7:42), Ele não citava algum capítulo ou versículo.
Mas, entre os séculos 13 e 16, graças ao trabalho de alguns eruditos, principalmente de Stefhen Langton (1150 - 1228), então Professor na Universidade de Paris (e mais tarde Arcebispo de Cantuária), e Robert Estienne (1503 - 1559), tipógrafo francês, os livros da Bíblia foram divididos em capítulos e versículos. 
Depois disso ficou bem mais fácil ler a Bíblia e verificar que toda ela é apenas um livro, conexo e coeso. Hoje, cada capítulo, é um contexto e faz parte de um contexto geral.  Um versículo é uma pequena parte de um contexto mais amplo, que abrange a Bíblia toda.
Isso é de interesse para esta parte do assunto porque o que vamos ver serão considerações de textos bíblicos fora do contexto, por parte dos católicos.
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- Textos Fora do Contexto -
1 - Por exemplo, visto que a Igreja Católica se define como "fundada por Cristo", "baseada em Pedro" e "continuação dos Apóstolos", é de interesse verificar se isso é mesmo verdade.
O principal argumento é o texto de Mateus 16, cujo versículo 18 é repetido inúmeras vezes como "o texto que prova". O que esse versículo diz?
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"Eu te declaro: Tu é Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela" - Versão  bíblica católica Ave Maria. - A versão Latino Americana, também católica, não verte a palavra "inferno", mas "poderes da morte".
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- O Que Significa "A Pedra"? -
A primeira vista parece mesmo que Jesus estava "comissionando" Pedro para algo especial.
Mas esse versículo faz parte um contexto maior (todo o capítulo 16), um contexto que não é levado em conta pelos religiosos católicos. 
O capítulo 16 de Mateus traz muitas lições, inclusive a de que os apóstolos, incluindo Pedro, ainda não entendiam bem o que Jesus dizia. E, por ainda não entenderem bem o que Jesus lhes dizia, há um aviso ligado ao "fermento dos fariseus", que era para ser evitado pelos apóstolos.
Assim, o que realmente Jesus quis dizer com "sobre esta pedra"? Ora, o próprio texto da Bíblia católica faz distinção entre o verdadeiro nome de Pedro, Cefas, e "pedra". Não são a mesma coisa conforme dizem.
Além disso, a palavra "pedra" usada por Jesus, neste versículo, a luz do contexto se refere a grande fé que Pedro tinha, mas também que ele era teimoso e de difícil de entender as coisas. Por fim as boas novas do Reino de Cristo venceria a "pedra" que era a teimosia de Pedro (e não só dele, mas de muitos outros) e se sobressairia "sobre" ela.
Se Jesus quisesse dizer "pedra", no sentido dele ser "a base", para se referir especificamente a Pedro, não teria usado, logo a seguir, a mesma palavra, "pedra", para se referir ao mesmo Pedro, como "pedra de tropeço" (Mateus 16:23). 
Portanto, a "pedra" usada para definir Pedro, não era uma "pedra angular", sobre a qual se ergueria uma congregação. Esta "pedra", no sentido de ser uma base, era o próprio Cristo e isso foi reconhecido pelo próprio Pedro (1ª Pedro 2:7). Além disso, Pedro reconheceu que "pedra de tropeço", da qual tinha sido, ele próprio, chamado por Cristo, se devia à "desobediência a palavra" (1ª Pedro 2:8)
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- A Vida de Pedro -
A inteira história de Pedro narrada na Bíblia mostra que, de fato, ele foi dos últimos a entender as mensagens de Cristo (Atos 10:12-15, 34), e, por isso, muitas vezes desobedecia por achar que tinha razão. Tal comportamento perdurou até muito tempo depois da morte de Cristo. Ele precisou até ser repreendido publicamente por Paulo (1ª Coríntios 1:12; 3:3-7; 21-23). 
Mas depois disso, Pedro se tornou, como os outros, muito útil na pregação que lhe foi designada. Pedro receberia uma designação: ele, junto com outros, iria pregar "aos circuncisos" (a leste de Jerusalém, em direção a Babilônia), enquanto Paulo pregaria aos incircuncisos (a oeste de Jerusalém, em direção a Roma) - Gálatas 2:7-9. E Pedro, de fato foi para Babilônia, conforme ele mesmo escreveu em sua primeira carta (1ª Pedro 5:13)
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Assim, o texto citado pelos católicos, como "prova", não é, de forma alguma, uma designação especial que o coloca acima dos outros, mas um lembrete, de que ele, Pedro, também seria útil ao reino,... apesar de seus defeitos. Não haveria nenhuma hierarquia entre os cristãos, começando pelos apóstolos.
Isso nos leva a considerar outro aspecto do catolicismo, que não encontra respaldo na Bíblia:Teriam os apóstolos uma hierarquia entre eles?
É o que vamos considerar na próxima parte.
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Continua



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