quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O Bêbado


Linguiça no bar: Gordura demais!
Pinga pela metade: Muquirana!
Nem o pó do balcão ela espana!
Não sabe deixar a gente em paz!

Mas esse pastelzinho requentado
tá com o preço pela hora da morte!
Se não fizer mal vai ser pura sorte...
Me manda também um copo gelado

que eu vou beber cerveja até cair!
Quero contar piadas... Quero rir!
Quero ser chamado de desgraçado!

Sentir pela garçonete paixão!
Falar bobagens... Perder a razão
e amanhã, esquecido, ter acordado!

Acyr - 30/12/2010

Olhar Deslumbrado

Existe uma luz brilhante em seus olhos
que agora procuram a escuridão!
Estão fugindo d'um passado vão,
com seus inúteis momentos inglórios!

Nem o disfarce das palavras grossas
que você, alto, grita em meus ouvidos
consegue esconder seus traumas vividos,
porque esse seu olhar os deixa a mostra!

Basta ler quando acontece o encontro
desse seu olhar com o meu e pronto:
Tudo fica tão claro e revelado!

Você não tem segredos para mim!
Eu te conheço do começo ao fim
só por causa desse olhar deslumbrado!

Acyr - 30/12/2010

Depois da Festa

Nem bem silenciaram os rojões noturnos,
os foliões já estavam procurando
nos escombros, tão cegos e tão surdos,
da festa que estava desmoronando,

vãos motivos pra ainda se alegrarem,
que encontram em qualquer mesa vulgar,
com piadas repetidas a rolarem
entre os falsos risos que vamos dar!

Na sórdida jornada do insensato
que, com seu chucro brinde inacabado,
tenta de todos erguer o moral!

Há um macabro vazio contagiante
que alto ecoa, no silêncio gritante
daquela medíocre reunião mortal!

Acyr - 28/12/2010

domingo, 26 de dezembro de 2010

Para os Insensíveis

Gente que não gosta de trovas
estorva quem lê e aprecia!
Estraga na mente onde brota
a semente da poesia!

Feliz é todo trovador
que, na dor, escreve o que sente!
Não mente que é sonhador,
cujo amor surge de repente,

que tem que ser, em quatro linhas,
colocado em forma de rima
e que fale de coisas só minhas
mas que com as de todos combina!

Tristes são os que de ti zombam
pois não tem sensibilidade!
Não batem em portas... As arrombam
e nada encontram na maldade!

Seguem vazios e risonhos,
caçoando do conhecimento
parco duma vida sem sonhos
vivida de tosco lamento!

Insípidas passagens suas,
cego aos detalhes dessa trova!
Você rasteja pelas ruas
mas a jóia no chão não nota!

A beleza não está na estampa...
Ela brilha no coração
onde a ferrugem não avança...
onde não se alcança com a mão!

Acyr - 25/12/2010