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domingo, 28 de julho de 2024

Igreja Católica - Como Se Formou? - Parte 9

 Igreja Católica - Como Se Formou? - Parte 9

Representação artística do bispo de Roma Calisto, que foi chamado de "papa" pelos seus correligionários. De um simples apelido bajulador a um um título clerical.


- Organização Descentralizada -
Conforme vimos, na 7ª Parte, a Igreja Católica se organizou em torno dos bispos. Por todas as cidades do império romano, e além, haviam congregações "chefiadas por um bispo. Não havia mais os apóstolos em Jerusalém como o "corpo governante" deles, guiando-os à base da Bíblia. Agora era a palavra desses bispos, não as da Bíblia, a "lei" para aqueles "cristãos" sob seu comando. E como os bispos não eram unidos, a Igreja Católica, em seu início era descentralizada. Não havia um "centro de comando". Mas, como esses "bispos" surgiram?.
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- Predito O Início da Apostasia -
No tempo dos apóstolos, não haviam, entre eles, pessoas que pudessem ser reconhecidas como "chefes". Não há um único relato na Bíblia no qual os apóstolos foram chamados de "líderes", "pais" ou qualquer outro título que os colocassem acima dos outros (Mateus 23:9-12). Os apóstolos, os anciãos, e todos os discípulos participavam igualmente, na pregação.
Por exemplo, em Atos 15:22,23, lemos que se reuniram não só os apóstolos e os anciãos mas também toda a congregação. E juntos, a congregação inteira, escreveram uma carta aos irmãos de Antioquia, que chegaria com aqueles "que enviaram junto com Paulo e Barnabé", a saber: "Judas e Silas". Estes "tomavam a dianteira (liderança) entre os irmãos". 
É interessante que, mesmo dizendo que esses irmãos "tomavam a liderança", eles foram enviados. Isso significa que a "dianteira", ou a "liderança" entre eles, era apenas em sentido espiritual, de aprendizado, e não como "chefes" ao estilo do mundo.
Para os cristãos verdadeiros, todos os que se convertiam, homens ou mulheres, eram, do "apostolado". Participavam da pregação, pregando as mesmas coisas que os apóstolos falavam. Em cada congregação havia, não um homem que comandava, mas um corpo de anciãos, sem número definido, como se fosse 'por vagas'. Isso quer dizer que todos em uma congregação podiam ser anciãos, responsáveis por executar as decisões  de Jerusalém, a congregação da qual, nas decisões, todos os convertidos participavam. O ministério cristão era para todos. Todos eram ministros de Cristo.
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- Surgem os Primeiros Rebeldes -
"Ancião" (ou "homem mais velho") vem da palavra grega pre·sbý·te·roi, da qual se derivou o moderno "presbítero". Ancião não era um título, mas apenas um indicativo de alguém mais experiente no manejo da verdade e da pregação. E, talvez tenha sido dentre esses, que mais tarde surgiram alguns rebeldes. Paulo previu o aparecimento desses rebeldes (Atos 20:29, 30; 1ª Timóteo 4:1,2). Paulo não citou especificamente que seria dentre os anciãos que os rebeldes surgiriam. Portanto podiam ser de qualquer grupo, incluindo o dos novos convertidos.
De início, por causa dos apóstolos, esses rebeldes nada podiam fazer além de causarem distúrbios. Eles não aceitavam o que os apóstolos falavam e viviam de intrigas. Por fim, acabavam se afastando da congregação.
Mas quando os apóstolos faleceram não havia mais quem os segurasse. E eles começaram a exigir autoridade sobre os outros irmãos.
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- Surgem os "Bispos" -
Era da congregação de Jerusalém que se supervisionava todas as outras congregações. Por isso, eles eram chamados, em grego, de e·pí·sko·pos, ou "superintendentes". Logo, em todas as congregações haviam anciãos que se tornavam "superintendentes". Eles não usavam roupas distintivas ou títulos, nem tinham autoridade sobre as pessoas. Eram unicamente responsáveis pela forma certa de se pregar.
Uma vez, sem os apóstolos, alguns deles passaram, aos poucos, a se definir como "bispos", que é basicamente a mesma coisa de "superintendente" mas que lhes dava um aspecto "diferente". 
De fato, o livro "História de La Iglesia Católica" do historiador jesuíta Bernardino Llorca (1898 - 19858), registra: "a distinção (dos 'bispos') se tornou mais clara, passando o nome bispo a designar os superintendentes mais importantes, que detinham a suprema autoridade sacerdotal e o direito de ordenar sacerdotes pela imposição das mãos.”
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- O Paganismo Se Acentua -
Os "bispos" começaram a imitar o modo de vida do mundo para se destacar. Com o tempo, e aos poucos, começaram a formar uma hierarquia, algo que, se os apóstolos estivessem vivos, não permitiriam.
Quando esses "bispos" começaram a se impor como chefes até mesmo dos anciãos. Por causa deles, já não havia mais como encontrar a mensagem verdadeira de Cristo, que não permite a chefia de um  homem sobre outro homem no que diz respeito a servir a Deus.
Por volta do Concílio de Niceia, no início do Século IV, as congregações ditas "cristãs", mas que na verdade eram apóstatas, já estavam impregnadas de paganismo. Os bispos passaram a usar roupas distintivas, a se comportar com arrogância e autoridade e exigir honrarias. Não participavam das pregações e publicavam livros com suas próprias ideias filosóficas, não dirigidos ao público, mas às autoridades políticas locais. Também não deixavam os "fieis" pregarem, se não fossem pelas suas ideias. A pregação do evangelho, de casa em casa, conforme era feita no tempo dos apóstolos, havia parado. Agora eram as pessoas que tinham que ir até eles (os "bispos"), em lugares específicos para ouvir-lhes.
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- Surge o Papado -
Durante o 2º século, o do domínio dos bispos, ninguém foi chamado de "papa". Foi somente no início do 3º Século que Calisto, bispo de Roma de 217 a 222, foi chamado de 'papa'. 
Papa significa "pai" em italiano. Aparentemente não seguiram a ordem de Cristo escrita em Mateus 21:9,10, que ordenava que não chamassem ninguém na terra de "pai" e "lider".
O termo 'papa', naquele simples início, ainda não estava definido como um título. Até o início do 5º Século, 'papa' era apenas o apelido do bispo de Roma. Mas, outros bispos de outras localidades, também podiam ser chamados de "papas".
Isso mudou nos anos do "bispado" de Leão 1 (440 - 461) de Roma. Ele passou a considerar "papa", não mais como uma palavra comum, mas como um título. Criava-se assim, mais um título hierárquico entre os bispos. Nas congregações, o "bispo" que se destacasse perante os outros, se transformava no "papa" deles. 
Mas o bispo de Roma exigia autoridade sobre todos os outros "papas". Leão 1, usou de uma interpretação das palavras de Cristo em Mateus 16:18,19 para deixar claro que "se o imperador exercia poder temporal, em Constantinopla, no Oriente, ele, exercia poder espiritual, a partir de Roma, no Ocidente". 
Para este "papa", a"igreja de Pedro", não estava em Jerusalém, mas em Roma. E, se ele era da igreja de Pedro em Roma, "esta deveria ter primazia sobre todas as outras". Uma primazia baseada apenas na localidade e proximidade com o poder político de Roma, e não na madureza espiritual que julgavam ter.
Por causa disso, houve disputas entre outros bispos, também chamados de "papas", mas no Século 11, segundo a obra História Ilustrada dos Papas (em inglês), somente o bispo de Roma podia insistir que este título pertencia só a ele.
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- O "Santo" Império -
O fato é: Com sua hierarquia aos moldes dos governos mundanos, a Igreja Católica estava, desde o Concílio de Niceia e a suposta "conversão" (por motivos políticos) de Constantino, o Grande (306 - 337), fixada como mais um poder político temporal, que trabalhava em prol das questões do mundo e não das questões espirituais.
Um exemplo dessa união entre igreja e estado aconteceu no ano 800. O Papa Leão 3º (750 - 816) coroou Carlos Magno (742 - 814) como o Imperador do "Santo" Império Romano. E por onde o "santo" Império se expandia, pelo poder da espada, lá estava a igreja Católica, acompanhando a cúpula e impondo-se como "religião oficial" do novo território conquistado.
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- Uma Religião Estranha ao Cristianismo -
Quanta diferença da época dos apóstolos! No 1º Século, os apóstolos e demais cristãos realmente se espalharam pelo mundo, pregando o restabelecimento do reino de Deus, que era a mensagem de Cristo. E realmente os cristãos já estavam, desde o Século 1, nos lugares onde mais tarde chegou o Império com sua "religião oficial" a Igreja Católica. Mas eles não se uniram a governos ou mudaram seus costumes. A mensagem cristã era para todos e era questão pessoal, de coração, de cada um, escolhê-la ou não para sua vida. 
Mas com o catolicismo, uma religião estranha ao cristianismo, isso mudaria. Para a opulenta religião do império, a religião das pessoas era uma questão regional do império e não coração de cada um. Ela seria imposta e aqueles que não a aceitassem (notadamente aqueles que persistiam em se apegar às palavras da Bíblia) sofreriam Seriam chamados de "hereges", seriam banidos de empregos, perseguidos, difamados, etc. E tudo numa escala de violência sempre crescente.

Na próxima parte vamos ver detalhes do acentuamento do paganismo naquela religião imperial e o início do que ela se tornou: Mais uma arma nas mãos dos poderosos do que uma mensageira de esperança.
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Continua


sábado, 27 de julho de 2024

Igreja Católica - Como Se Formou? - Parte 8

 Igreja Católica - Como Se Formou? - Parte 8

Uma cópia de página da obra de Agostinho,"Cidade de Deus", datada de 1487. O interessante desta obra é que nela está o pensamento dele sobre a igreja em que exercia poder. E, por analisarmos este pensamento, vemos que a igreja hoje, não se baseia totalmente nele como alega, pois, se se baseasse, estaria mais próxima da mensagem bíblica.

- Pedro Era Papa de Cristo -
É interessante observar que a própria Igreja Católica, ao citar o que considera "seu início", coloca, como os livros de História também seculares colocam, os Pais da Igreja em destaque. Assim, Justino, o Mártir (100-165 DC), Orígenes, de Alexandria (185-254), Agostinho de Hipona (354-430 DC) e outros, sempre são citados como os "originadores", ou pelo menos como aqueles que "definiram o que é a Igreja" que perdura até hoje. E fazem isso com base na História comprovada e não em suposições, teorias, tradições ou crenças.
Por outro lado, quando citam o apóstolo Pedro (os outros apóstolos não são citados), como fundador da Igreja, é por interpretações de textos bíblicos. Já que não se encontra na Bíblia nenhum texto que formalize tal designação, as interpretações - e não explicações claras - são necessárias. E Pedro é colocado como exercendo o papado a partir do ano 30 indo até 67.
O ano 30 soa estranho. Entre outras coisas, os católicos consideram que a "comissão" de Pedro como Papa, se deu quando Jesus falou-lhe, em Mateus 16:13, as seguintes palavras: "tu és Pedro e sobre esta pedra erguerei a minha igreja...".
Só que estas palavras de Jesus foram ditas no ano 33, perto da morte dele na estaca. Assim, a Igreja considera que Pedro, então Papa no ano 30, exercia a "chefia", quando Jesus começou a pregar.
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- A Mutante Lista de Papas -
Na verdade, não existe uma lista "oficial" de papas. Caso o papado fosse de origem bíblica, era para, em ao menos uma das cartas das Escrituras Gregas Cristãs (ou o "Novo Testamento") citar a sucessão de papas. Mas, até o ano 100, ano em que foi escrito o Apocalipse, nada foi escrito na Bíblia a respeito disso.
Além de não existir a lista, a Igreja, periodicamente relança uma lista criada séculos depois, em seu "Anuário Pontifício". Lista essa que tem sofrido modificações a cada relançamento. Por vontade do Papa no poder, alguns papas do passado podem ser retirados, colocados ou recolocados na lista, dependendo do que, em pesquisas históricas, se descobre sobre eles.
De qualquer forma, a Igreja Católica considera mais válida a palavra dos "santos", ou daqueles "pais da Igreja" do passado, do que as palavras da Bíblia. Nas literaturas católicas, são palavras, não dos apóstolos, mas desses "pais da igreja" que ressoam como ordens.
O que disseram esses "pais da Igreja"? O que eles disseram serve de base para entendermos que a Igreja Católica, na verdade, não se baseia nem nos apóstolos e nem nos "pais da Igreja".
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- A Crença na Política -
Volta e meia nos deparamos com escritos dos "santos", ou os "pais da igreja", sempre exortando a crer na Igreja ou a colocar a Igreja Católica sempre em evidência. Mas na verdade, o mais correto é que esses "pais da Igreja" nunca disseram tais coisas.
Por exemplo, o filósofo Agostinho (354-430 DC), chamado de "santo" pelos católicos, e tido por eles como "o maior doutor do mundo católico", viveu numa época em que a corte imperial de Roma e a nova Igreja Católica (criada em 325) eram unidas politicamente. Acreditava-se, por isso, que Deus apoiava o império e que o mundo seria subjugado ao catolicismo "com a ajuda de Deus". Isso aconteceria mesmo se fosse pelo poder da espada romana.
Mas em 410 DC, Roma foi derrotada pelos gôdos, um povo germânico. O povo romano disse que a derrota foi por causa de terem se voltado para o cristianismo e abandonado os antigos deuses romanos. Respondendo a este pensamento, Agostinho escreveu uma "resposta", de 22 livros, durante 14 anos (413 a 426).
Nesta obra, bem como nas outras, não se encontra nenhuma palavra de Agostinho exortando a crença na Igreja. Em sua época isso não era preciso. Eu se cria na igreja ou por ela seria considerado inimigo.
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- Agostinho em Defesa do "Protestantismo" -
Na obra de Agostinho, chamada de "Cidade de Deus", vista como "valiosa obra filosófica católica", há coisas interessantes, normalmente desprezadas pelos atuais católicos. Agostinho defendia, não o que dizia, mas a Bíblia (a "sola escritura" que os católicos desprezam como sendo "protestante") como "valor de fé e autoridade" e não a Tradição. Agostinho também propunha retirar do cânon bíblico os livros apócrifos (Tobias, Judite, Sabedoria, Macabeus, etc.) "porque os antigos pais (os apóstolos) não os conheciam".
Assim, Agostinho defendia, não a crença na Igreja Católica, mas a crença no que mais tarde os "protestantes" pregavam como verdade: a Sola Escritura (ou Somente a Bíblia).
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- Agostinho Não Defendida a Primazia de Pedro -
A respeito da "primazia de Pedro", Agostinho disse o seguinte: “Nós, os que somos cristãos re et ore, em atos e em nome, não cremos em Pedro, mas Naquele em quem Pedro cria." Na sua época, alguns bispos já estavam querendo, com interpretações filosóficas sofisticadas, colocar Pedro como o primeiro "chefe", mas Agostinho lhes respondeu: "não ficamos enfeitiçados pelos seus encantos, nem somos enganados pela sua mágica." Obviamente Agostinho não se deixava levar por aquelas interpretações de textos bíblicos que tentavam colocar Pedro como primaz dos apóstolos. Agostinho acreditava firmemente que a "pedra" mencionada em Mateus 16:18 era Jesus, não Pedro.
Todavia, apesar desse posicionamento correto perante esses pontos de vista bíblicos, não devemos esquecer que ele era um dos "pais da igreja". Por isso, embora parecesse correto em alguns pontos, subvertia outros.
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Se você for católico talvez nunca tenha ouvido um padre falar de Agostinho citando as palavras reais dele. No entanto a obra dele está preservada até hoje para consultas.
Visto que, a exemplo de Agostinho, os primitivos "pais da igreja" advogavam ideias contrárias ao que a Igreja prega hoje, por que ela se tornou o que é hoje, muito diferente do que pensavam seus "fundadores"?
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- O Desejo de Autoritarismo -
Ao contrário do cristianismo do primeiro século, que se baseava nas palavras de Cristo escritas na Bíblia, a Igreja Católica diz se basear no Papa como seu chefe supremo.
Mas, na verdade, mesmo sendo o Papa a maior autoridade no catolicismo, ela é muito dividida. Suas diversas divisões (ou "ordens", como a dos beneditinos, franciscanos, jesuítas, etc.), embora digam reconhecer o Papa como líder, tendem a ter pensamentos próprios e, não raro, críticos ao Papa.
Isso acontece por causa da sua formação. A Igreja Católica se formou a partir de um ambiente que demandava poder de um sobre outros: a corte do Imperador romano Constantino, no Século IV.
Os seus primeiros bispos, tornados "oficiais" a partir do Concílio de Niceia, eram tão gananciosos, por poder e luxo, como os senadores e governadores romanos. E eles brigavam entre si, não só do ponto de vista "teológico e filosófico", mas também do ponto de vista político. E brigavam para obter destaque perante outros.
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- Eusébio de Cesareia -
Um exemplo icônico de como se comportavam tais "bispos", é Eusébio de Cesareia (265 - 339). Ele viveu na época em que o imperador Diocleciano (243 - 312) perseguia e matava os "cristãos". Era para ter sido morto junto com milhares de outros, por ser "cristão", mas estranhamente escapou da perseguição. Alguns dizem que ele, ao ser preso, disse que não acreditava em nada daquilo do qual fazia parte e ainda fez sacrifícios aos deuses pagãos para convencer os romanos.
Seja como for, Eusébio podia transitar livremente entre aqueles que perseguiam os cristãos e até visitar cristãos na cadeia, antes destes serem mortos. Tornou-se Bispo de Cesareia em 313 ou pouco depois, sucedendo o bispo anterior, Agápio (258 - 303).
No Concílio de Niceia (maio a agosto de 325) que tornou aqueles bispos, os líderes da "religião oficial" do Império, Eusébio já era o favorito do imperador Constantino (272 - 337). Ficava num "lugar de destaque" e discursava como quem tinha autoridade (na verdade sua autoridade provinha da proteção do imperador).
Depois do Concílio, já com posição, prestígio e poder assegurados, começou a brigar com diversos outros Bispos a quem chamava de "oponentes".
Por exemplo, Eustácio, que foi bispo de Antioquia de 324 a 332, o acusou de "ter se afastado do credo niceno". Eusébio, embora não defendesse a unicidade de Cristo e Deus, acabou assinando o "Credo de Nicéia", que propunha o contrário do que ele acreditava . O resultado da briga? Graças ao prestígio do Eusébio junto a corte, foi a condenação e a deposição de Eustácio do cargo.
Outro "oponente" foi Atanásio, bispo de Alexandria (296 - 373). Este apresentou sua causa diretamente ao imperador Constantino. Mas como Eusébio era o favorito do imperador, Atanásio é que foi condenado ao exílio.
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- Nuvens Negras no Horizonte -
Esta era, e, de certa forma, ainda é, a organização da Igreja Católica. Está mais apoiada no jogo político do que em "doutrinas de fé".
Ao contrário da época dos apóstolos, quando os cristãos, mesmo espalhados por muitas terras acataram apenas os que os apóstolos, centralizados em Jerusalém, resolviam, a Igreja estava (e ainda está) dividida em "bispados", onde, o que vale não é o que a Bíblia diz, mas o que o bispo local diz.
E esta situação de divisão iria piorar ainda mais. Entre os anos de 440 a 461, a apostasia iria tomar rumos mais radicais e nocivos para as populações, com a aparecimento de um "chefe dos bispos", ou "papa".
E isso é o que vamos ver na próxima parte.
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Continua...



Igreja Católica - Como Se Formou? - Parte 7

 Igreja Católica - Como Se Formou? - Parte 7

A representação do que era uma reunião dos apóstolos e anciãos em Jerusalém. Não havia um "chefe". A Bíblia sempre coloca os apóstolos e os anciãos em pé de igualdade e não cita nenhuma decisão pessoal de qualquer um deles. Todas as decisões eram feitas "de comum acordo" (Atos 1:13,14; 15:25)
Também não havia um templo ou "lugar especial" para essas reuniões. Elas podiam acontecer em qualquer lugar de Jerusalém, pois o importante era a reunião em si, e não o lugar.


Para podermos comparar a organização da Igreja Católica com a congregação cristã do primeiro século, a fim de vermos se uma é a continuação da outra, conforme dizem os católicos, temos antes que ver como elas funcionam. Primeiro vamos ver como funcionava a organização dos cristãos sob os apóstolos:
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- Os Primeiros Cristãos -
Conforme já vimos, os apóstolos constituíram um grupo único, de "testemunhas oculares" de Cristo. Por isso não seriam substituídos ou continuados. E enquanto estavam vivos formavam o "corpo governante" dos cristãos, decidindo as questões que surgiam. 
Vimos também que, depois da morte deles, iniciou-se uma "grande apostasia", conforme previsto pelos antigos profetas e por Paulo. Assim, qualquer organização religiosa que se diz "continuação  dos apóstolos" ou da "igreja primitiva", dá testemunho contra ela mesma.
O cristianismo do primeiro século, iniciado por Cristo na região da Galileia, se estabeleceu em Jerusalém, e, seguindo a ordem de Cristo para "não saírem" daquela cidade (Atos 1:4), embora espalhassem sua mensagem para quase todo o mundo conhecido, realmente não saiu de lá até a morte de João, o último dos apóstolos, pouco depois do ano 100.
Assim, de Jerusalém, os apóstolos e os cristãos convertidos se espalharam por todas as regiões. Haviam os anciões designados para pregarem aos circuncisos (Tiago, Pedro e João eram destes [Gálatas 2:8]) situados mais a leste de Jerusalém, em direção a Babilônia, e os designados para pregarem aos incircuncisos, ou pessoas das nações não judias (Paulo e Barnabé eram destes [Atos 9:15; 13:2 e 1ª Timóteo 1:12]), situados mais a oeste de Jerusalém, em direção a Roma .
De fato, Pedro, juntamente com Marcos e outros estavam em Babilônia, por volta de 64 DC, quando escreveu sua primeira carta aos povoados em volta daquela cidade, na região da Ásia Menor: Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia (1ª Pedro 1:1, 5:13). 
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É digno de nota que Pedro, ao escrever sua 2ª Carta, citou as cartas de Paulo que, evidentemente escrevia em Roma ou nos arredores dela (2ª Pedro 3:15,16). Como as cartas de Paulo foram escritas por volta de 56 a 60 (ou mais) DC (a carta aos romanos por exemplo, foi escrita em 56 DC), a 2ª carta de Pedro foi escrita dentro deste período ou posteriormente. Isso mostra que Pedro estava vivo até depois do ano 56, embora não se saiba em qual ano, depois de 56 ele tenha falecido.
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Após esse período, ou perto do ano 60, não se tem notícia mais notícia dos apóstolos. O certo é que continuaram com a pregação que lhes haviam sido designadas. Mas não se sabe até quando viveram e como morreram. Paulo, Pedro e outros podem ter vivido até próximo dos anos 100 ou pouco menos, chegando mais longe em suas designações de pregação. Pedro indo além de Babilônia, dentro da Ásia a leste, e Paulo, indo além de Roma até a Espanha. 
O fato é que, por volta dos anos 100, João escreveu o livro do Apocalipse, quando estava preso na ilha de Patmos, um lugar perto do que hoje é a Turquia. É interessante que o Apocalipse é endereçado às sete congregações da Ásia e não cita Roma (Apocalipse 1:4).
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- Homens Comuns e Sem Instrução -
Os apóstolos eram pessoas comuns, sem nenhum destaque na sociedade. A maioria eram simples pescadores sem qualquer instrução acadêmica. Até seus inimigos os reconheciam assim. Pedro e João por exemplo, não foram reconhecidos como "lideres" mas como pessoas "sem instrução" (indoutos) e comuns" (Atos 4:13). Pedro, ao contrário do que dizem os católicos, "era enviado" pelos outros apóstolos sediados em Jerusalém para pregar (Atos 8:14). Caso Pedro fosse "o chefe", ele enviaria os outros e não seria enviado por eles.
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Entre os apóstolos, Paulo era o único que tinha tinha instrução. E ele nem era um dos apóstolos visto que não tinha convivido com Jesus. Talvez, por causa da instrução de Paulo, os inimigos do cristianismo, erradamente viam, não Pedro, mas Paulo como o "chefe" dos cristãos, que chamavam de "seita dos nazarenos" (Atos 24:5-8). 
Pedro, em suas cartas, recomendava as cartas de Paulo e reconhecia que eram "difíceis de entender" (2ª Pedro 3:16). Tais cartas de Paulo, foram escritas, obviamente, com um bom nível de erudição, difícil para Pedro, que não tinha instrução, as entender. E, Paulo, uma vez, precisou censurar publicamente Pedro, por este não estar fazendo as coisas do modo correto (Gálatas 2:11,12). Assim, se tivesse que haver um "chefe" entre os cristãos, este certamente seria Paulo e não Pedro.
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- Sem Um Chefe -
Ao contrário do que acontece nas organizações mundanas e nas organizações religiosas (incluindo as atuais igrejas da cristandade), os cristãos do primeiro século não tinham um "chefe". Eles decidiam as coisas em grupo, sempre se orientando pelas escrituras e por orações. De fato, há na Bíblia até uma ordem expressa de Jesus para se evitar chefias humanas no que diz respeito ao cristianismo (Mateus 23:9-12)
Por exemplo, em Atos 15:6-11, os vemos "se reunindo em Jerusalém" para discutir e resolver questões da pregação para pessoas que não eram dos judeus. 
Os católicos costumam citar que "Pedro se levantou no meio deles" (versículo 7) como prova de sua chefia, como se o simples fato de ficar de pé fosse indicativo de chefia. Indica tal versículo que Pedro era o "chefe"?
Não. Se fosse assim, seria Pedro que convocaria as reuniões, inclusive aquela, e não precisaria se levantar "depois de longa e intensa discussão". Não precisaria nem haver discussão. Os apóstolos e os anciãos o obedeceriam. Mas, ao invés disso, se reuniam e decidiam as coisas em conjunto, sem citar nomes ou decisões proferidas por um só apóstolo (Atos 16:4,5). 
Assim, o fato de Pedro ter se levantado no meio deles e falado que "deus o escolheu", não foi para chefiar ninguém, mas simplesmente para ir pregar às pessoas que era circuncidadas (os circuncisos) já que Paulo e outros eram mais aptos para pregar às pessoas que não eram circuncidadas (Atos 15:1,2). Um dos temas da reunião era sobre quem iria pregar aos incircuncisos. Não seria Pedro, que reconhecia publicamente a sua inaptidão de ir à Antioquia pregar aos incircuncisos, mas Paulo, Barnabé e "outros" é que "foram enviados" (Atos 15:22,23).
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Na próxima parte, vamos ver como funciona a organização da igreja Católica, que diz ser "continuação dos apóstolos". Será que se parecem?
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Continua...