terça-feira, 29 de março de 2011

Ilusão


Apesar do tempo que anda depressa,
ceifando, pouco a pouco, a curta vida!
Apesar do clima rude por cima,
é só o apego a vida que interessa!

Na luta inútil pela juventude
Enfeita-se músculos tez e pele!
É a beleza que aos poucos se despede
dando lugar à aparência que ilude

Mas, a idade está estampada nos olhos,
nas palavra que vem do coração...
No antigo cheiro que exala dos poros!

É uma corrida que vamos perder
no final, sem sentido e sem paixão!
Nunca mais vamos nos reconhecer

Acyr - 28/3/2011

segunda-feira, 28 de março de 2011

Corno


Euclides da Cunha - 1866-1909 - Foi um emblemático "corno".
Esse termo pertence somente à cultura latina. Não há um similar
para o inglês. Para os outros povos, o conjuge traído é apenas 
vítima e com estas não se fazem chacotas. A única palavra,  
cuckold, é usada somente por quem é  o "Ricardão" e não é 
motivo de orgulho


Senti uma certa coceira na testa
despontando como um dente de leite!
Eu não sabia, para o seu deleite:
O que que houve? Eu perdi o melhor da festa?

Casar com a pessoa errada dá nisso!
Enquanto eu trabalho feito um cavalo
minha mulher recebe em casa um safado
e depois não quer se deitar comigo!

Ninguém respeita um corno sofredor!
Pensam que não deu conta da mulher
deixando que ela ardesse de calor!

Mas a culpa não é do maridão!
Pois a semente daquele pecado
ela já trazia no coração!

..

English version:

Cuckold

I felt some itching on my forehead
emerging as a milk tooth!
I didn't know, for your delight:
What happened? I missed the best of party?

Marrying the wrong person gives on it!
While I work like a horse
my wife receives home one shameless
and then dont want lie with me!

No one respects a cuckold sufferer!
They think that don't has satisfied the woman
letting her burn up of horny!

But the fault isn't the hubby!
Because the seed of that sin
she already was carrying in the heart!


Acyr 25/3/2011 - 1:25

Ricardão


Da esquina da casa é bom avisar
Sua esposa precisa ficar sabendo
Pro ricardão aqui sair correndo
Sem ter que, no caminho, te encontrar

Não esqueci de olhar a geladeira
Bebi cerveja, vou ter que repor
Cuecas na gaveta não! Tenho horror
Nesse time não posso dar bobeira

Marido corno nunca me entendeu
Com um mulherão daqueles... Felizardo!
O mais solitário dos três sou eu!

Sou como um animal. Bruto, carnal!
Minha querida! O amor pra mim é um fardo!
Como você, não sou sentimental!

Acyr - 24/3/2011

Nossa Roupa, Nossa Pele


Roupa rasgada, pele ferida
Roupa suja, pele suada
Roupa velha, velho
Roupa seca, subnutrida
Roupa molhada, pele na chuva
Roupa manchada, pele acusa
Agressão

Roupa marcada, tatuagem
Roupa sobre roupa, pele com frio
Roupa na bagagem, pele em atrito
Roupa desbotada, pele presa
Roupa amarrotada, pele preguiçosa
Gente medrosa

Roupa passada, pele bem nutrida
Roupa limpa, pele perfumada
Roupa de marca, belo
Roupa bonita, pele jovem
Roupa esticada, dos que se movem
Gente forte

Roupa surrada, pele caída
Roupa remendada, pele vivida
Roupa guardada, pele na sombra
Roupa faltando, pele sem luz
Gente morta

Acyr - 22/3/2011

segunda-feira, 21 de março de 2011

O Tempo Passa


O tempo não para! Corre implacável!
Ainda ontem éramos tão puros!
Como das árvores, seus verdes frutos!
Promessas dúm futuro formidável

Vi naquela folha seca inflamável
aquilo que nos reserva o futuro:
Um fim tão repentino quanto brusco
pra essa curta existência lamentável!

Acordamos, perdemos a inocência!
Já vai tão longe os tempos de criança...
Hoje, vivemos tudo com urgência!

Defronte a isso, de terror eu grito:
Quero vencer a morte que me alcança!
Somente Deus pode lidar com isso!

Acyr - 21/3/2011 - 4:35

Ao Meu Nobre Filho

Um dia, aos 5 anos, meu filho encontrou um filhotinho
de pássaro agonizando no chão. Tentou cuidar dele mas
acabou enterrando-o... como nós fazemos com nossos mortos!

Um filhote de pássaro caiu!
Meu amor se apressou pr'a cuidar dele!
A vida é sublime, doce, solene...
Mas o pequenino não resistiu!

O meu príncipe muito lamentou!
Na inocência ele fez até velório
daquele momento, pr'a ele, inglório...
Uma criança que a outra enterrou!

Meu nenê tem mentalidade nobre:
Fez valer a pena uma breve vida...
O que menosprezamos ele acolhe!

Meu filho me ensinou uma lição
pra que, pela minha vida eu reflita:
Não viva sem amor no coração!

..

English version:

To My Noble Son
One day, at 5 years, my son found a bird's puppy  
agonizing in ground. Tried to take care of him but
ended burying it ... as we do with our dead!

A bird's pup fell!
My love rushed for care it!
Life is sublime, sweet, solemn ...
But the wee didn't resist!

My prince much lamented!
In innocence he did until wake
of that moment, for he, inglorious ...
A child buried the other!

My baby have noble mentality:
Made it worth a short life ...
What we disparages he welcomes!

My son taught me a lesson
for which, by the my life I reflect:
Don't live without love in heart!

Acyr - 21/3/2011 - 3:15

Senhora Madrugada


Caminha a senhora dos olhos turvos!
Apresenta-se nua em cada esquina!
Fazendo-se de inocente menina
ela contabiliza seus mil furtos!

Dos sonâmbulos ela é companheira
que, desatentos, entram no seu clima!
Tratam como se fosse gente fina
aquela que só causa choradeira!

Pois nela nossos momentos são curtos!
Nada! Realidade que desafina!
É doença que não para de dar surtos!

Falsa alegria! Na inútil canseira
imaginamo-nos como obra-prima
mas, estamos mesmo é da morte a beira!

..

English Version:

Lady Dawn

Walks the lady of bleary eyes!
Presents herself naked on every corner!
Making sure of innocent girl
she counts her thousand thefts!

Of sleepwalkers she is companion
that, inattentive, enter in hers mood!
Treat it her as if were fine people
that which that only causes whining!

Because on her our moments are short!
Nothing! Reality that of tune!
I's disease that not stop of give outbreaks!

False joy! In useless toil
we imagine ourselves as a masterpiece
but, we're even on the verge of death!

Acyr - 21/3/2011 - 2:15

Ao Meu Irmão Neto

              O Neto em 1978
Especificamente...

Madrugada... Era o grito de alegria
nos velocípedes da confusão,
que nos jogou ossos, tais como à um cão,
sem perceber o quanto nos feria!

Vai crescer arisco, agredir o mundo!
Cobrar-lhe o preço da não compaixão!
Sementes jogadas no seco chão!
Mandaram-nos à um abismo sem fundo!

Somos fortes. Vamos sobreviver!
Onde estará você, meu irmãozinho?
Longe... Nunca pude te proteger!

Sobraram-se as lembranças do passado!
Éramos pássaros fora do ninho
de futuro incerto, não planejado!

..

English version

To My Brother Neto
Specifically...

Dawn ... Was the whoop of joy
in the tricycles of confusion,
that threw for us bones, such for a dog,
without realizing how much we smiting!

Will grow skittish, aggress the world!
Charge you the price of non compassion!
Seeds thrown on dry ground!
Sent us for a bottomless pit!

We're strong. We'll survive!
Where will be you, my little brother?
Far ... I could never protect you!

Leftover up memories of the past!
Were birds out of the nest
of uncertain future, unplanned!

Acyr - 21/3/2011 - 00:45

Visão de Raio X


Enxergo tudo com pouca visão!
Pois se eu tivesse olhar de raio X
as coisas não seriam tão sutis!
O que é belo seria aberração!

Eu viveria em um mundo de monstros...
A gatinha? Só mais um esqueleto!
Ossos, sangue e ventre... Do lado avesso!
Medo e pesadelo nos encontros!

Então me sinto bem por não enxergar
aquele vinco de pé de galinha
e borrachudos na areia do mar!

Só me basta a cor das suas palavras
que me dizem que você é só minha!
A verdade desse conto de fadas!

Acyr - 22/3/2011 - 23:25

Sons


Nunca estamos no silêncio completo!
O mundo é dominado pelo som,
percebido, porém, só pelo dom
de poucos que vivem sob esse teto!

Me alegrei com o som da euforia!
Foi fácil! Não sou uma pessoa séria!
Mas fiquei surdo com o som da miséria
gritante, através do olhar que pedia!

De dia, o tom alto do sol a pino
é, dessa ópera, a terceira voz
que tranforma meu falsete em gemido!

É na cadência da lua, de noite
que me é imposto um rítmo atroz
enquanto eu danço nos solos do açoite!

Acyr - 20/3/2011 - 21:20

sábado, 19 de março de 2011

Pelo Meu Filho



Dorme meu filho, bons sonhos te sigam!
Papai está bem longe trabalhando,
garantindo do show, o nosso canto...
calando os que agora conosco gritam!

Minha mente está em você concentrada
enquanto as estrelas brilham no céu,
tranformando essa vil labuta em mel,
porque logo nos veremos em casa!

Eu levarei o café da manhã!
O fruto daqui é seu por direito!
Por você, minha vida não é vã!

Você é a continuação do meu jeito!
Filhinho meu, saiba que sou seu fã!
Você é a minha tese, o meu conceito!

Acyr - 19/3/2011 - as 3 horas da madrugada

Equívocos


Pensam que a prisão dos entorpecentes
é uma nova forma de liberdade!
Não enxergam a vil calamidade
que mata até nossos adolescentes!

Nomeiam a pura fornicação
de tratamento, de modernidade!
O adultério está na normalidade
apesar de destruir a razão!

Alegam que faz parte do progresso
e que, portanto, estão evoluídos
para um novo valor agora expresso

que mede os sentimentos destruídos
do homem atual, qual réu confesso
de seus crimes ainda não resolvidos!

Acyr - 19/3/2011

Injeção

Com aqueles comprimidos não deu!
Me alquebrava, dura, a dor fustigante
que impedia o meu andar galante!
Manco...Você nem me reconheceu!

Meu bom médico, porém, receitou
um remédio infalível: Injeção!
Essa - garantiu - Não será em vão!
Foi bom... Você pra mim, de novo olhou!

Só teve um efeito colateral,
pequeno, mas que causa dor profunda,
principalmente aqui na lateral

Pois cada vez que uma cadeira afunda
acusa em mim uma cara de mal!
Ainda queima a picada na... Perna!

Acyr - 18/3/2011

quarta-feira, 16 de março de 2011

Porteiro

Quando eu volto cansado para casa
me despeço da luz daquele poste!
Por onde eu piso? Por favor me mostre!
Deixe eu ver onde o meu caminho acaba!

Logo estarei seguro ali dentro,
é o que eu digo para a porta que fala,
que me responde que nunca se entala
e que diz: a noite toda eu aguento

acordada, inabalável, de pé,
zelando pela sua segurança:
Bom descanso meu senhor! Vai com fé!

Depois, já deitado no travesseiro,
sei que terei uma noite bem mansa,
graças ao meu grande amigo: O porteiro!

Acyr - 14/3/2011

Frentista

As estradas são veias do Brasil
e seus carros são glóbulos vermelhos!
Para a nutrição é preciso tê-los
porque fazem o transporte varonil

de gente: células da sociedade!
A linda pele da população
que vibra com seu forte coração
quando vai para os postos da cidade!

A pessoa que bota gasolina
mantém a dinâmica do país
como se fosse a sua adrenalina!

Se o néctar é puro é ele quem diz!
É a tarimba que com ele combina!
Frentista: a profissão que eu sempre quis!

Acyr - 13/3/2011

segunda-feira, 7 de março de 2011

Vigilante Noturno

Seres noturnos que rondam sem sono
por todos os lados, na noite escura
que tem fome do que estão na procura
infrutífera, como cães sem dono!

Reles ladrões da ninharia alheia...
Seguem roubando seu próprio descanso,
pois não querem dormir um sono manso...
Querem a dor da noite dela cheia!

O que pode fazer um vigilante
para conter a insensata horda
que contra ele, avança instigante?

Nada! Porque está do barranco a borda,
solitário, sem apoio constante,
já que a sociedade jamais acorda!

Acyr - 6/3/2011

O Piloto

Do alto as pessoas desaparecem!
Os grandes prédios são como formigas,
ficando invisíveis suas intrigas
que aos que ficam no chão tanto aborrecem!

Lugares distantes ficam tão pertos
uns dos outros que parecem um só!
A curva dum rio é tal como um nó
de linha que corta o terreno aberto!

O horizonte se mescla com a paisagem
e o sól demora bem mais pra se pôr!
Fica entre as nuvens como uma miragem!

No gigante azul anil, o labor
do piloto que conduz longa viagem
é, com certeza, feito por amor!

Acyr - 7/3/2011

sexta-feira, 4 de março de 2011

Pobre Povo

Povo...
Prá lá e pra cá,
sempre roto,
mal tratado, muito pouco!
Com quase nada sobrevive,
não sabe ser livre!
Maltrapilho, embriagado,
pisoteado,
louco...
Sem direção, grita
até ficar rouco!
Se agita sem ter razão,
sem ter paixão,
sem ter fogo...
Pobre povo!

Acyr - 4/2/2011

quinta-feira, 3 de março de 2011

Os Miseráveis

Na miséria onde o ser humano vive
em escassez de saúde mental
onde não existem ideias firmes
e onde impera somente o mal

Há pelo mínimo grande procura
que se retira de quem nada tem
Um corvo na fenda da sepultura
sempre disposto a cavar mais além

Não ficam felizes de ver sorrisos
que são para eles provocações
ou então como punhais pontiagudos
a cravarem-se em seus corações

Dos olhos desceram lágrimas sujas
que pelos seus rostos jamais rolaram
Estão encharcando as entranhas nuas
que expostas nas ruas já os denunciaram

Acyr - 26/6/2010