sábado, 20 de novembro de 2010

Roupa Velha


Com vaidade nossos corpos vestimos!
Mas o tempo não perdoa e transforma
em maus trapos as nossas vestes, que outrora,
eram as nossas marcas de mui Grã finos!

Pois tão lindos ficávamos a andar,
nos sentindo tão seguros... maduros,
galantes porque não estávamos duros...
Isso foi antes da roupa acabar!

Agora, naquele monte esquecido
jaz inerte o rasgado e velho pano,
que um dia já foi um fino tecido!

Ele está chamando a nossa atenção
nos dizendo que também ficaremos,
no futuro, jogados pelo chão!



English Version

Old Clothes

With pride our bodies we dress!
But time doesn't forgive and transforms
in bad rags our clothes, which formerly,
were our brands of very swell!

Because so beautiful we became to walk,
feeling so safe ... mature,
gallant because we weren't without money ...
This was before the clothes runs out!

Now, at that forgotten bunch
lies inert the torn and old cloth,
that one day was once a thin fabric!

It is calling our attention
telling that us would also we will be,
in the future, thrown on the floor!


Acyr - 7/8/2009

Final do Verão

Águas de março
no cadarço do sapato
indicando, molhado,
o final do verão!

Chuva teimosa refina
e combina, no terreno,
muitas coisas, que rima
com o coração!

Folha caída,
esquecida... Chão varrido
pelas gotas dos céus!
Acabou-se a paixão!

Acyr - 22/3/2009

No bar: Trovador Repentino


"O bar é um lugar onde a pessoa
pode se destruir, pensando que
está se dando bem"
("The bar is a place where the person
can self destroy, thinking that
is doing well ")
Van Gogh


Liberto-me desse amor
bebendo num reles bar!
Me esqueço da rude dor
só para tagarelar!

Olhares turvos eu vejo!
Maldosos, sinceros, quentes,
vazios, vis, vãos, insanos...
Desesperados dementes!

Também vejo um poeta
numa mesa a rabiscar
letras sobre o que o afeta
fora das mesas desse bar!

Vem alguns e se vão outros...
Muitos duram... De passagem!
Os que marcam são bem poucos,
com aquelas porcas mensagens!

Cervejas e mais cervejas...
cegueira da realidade
sem ter mais qualquer certeza
eu distorço a minha face!

Naquele canto as obtusas
a muito estão trabalhando
oferecendo suas frutas
mordidas de vez em quando!

Sempre tem os vagabundos
bons de papo, filadores,
sempre sem grana... Sem fundos!
Vem com mundos, vem com cores!

Vem pra cima dos otários,
que lhes pagam as noitadas,
fazendo-se de hilários
com piadas bem contadas!

Garçonetes se divertem...
O dono do bar também...
Velhos segredos submergem
nos olhares que ali tem!

O fiado? Nem pensar!
Pra beber é só a vista.
Vai primeiro trabalhar!
Pois confiança se conquista!

..

English version

In Bar - Sudden Troubadour

I'm free of that love
Drinking in a cheap bar!
I forget the rude pain
just by chatter!

Bleary glances I see!
Wicked, sincere, warm,
empty, vile, vain, insane ...
in desperate dement!

I also see a poet
in a table to scribble
words about what affects
outside of desk this bar!

Come some and go others ...
Many endure ... In passing!
The that mark me are very few,
with those sows messages!

Beers and more beers ...
blindness of reality
without have more any certainly
I distort my face!

At that corner the underhand woman
long time are working
offering hers fruits
bites from time to time!

Always have the bums
good to chat, beggars,
always broke ... Without funds!
Comes with worlds, comes with colors!

Come for above of the suckers,
that pay his nights,
making themselves of hilarious
with jokes well told!

The waitresses have fun ...
The bar owner also ...
Old secrets emerge
in looks that there's!

The spun? Not a chance!
For drink, only in the view.
Go first to work
then trust is earned!

Acyr - 13/02/2009

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A Constituição da Poesia

Proposta de "Lei" para a
regulamentação da poesia:

Artigo I:
Todo coração é livre e voa
tornando o poeta um ser livre
pra escrever palavras a toa
pois sua inspiração não se inibe.

Artigo II:
Todo poema é lindo agora,
mesmo os que não nos agradar,
pois falam da alma que chora
ou que sorri por amar.

Parágrafo único:
O coração que chora borra,
com lágrimas, o papel
que leva embora o fél
da inspiração da hora.

Artigo III:
Fica, por decreto, instruído,
que a poesia é a linguagem
de quem só pro amor tem vivido
e vê tudo mais como bagagem.

Artigo IV:
Tudo o que existe nesse mundo
é matéria-prima para um poema.
pois tudo está no dom fecundo
de quem escrever tem por lema.

Parágrafo único:
O céu, o mar e a natureza
nos dão a beleza da rima
ou o nexo da aspereza
de quem só vê tudo por cima.

Artigo V:
Em qualquer idioma as palavras
são sons lindos, melodiosos,
mesmo aquelas ditas erradas,
vindas de corações ansiosos

Artigo VI:
Palavras que expressam a dor
podem, fácil, nos confundir.
As alegres falam de amor,
porém nenhuma vai nos sorrir.

Parágrafo 1:
Amor e ódio sempre andam
lado a lado com as mãos dadas
que se ficarem espalmadas
desunidas se tornam e desandam

Parágrafo 2:
O poema que não tem nexo
nos diz um pouco mais, além,
nas entrelinhas, no anexo...
Sempre algo mais com ele vem.

Parágrafo 3:
Palavras são como roupas.
Muitas vezes são mal usadas
escuras, de luto e poucas...
nas noite, em festas acabadas...

..

English version:

The Constitution of Poetry

Proposed of "Law" for
the regulation of poetry:


Article I:
All heart is free and flies
becomes the poet a be free
to write words for nothing
since your inspiration isn't inhibited.

Article II:
Every poem is beautiful now
even those who do not please us,
because speak of the soul that cries
or that smiling for loving.

Sole paragraph:
The heart that cries lees,
with tears, the paper
that takes away the gall
of inspiration of the moment.

Article III:
It's, by decree, instructed,
that poetry is language
of who has lived only for the love
and sees everything as baggage.

Article IV:
Everything that exists in this world
is raw material to a poem.
because everything is in the gift fruitful
that who to write have for motto.

Sole paragraph:
The sky, the sea and nature
give us the beauty of rhyme
or the nexus of the asperity
that who only sees all from top.

Article V:
In any language the words
are sounds beautiful, melodious,
even those spoken wrong
coming of anxious hearts

Article VI:
Words that express the pain
can, easily, confuse us.
The cheerful talk of love,
But no go to smile for us.

Paragraph 1:
Love and hate always go
side by side with the holding hands
that if it stay splayed
become disunited and desandam

Paragraph 2:
The poem that has no nexus
say us a little more, beyond,
between the lines, in the annex ...
Always something comes with it.

Paragraph 3:
The words are like clothes.
oftentimes are misused
dark, mourning and few ...
at night, at parties finished ...

Acyr6/12/2007

Volúpia

 Matisse (1905) - "Luxo, Calma, Volúpia"

Espasmos a naus em brumas elásticas
na vontade do amaro e bom afago
cujos ruídos se tornam estatísticas
elípticas, ao redor de nós dois!

Nos cirros estão nossos pensamentos
indeléveis, rudes e gananciosos.
De fato, me acabo em doces lamentos...
Vem, não podemos deixar pra depois!

Acyr - 19/10/2010

Tempestade: Voz de Deus

Os corações tremeram de amargura,
pois o semblante dos céus descaiu
silenciando toda nossa bravura...
relâmpagos como nunca se viu!

O vento assobia nos avisando
para nos esconder... Chegou a hora!
Ele chegou e já está nos julgando!
Rezamos mas ele não vai embora!

Medo de chuva é temer o castigo
porque o trovão é a bronca de Deus,
que por aqui ecoa, tão temido,

à Terra pecadora, tenebroso,
dizendo-nos: Lembrem-se filhos meus,
daqui a pouco o arco-íris não demora!

Acyr - 26/6/2007

Inverno

Sentou na mesa sem ser convidado,
então nenhum lugar está mais ermo,
pois onde eu for estará ao meu lado,
insistente, as vezes meio terno,

outras vezes saudosista demais...
Doce ou rude, mas sempre aqui por perto
como aquela velha foto dos pais
me lembrando do meu passado incerto,

da saudade do coração aberto,
recordando o calor do seu olhar,
observando aquele menino esperto!

Vem cá! Senta-se... Abraça o perverso
fogo do pecado desse lugar...
Resfrie pensamentos ó inverno!

Acyr - 26/6/207

Assombro


O escuro desembarca do nada
e repentinamente somos história

Na realidade tão distante via
Se era possível agradar alguém!
Fugaz e insipida ralé, não ria!
De ti não foge o visceral desdém!

À quente tarde eu esmoreço vil
Flechando raio dos meus olhos, quente!
Não me comove o brilho azul anil
O céu me está pesado, duro e ausente!

Do pesadelo dessa vida nua
A fé na morte nos aguarda crua
Com novidades que farão a história!

Eis que o passado, qual peneira, côa!
Préstito trigo nessa terra, broa
Apodrecida, já virou escória!

..

English version:

Amazement

The dark disembark of nowhere
and suddenly we're history!

In the reality so distant I looked
If could delight someone!
Fleeting and insipida riffraff, don't laugh!
Thee not escape the visceral disdain!

For the hot afternoon I faint vile
Shooting ray from my eyes, hot!
Doesn't softens me the glow bluing blue
The heaven me is heavy, hard and absent!

Of this nightmare bare life
Faith in death awaits us raw
With news that will make history!

Behold the past, as sieve, strain!
Procession wheat in this land, bread
Rotten already turned dross!

Acyr - 18/011/2010

Rumo ao Desconhecido

Largos passos que ruma pra onde?
No compasso do tempo que não passa
mas que fica do passado tão distante,
tão longe dele que não mais lembramos!

Aonde eu vou seguindo a multidão?
Onde todos vão e a quem perseguem?

Seus instintos lhes ditam a direção,
seus medos asfaltam suas estradas,
gargalham dos que são ultrapassados!
Chegarão antes ao desconhecido!

Acyr - 24/07/2008

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A Velha Praça

Praça Mons. Silva Barros - A Praça da Eletro - Muitas histórias nela,
desde o final dos anos 70 em diante.



Folhas secas caídas pelo chão
ao vento que anuncia o fim do inverno!
Os pombos que namoram aqui por perto,
decerto, os donos dessa praça são!

Árvores majestosas, centenárias
que guardam mil segredos do passado!
Segredos que deixaram o banco vago,
abandonado... por gente, por párias!

Pessoas belas que apressadas passam
indo aos afazeres dos quais não largam,
que os tirou do lugar onde brincaram!

Não se lembram que aqui já estiveram!
Que cheiros sentiram, que cores deram
de onde vieram... porque aqui se amaram!

..

English version:

The Old Plaza


Fallen dry fallen on the floor
in the wind that heralds the end of winter!
The pigeons who date around here near,
certainly, are the owners of this plaza!

Majestic trees, centenary
Guarding thousand secrets of past!
Secrets that left vagus the bench,
abandoned ... by people, by pariahs!

Pretty people that hasty pass
going to their business of which don't give up,
that took them of place where they toyed!

Don't remember who were already here!
That felt smells, the colors that gave
where they came from ... because here they loved!


Acyr - 06/09 (september) /2010

A Soma




Chafurdo na espera desesperada
do derradeiro momento final,
que ligeiro vem, com força total,
subindo cada degrau dessa escada!

Vai obstinado ao topo, à cabeça
obliterar de lá toda razão,
pr'a bradar a palavra como não
a quem der a mão visando defesa!

É a consequência do fútil passado,
dos tombos no caminho desastrado!
A somatória dos erros da vida!

Vem bestificar mais essa existência
vegetativa e cheia de arrogância
desde a sua dolorosa partida!

..

English version

The Sum

Rummage in desperate expects
of the ultimate final moment,
that quick comes in full force,
climbing each rung of the ladder!

Stubborn go to the top, to the head
obliterate of there any reason
shout any how word as a no
to who gives the hand aiming defense!

It's the result of the futile past
of the bumps on the fumbling road!
the sum of the errors of life!

Comes degrade even more  this existence
vegetative and full of arrogance

since his departure painful!

Acyr - 1 de setembro de 2010

Filho do Povo

Filho do Povo

Olhando as quentes ruas da cidade
fico com dó deste povo sofrido
que batalha pela felicidade
contra um poderoso e vil inimigo

que tem, como arma, só falsidade,
sendo de todo seu pudor despido
e que distorce a negra realidade
obliterando todo o seu sentido!

Pois como pode um povo corrompido
querer o reger com honestidade
dum governo, que foi constituído

para ser, de todo, mal exercido,
só com leis de ganância e de maldade,
mal elaboradas pelo seu filho?


Acyr - 22/11/2006

O homem Cana

 Aos poetas:

Ao sol ardente, quente, se bronzeia
esperando impávido pelo vento
que, como um castigo, lhe esbofeteia,
fazendo com que se perca no tempo!

Contudo, nem mesmo a cruenta labuta
que, sem piedade, lhe desvanece
e lhe castiga como fina agulha
na sua carne, que, aos poucos envelhece,

lhe faz retroceder de sua luta
para sorrir a você com bondade,
porque ele é tal qual um tambor que rufa!

O mundo louco já não o atura!
e quanto mais apertado lhe espreme
bem mais, ainda, lhe escapa doçura!

Acyr - 8/11/2006

A Poça de Lama



Meu filho, nenê, transformava nossa casa
em seu fantástico mundo de brinquedos.
(My son, baby, transformed our house
in its fantastic world of toys.)



Só consigo ver um tapete imundo
quando piso n'uma poça de lama!
Olho pro sapato, meditabundo...
Que sujeira! Ninguém lá em cima me ama!

Meu filho não demora um segundo...
Abaixa e faz um monte bem bacana!
Conversa com a greda. Singelo zumbo...
Então termina a disforme bordana!

Meu filho me chama. Temos assunto!
Feliz escuto dele a doce acroama:
O castelo de barro foi seu triunfo!

Com pureza me ensina como se ama!
O raso que pode ser tão profundo
e a cegueira que é ferida que inflama!

..

English version

The Mud's Puddle

Only I can see a filthy carpet
when I tread in a mud's puddle!
Eye my shoe, meditatively:
That muck! Nobody up there loves me!

My son didn't delay a second ...
Bends down and does a pile very cool!
Talk with the dirt. Homely buzz!
Then ends the misshapen wall!

My son calls me. We have matter!
Happy I hear his sweet speech:
The mud's castle it was his triumph!

With purity he teaches me how to love!
The shallow that can be as deep
and the blindness that's wound that inflames!



Acyr – 23/10/2006

Diante do Espelho

Diante do Espelho

De pé, na presunção de ser eu mesmo,
no vão espelho estou a refletir!
Esperança de ver meu rosto fresco,
Mas que o tempo logo vai consumir!

Alí aquela imagem refletida:
Minha muda e íntima companheira!
Longe: É a que mais comigo se combina!
De perto: A expressão mais verdadeira!

Quando nossos olhares se encontram,
sem perceber, eu lhe digo que a amo!
Porém os olhos que me fitam zombam:
Egocêntrico coração profano!

Com um sorriso desproporcional,
Falso, incrível, como se fosse choro,
nos despedimos: Adeus afinal!
Pra bem longe de mim eu logo corro!

Acyr - 21/10/2006

Pesadelo

Pesadelo

Na penumbra da mente
avisto de repente
a sombra a me seguir
e comigo a bulir!

Na névoa densa, eu!
Aquilo tudo é meu!
Fui quem criei, pensei!
No escuro eu sou a lei!

A sombra reaparece,
avança e me arremete!
Domina esse meu sonho!

Fico então indefeso!
Morto de desespero!
Pesadelo medonho!

Acyr – 9/9/2006

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Pesadelo - 2

Cores neutras, negros tons!
Abismos rasos, com fogo!
Qualquer canto, só engodo!
Saber, voar: meros dons!

Não ter medo de cair!
Pairar em cima das casas!
Mas velozmente hão de vir,
vão surgir as negras asas!

A queda vertiginosa!
No chão que gruda, que cola!
Na ânsia de falar, grita!

A respiração difícil!
Dor: Esse amargo suplício!
Cruel olhar que me agita!

Acyr – 9/9/2006

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Pesadelo - 3

Cores neutras! Negros tons! Fantasia!
Abismos rasos! Fogo... Longa queda!
Em qualquer canto um grosso caldo azeda!
Saber voar: Foi um dom que eu queria!

Não tinha medo de cair no chão,
de flutuar por sobre nossas casas,
em meio a pessoas abandonadas,
sem bater asas: Sou aberração!

Minha voz parece vertiginosa!
Crua sai de minha boca e me desola...
Vou acordar a minha alma com medo!

Abro os olhos: Como em dores de parto!
Desta terrível noite eu estou farto!
Afinal, acabou o pesadelo!

Acyr – 15/6/2010

Enfermeira: Derradeira Esperança


Olhares turvos. Dura desconfiança...
Será que essa doença vai sarar?
Só correria, no ligeiro andar
que quer ajudar aquele que sangra!

Nos corredores curvos não se cansa!
Carinho e alegria no seu olhar!
E sofre conosco, se contagia...
Entre nós os enfermos ela dança!

Porque dos doentes ela é a princesa!
Cavalga a triste morte com destreza!
Ao  fundo do indizível ela se lança!

Desaparece com a doença minha!
Do hospital ela é terna rainha...
E de nós: a derradeira esperança!

..

English version:

Nurse - The last Hope

Gazes cloudy. tough mistrust ...
Is it that this disease will heal?
Only hurry, in the fast walk
who wants to help the one who bleeds!

In the curved corridors don't get tired!
Love and joy in his look!
And suffer with us,  get spreads ...
Between us, the sick, she dances!

Because of the patients she's the princess!
Ride the sad death with dexterity!
At the deep of the unutterable she get move !

Disappears with my disease!
From the hospital she is the tenderest queen ...
And of us: the last hope


Acyr - 9/setembro/2006

Você - Auto-Recordações

Você - Auto-Recordações

A imagem do meu passado que vem
de volta no silêncio da lembrança,
permanece muda e vai mais além:
Dança tranqüila enquanto me balança...

Sou eu! Uma jovem aparição
que fala por gestos mas não me vê!
Eu me lembro... Vaga recordação!
E me vendo, chamo-me de "você"!

Mas é "você", agora inatingível!
Está em paz, pois a muito me deixou...
Distante, errante, irreconhecível...

Então acordo para o meu futuro!
Tento ver no que "você" me tornou,
e eis que sou só um velho caduco!

Acyr - 12/2/2008

Amor Antigo

 

Para eu pintar o seu bonito quadro,
no arco-íris o meu pincel molhei!
Porém, jamais ficou do meu agrado! 
Suas cores certas jamais imitei!

Seus belos olhos, para retratar,
eu fui buscar na cor do mar profundo! 
Para o seu sorriso, fui procurar
das nuvens, a tez mais branca do mundo!

É nesta imagem já tão desbotada,
que está no muro do meu coração,
que a minha lembrança está revirada! 

As vezes ela é remodelada!
Por vezes já tentei substituir!
Não deu! Você é ainda minha amada!

Acyr – Revisão em 10/3/2010

..


English version:


Antique Love!.

For I to paint your pretty picture,
In the Rainbow my brush wet!
But never was to my liking!
His certain colors I never imitated!

His beautiful eyes, to portray
I was to seek the color of the deep sea!
For your smile, I was to search
in the clouds, the tone more white in the world!

Is in this image already so discolored,
which is in the wall of my heart,
that my memories are twisted!

Sometimes it's refurbished!
Sometimes I have tried to replace!
It didn't gave right! You're still my loved!




Acyr - August/12/2011

As Mãos


Essas mãos que afagam, que acariciam,
são as mesmas que apertam o gatilho!
Essas mãos que acenam não e que fiam,
também papeis assinam em juízo!

Essas mãos com água pura se lavam,
mas não removem suas manchas de sangue!
Cova profunda, com a pá, elas cavam
para outra que um dia foi sua amante!

Mãos que nos cumprimentam, nos apertam,
são as mesmas que também nos acertam
e nos negam, com sinais de demência!

As nossas mãos, que pecam sem parar,
por fim se juntam... Elas vão orar
e suplicar, fingidas, Sua clemência!

..

English version:

The Hands

These hands that cuddling, that caress,
are the same as squeeze the trigger!
These hands that nods no and  agrees,
Also sign papers into judgment!

These hands with pure water are washed,
but not remove their blood stains!
Deep graves with a shovel, it dig
to another that one day was once his mistress!

Hands that greet us, tighten us,
are the same that also hit us
and denied us, with signs of dementia!

Our hands, who sin without stopping,
ultimately it gather ... will pray
and supplicate, feigned, His clemency!
.
Acyr - 19/12/2009

terça-feira, 2 de novembro de 2010

O Nariz

O Nariz
.
É no cheiro que está a vã intenção!
O odor acre da injustiça é feroz!
Não distribui, por igual, nosso pão
e o lamento cresce na nossa voz!
.
E quem é que sente o cheiro da morte
bem antes mesmo dela aparecer,
liquidando, inclusive, até o mais forte,
que derrama na terra seu poder?
.
Mas preferimos o cheiro da flor!
Um perfume pra driblar o fedor
que se solta do nosso coração,
.
até que, enfim, na fumaça do tempo,
que é levada, pra longe, pelo vento,
vemos que a nossa vida foi em vão!
.
Acyr - 19/12/2009

No Ouvido

No Ouvido
.
No murmúrio triste do desespero
nos desviamos dum som de socorro!
É da criança que chora de medo!
É do velho que fala desaforo!
.
Na música sarcástica do riso
é que se disfarça a vil ironia!
Na mulher é o seu sorriso bonito
e está no furor do homem que a via!
.
No gigante troar tempestuoso,
muito pior que o crepitar desse fogo,
vemos, de noite, do que é capaz
.
um único e medíocre pernilongo!
Nosso pior pesadelo, o mais longo!
É o som da guerra... da falta de paz!
.
Acyr - 19/12/2009

A Boca


É a parte mais perigosa do corpo!
Tem o poder de matar a distância
por aquecer as palavras, qual forno,
transformando-as em ódio, desde a infância!

Também pode ser a parte mais pura
e levar felicidade a milhões,
se apenas sorrir com doce ternura
e não rugir como os bravos leões!

Pode ser venenosa como cobra,
e causar uma lancinante dor,
expelindo de si somente droga!
 
Poderia ter sido um bom manjar,
se tão somente beijasse com amor,
dando à nós a vontade de lhe amar!


..

English version:

The Mouth

It's the most dangerous party of the body!
It has the power to kill the distance
By heating the words, like a furnace,
transforming them into hatred, from childhood!

It may also be the party most pure
and bring happiness to millions,
if only smile with sweet tenderness
and not roar like the brave lions!

It can be poisonous like snake
and cause excruciating pain,
expelling itself only drug!
 

It could have been a good custard,
if only kissed with love
giving us the desire to love him!



Acyr - 18/12/2009

O Olho

O Olho
.
Olho anda bem mais rápido que o pé!
Seus passos atravessam uma montanha.
É ligeiro até em cima da maré,
subindo ou descendo, ele não se acanha!
.
O olho que se lembra do passado
também vislumbra o incerto futuro,
que chora no presente inacabado
por ter almejado um amor obscuro!
.
O olho me cansa o resto do corpo
que lhe obedece incondicionalmente
até que exausto, por terra, cai morto!
.
O olho é o grande culpado de tudo,
pois ele é o que avança na nossa frente
e a tudo julga dum modo tão bruto!
.
Acyr - 18/12/2009

Pés no Chão

Pés no Chão
.
Pés na tez impermeável da Terra...
Não tem prazer os homens que te pisam
Oh vil terra que de asfalto se encerra,
isolando os fluidos que em nós ficam!
.
Pés em sapatos que isolam bem mais,
e a caminhada se torna penosa,
desastrosa como a dos nossos pais
que se perderam em eras remotas!
.
Pés no lixo, em micróbios rastejantes
em passos incertos e tateantes
no tosco espinho se perfurarão!
.
Pés em campos minados que se explodem,
e, se não nos matam, não nos acodem,
mas tiram, de vez, nossos pés do chão!
.
Acyr - 16/12/2009

A Terra Tomada de Assalto


.
Deus viu, pois, a terra e eis que estava
arruinada, porque toda a carne havia arruinado 

seu caminho na terra
Gênesis 6:12


Ai daquele que constrói uma cidade com derramamento
de sangue, e que estabeleceu firmemente uma vila 

por meio de injustiça! ...Pois a terra se encherá do 
conhecimento da glória de Deus... assim como as próprias 
águas cobrem o mar.
Habacuque 2:12-14
.



Nas densas nuvens luz ficou difusa!
Perde-se nesse imenso mar de dor,
Lamento tardio de quem abusa
e deturpa a caridade e o amor!

Do desrespeito ao chão que pisamos
a Terra se livrará desse horror!
Ela inverterá o que lhe causamos!
Reluzirá sua luz na antiga cor!

Ao pecado que a Terra nos acusa
virá dos céus contundente procela!
O pecado não passará por alto!

Engolirá a rebelião confusa,
que deixou nosso nosso lar como uma cela!
Somos prisioneiros d'um injusto assalto!

..

English version:

The Earth Taking of Assault

God saw, for the earth and behold be
ruined, because all flesh had ruined
their way on earth
Genesis 6:12

Woe to him who builds a city with spill
of blood, and firmly establishing a village
through injustice! ... Because the earth shall be full of
knowledge of the glory of God ... as well as own
waters cover the sea.
Habakkuk 2:12-14.


In dense clouds light was diffused!
Lose itself in this vast sea of ​​pain,
Sorry late of who abuse
and misrepresents charity and love!

Of the disrespect to the ground we walk
The Earth will escape this horror!
She will reverse what we him caused!
Will shine your light  in the old color!

To the sin that the Earth accuses us
will come from heaven blunt tempest!
Sin will not pass by unpunished!

Will swallow the rebellion confused
that  has made our home as a prison cell!
We're prisoners of an unjust assault!

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Acyr - 15/12/2009

Velhice

Velhice
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O homem, nascido de mulher,
É de vida curta e está empanturrado de agitação.
Como a flor, ele brota e é cortado,
E foge como a sombra e não permanece em existência

Jó 14:1,2
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Da boca a espada que a mim feria
ruiu no solo. Será que foi pra sempre?
Gorjeios de lamentos requeria,
buscando ser verdade, ferozmente!
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Derradeira, dos olhos derramou,
a tardia lágrima, que escorria.
Coração desgastado descansou.
Infortunada alma que falecia!
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Os sorrisos ficaram no passado.
A sua voz não está mais presente.
Somente fica o que está apagado.
Morte de fato? Logo ali na frente!
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É a faca do tempo que volta e fere.
Faz seus cortes e não deixa esperança.
É a saudade que não retrocede...
Eu queria voltar a ser criança!
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Acyr - 22 de maio de 2006.