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quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Igreja Católica - Como Se Formou? - Parte 19

 Igreja Católica - Como Se Formou? - Parte 19

Uma tortura feita durante a Inquisição. Será que Deus aprovaria atitudes como essa, para a "sua maior glória"? Obviamente que não. Mas foi nisso, nesse reinado de horror e injustiça descomunais, o que o que se transformou a igreja romana durante toda a Idade Medieval. Mais detalhes deste terrível período da História humana vermos nas próximas partes.



- Um Enxerto Desonesto -
A trindade, conforme vimos, foi se desenvolvendo através dos séculos. Vimos também que, após os apóstolos, ou mais de 300 anos depois deles, os "pais da Igreja", começaram a dizer que Jesus é Igual a Deus. mas não incluíram o Espírito Santo. Este, como "terceira pessoa igual a Deus e Jesus" só seria proposto no Concílio de Constantinopla, em 381. Assim, em algum momento, entre o Concílio de Nicéia (325) e o de Constantinopla, começou-se uma "procura" por um ser espiritual para ser colocado, como terceira "pessoa" do planejado deus trino católico, de inspiração pagã.
Embora os "pais da igreja" criassem um novo deus, que talvez tenha sido interpretado pelas palavras de Jesus que pedia para os apóstolos batizarem as pessoas "em nome do Pai, do filho e do espírito santo" (Mateus 28:19), houve desonestidade por parte dos modernos tradutores da Bíblia, que reconheceram que tal pedido de Jesus não explicava realmente a Trindade. Eles enxertaram palavras apócrifas no texto de 1ª João 5:7, colocando que "Deus, Jesus e Espírito Santo são um só".
No entanto, pesquisadores descobriram que estas palavras não se encontram em traduções bíblicas mais antigas. Assim, o professor universitário americano Bruce Manning Metzger (1914 - 2007), que lecionava grego e era tradutor bíblico diz em seu livro A Textual Commentary on the Greek New Testament (Comentário Textual sobre o Novo Testamento Grego): “Não há dúvida de que essas palavras são espúrias e não têm o direito de permanecer no Novo Testamento.
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- O Concílio de Constantinopla -
Se o espírito santo fosse uma pessoa, e ainda mais fazendo parte de Deus e Jesus, ele estaria, desde o início da Bíblia, nomeado e explicado. Seu papel na história humana, suas palavras e tudo a seu respeito seriam amplamente divulgados, como são divulgadas, na Bíblia inteira, as mesmas coisas com relação a Deus e Jesus.
No entanto, sempre que aparecem, na Bíblia, as palavras "espírito santo", elas se referem a qualidade de Deus. Deus é um espírito e ele é santo (sem pecados). Veja por exemplos: Isaías 63:10 (triste) e Isaías 63:11 (trabalhador). Nunca, na Bíblia, o espírito santo se refere a um ser espiritual personalizado.
Outro exemplo: Todos concordam que Jesus é filho de Deus. O próprio Deus disse isso (Mateus 17:5; Marcos 9:7 e Lucas 9:35), mas em Mateus 1:18,20 se diz que Maria engravidou do espírito santo. Se este espírito fosse uma pessoa, Jesus não seria filho de Deus, mas dessa outra pessoa.
Mesmo assim, no Concílio de Constantinopla (381), convocado, a exemplo do de Nicéia, por um imperador romano pagão, Teodósio 1 - o Grande (346 - 395), discutiu-se "a natureza de Deus". Julgou-se necessária esta discussão porque o Imperador Juliano (331 - 363) havia tentado restaurar a antiga religião politeísta romana, desfazendo temporariamente o catolicismo criado por Constantino em Nicéia.
Daquela vez, em Constantinopla, a coisa seria diferente. o catolicismo, agora definitivamente trinitário, voltaria a ser a religião oficial do império, mas as outras religiões, antes toleradas, seriam banidas. O catolicismo seria então, não mais incentivado para as pessoas, mas imposto pelo poder das espadas romanas, em todas as partes do império.
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- Poder Mundial -
Assim o Deus trindade, que ainda não estava totalmente "explicado" (e, de fato, é um "mistério" até os dias atuais) foi imposto aos povos conquistados. Depois daquele ato de Teodósio, a Igreja julgou-se "reino de Deus no mundo". Para isso, foram buscar, não na Bíblia, mas nas palavras de Agostinho (354 - 430): "O reino de Deus começou neste mundo com a instituição da Igreja Católica" - The New Encyclopædia Britannica, Macropédia, Volume 4, página 506. Se tivessem lido a Bíblia sobre o reino de Deus, teriam se deparado com o texto de João 15:19, no qual Jesus diz que seus discípulos "não fazem parte do mundo".
Foi a partir daquela época que a Igreja começou a se juntar com toda sorte de ações mundanas, incluindo as guerras. O historiador francês Paul Augustine Louis Rougier (1889 - 1982) disse: "Enquanto se difundia, o cristianismo passou por estranhas mudanças, a ponto de se tornar irreconhecível. . . . A primitiva igreja dos pobres, que vivia de caridade, tornou-se uma igreja triunfalista, que chegou a um acordo com as autoridades constituídas quando não conseguiu dominá-las.
Ou seja: A Igreja Católica da época do Concílio de Constantinopla era diferente da igreja Católica de 50 anos antes. Ela era "mais mundana". Quando o último imperador romano do Ocidente foi deposto por tribos germânicas, em 476, o Bispo de Roma Simplício (430 - 483), declarou ter direito a substituir o imperador e a Igreja Católica de substituir o império como um todo: A The New Encyclopædia Britannica (Nova Enciclopédia Britânica) registra: “Constituiu-se um novo poder: a Igreja Romana, a igreja do bispo de Roma. Esta igreja considerava-se sucessora do extinto Império Romano. Os papas de Roma . . . estenderam sua reivindicação secular do governo pela igreja além das fronteiras da igreja-estado e desenvolveram a chamada teoria das duas espadas, declarando que Cristo deu ao papa não somente o poder espiritual sobre a igreja, mas também poder secular sobre os reinos do mundo.”
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- O Reinado do Terror -
Essa nova condição da Igreja Católica, de uma instituição governamental, política e militar, ao estilo mundano, fez com que, a exemplo dos demais governos políticos, também se dividisse. Ainda no final do Século 5 ela se dividiu, dando origem as Igrejas Católicas da Armênia, da Síria e do Egito, que declararam não estar sujeitas ao bispo de Roma.
Durante os Séculos 11 e 12, surgiram muitos grupos dissidentes espalhados por todos os territórios, todos saídos da Igreja Católica, que resolveu radicalizar. Em novembro de 1184, no Sínodo (ou Concílio) de Verona, o Papa Lúcio 3 (1097 - 1185), em conluio com o Imperador do "Sacro" Império Romano Germânico, Frederico Barba-Roxa (1122 - 1190), publicou a Bula papal Ad Abolendam, que condenava como hereges e anátemas os seguidores do catarismo, arnoldismo, josephinismo, patarenesismo, humiliatismo, bem como os valdenses e os judeus. Estes deveriam ser "banidos da igreja e castigados pelas autoridades seculares", autoridades estas que, ironicamente, eram exercidas por clérigos locais.
A Inquisição, chamada de "santa" pela Igreja, então, começou com as Cruzadas. Os cavaleiros cruzados, que muitos hoje veem em filmes como heróis, eram, na verdade, caçadores de pessoas, inocentes ou não, para serem castigadas pelo simples motivo de pensarem diferente do que a Igreja Pregava.
Sim, o "reino de Deus na Terra", segundo Agostinho, a "igreja do deus trino", agora perseguia e castigava pessoas. Mas a coisa iria piorar e muito. Pelos próximos quase 6 séculos, a Inquisição iria ficar mais brutal, perseguindo toda e qualquer religião diferente da católica, com destaque para a Inquisição Espanhola, cujos efeitos duram até hoje, ocasionando a morte de milhões de pessoas (homens, mulheres e crianças), inocentes, indo acabar apenas 1834.
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- Desunião Cada Vez Mais -
Produziu a Inquisição a esperada união "para a maior glória de Deus", como se escrevia nos seus processos de julgamento? Não. Pelo contrário, a Igreja produziu cismas ainda maiores que antes. No Século 16, por exemplo, surgiram os reformadores. Lutero, Calvino, etc., todos eles antes padres católicos. Grandes religiões, a ponto da Igreja Católica não poder perseguir, foram formadas por eles. Religiões estas que duram até hoje.
Mas, e hoje? Como é a Igreja Católica nos dias atuais? O que ela prega e qual é o resultado de sua presença, cada vez menor, nos países ocidentais?
É o que vamos ver na próxima parte.
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Continua

domingo, 28 de julho de 2024

Igreja Católica - Como Se Formou? - Parte 9

 Igreja Católica - Como Se Formou? - Parte 9

Representação artística do bispo de Roma Calisto, que foi chamado de "papa" pelos seus correligionários. De um simples apelido bajulador a um um título clerical.


- Organização Descentralizada -
Conforme vimos, na 7ª Parte, a Igreja Católica se organizou em torno dos bispos. Por todas as cidades do império romano, e além, haviam congregações "chefiadas por um bispo. Não havia mais os apóstolos em Jerusalém como o "corpo governante" deles, guiando-os à base da Bíblia. Agora era a palavra desses bispos, não as da Bíblia, a "lei" para aqueles "cristãos" sob seu comando. E como os bispos não eram unidos, a Igreja Católica, em seu início era descentralizada. Não havia um "centro de comando". Mas, como esses "bispos" surgiram?.
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- Predito O Início da Apostasia -
No tempo dos apóstolos, não haviam, entre eles, pessoas que pudessem ser reconhecidas como "chefes". Não há um único relato na Bíblia no qual os apóstolos foram chamados de "líderes", "pais" ou qualquer outro título que os colocassem acima dos outros (Mateus 23:9-12). Os apóstolos, os anciãos, e todos os discípulos participavam igualmente, na pregação.
Por exemplo, em Atos 15:22,23, lemos que se reuniram não só os apóstolos e os anciãos mas também toda a congregação. E juntos, a congregação inteira, escreveram uma carta aos irmãos de Antioquia, que chegaria com aqueles "que enviaram junto com Paulo e Barnabé", a saber: "Judas e Silas". Estes "tomavam a dianteira (liderança) entre os irmãos". 
É interessante que, mesmo dizendo que esses irmãos "tomavam a liderança", eles foram enviados. Isso significa que a "dianteira", ou a "liderança" entre eles, era apenas em sentido espiritual, de aprendizado, e não como "chefes" ao estilo do mundo.
Para os cristãos verdadeiros, todos os que se convertiam, homens ou mulheres, eram, do "apostolado". Participavam da pregação, pregando as mesmas coisas que os apóstolos falavam. Em cada congregação havia, não um homem que comandava, mas um corpo de anciãos, sem número definido, como se fosse 'por vagas'. Isso quer dizer que todos em uma congregação podiam ser anciãos, responsáveis por executar as decisões  de Jerusalém, a congregação da qual, nas decisões, todos os convertidos participavam. O ministério cristão era para todos. Todos eram ministros de Cristo.
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- Surgem os Primeiros Rebeldes -
"Ancião" (ou "homem mais velho") vem da palavra grega pre·sbý·te·roi, da qual se derivou o moderno "presbítero". Ancião não era um título, mas apenas um indicativo de alguém mais experiente no manejo da verdade e da pregação. E, talvez tenha sido dentre esses, que mais tarde surgiram alguns rebeldes. Paulo previu o aparecimento desses rebeldes (Atos 20:29, 30; 1ª Timóteo 4:1,2). Paulo não citou especificamente que seria dentre os anciãos que os rebeldes surgiriam. Portanto podiam ser de qualquer grupo, incluindo o dos novos convertidos.
De início, por causa dos apóstolos, esses rebeldes nada podiam fazer além de causarem distúrbios. Eles não aceitavam o que os apóstolos falavam e viviam de intrigas. Por fim, acabavam se afastando da congregação.
Mas quando os apóstolos faleceram não havia mais quem os segurasse. E eles começaram a exigir autoridade sobre os outros irmãos.
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- Surgem os "Bispos" -
Era da congregação de Jerusalém que se supervisionava todas as outras congregações. Por isso, eles eram chamados, em grego, de e·pí·sko·pos, ou "superintendentes". Logo, em todas as congregações haviam anciãos que se tornavam "superintendentes". Eles não usavam roupas distintivas ou títulos, nem tinham autoridade sobre as pessoas. Eram unicamente responsáveis pela forma certa de se pregar.
Uma vez, sem os apóstolos, alguns deles passaram, aos poucos, a se definir como "bispos", que é basicamente a mesma coisa de "superintendente" mas que lhes dava um aspecto "diferente". 
De fato, o livro "História de La Iglesia Católica" do historiador jesuíta Bernardino Llorca (1898 - 19858), registra: "a distinção (dos 'bispos') se tornou mais clara, passando o nome bispo a designar os superintendentes mais importantes, que detinham a suprema autoridade sacerdotal e o direito de ordenar sacerdotes pela imposição das mãos.”
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- O Paganismo Se Acentua -
Os "bispos" começaram a imitar o modo de vida do mundo para se destacar. Com o tempo, e aos poucos, começaram a formar uma hierarquia, algo que, se os apóstolos estivessem vivos, não permitiriam.
Quando esses "bispos" começaram a se impor como chefes até mesmo dos anciãos. Por causa deles, já não havia mais como encontrar a mensagem verdadeira de Cristo, que não permite a chefia de um  homem sobre outro homem no que diz respeito a servir a Deus.
Por volta do Concílio de Niceia, no início do Século IV, as congregações ditas "cristãs", mas que na verdade eram apóstatas, já estavam impregnadas de paganismo. Os bispos passaram a usar roupas distintivas, a se comportar com arrogância e autoridade e exigir honrarias. Não participavam das pregações e publicavam livros com suas próprias ideias filosóficas, não dirigidos ao público, mas às autoridades políticas locais. Também não deixavam os "fieis" pregarem, se não fossem pelas suas ideias. A pregação do evangelho, de casa em casa, conforme era feita no tempo dos apóstolos, havia parado. Agora eram as pessoas que tinham que ir até eles (os "bispos"), em lugares específicos para ouvir-lhes.
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- Surge o Papado -
Durante o 2º século, o do domínio dos bispos, ninguém foi chamado de "papa". Foi somente no início do 3º Século que Calisto, bispo de Roma de 217 a 222, foi chamado de 'papa'. 
Papa significa "pai" em italiano. Aparentemente não seguiram a ordem de Cristo escrita em Mateus 21:9,10, que ordenava que não chamassem ninguém na terra de "pai" e "lider".
O termo 'papa', naquele simples início, ainda não estava definido como um título. Até o início do 5º Século, 'papa' era apenas o apelido do bispo de Roma. Mas, outros bispos de outras localidades, também podiam ser chamados de "papas".
Isso mudou nos anos do "bispado" de Leão 1 (440 - 461) de Roma. Ele passou a considerar "papa", não mais como uma palavra comum, mas como um título. Criava-se assim, mais um título hierárquico entre os bispos. Nas congregações, o "bispo" que se destacasse perante os outros, se transformava no "papa" deles. 
Mas o bispo de Roma exigia autoridade sobre todos os outros "papas". Leão 1, usou de uma interpretação das palavras de Cristo em Mateus 16:18,19 para deixar claro que "se o imperador exercia poder temporal, em Constantinopla, no Oriente, ele, exercia poder espiritual, a partir de Roma, no Ocidente". 
Para este "papa", a"igreja de Pedro", não estava em Jerusalém, mas em Roma. E, se ele era da igreja de Pedro em Roma, "esta deveria ter primazia sobre todas as outras". Uma primazia baseada apenas na localidade e proximidade com o poder político de Roma, e não na madureza espiritual que julgavam ter.
Por causa disso, houve disputas entre outros bispos, também chamados de "papas", mas no Século 11, segundo a obra História Ilustrada dos Papas (em inglês), somente o bispo de Roma podia insistir que este título pertencia só a ele.
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- O "Santo" Império -
O fato é: Com sua hierarquia aos moldes dos governos mundanos, a Igreja Católica estava, desde o Concílio de Niceia e a suposta "conversão" (por motivos políticos) de Constantino, o Grande (306 - 337), fixada como mais um poder político temporal, que trabalhava em prol das questões do mundo e não das questões espirituais.
Um exemplo dessa união entre igreja e estado aconteceu no ano 800. O Papa Leão 3º (750 - 816) coroou Carlos Magno (742 - 814) como o Imperador do "Santo" Império Romano. E por onde o "santo" Império se expandia, pelo poder da espada, lá estava a igreja Católica, acompanhando a cúpula e impondo-se como "religião oficial" do novo território conquistado.
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- Uma Religião Estranha ao Cristianismo -
Quanta diferença da época dos apóstolos! No 1º Século, os apóstolos e demais cristãos realmente se espalharam pelo mundo, pregando o restabelecimento do reino de Deus, que era a mensagem de Cristo. E realmente os cristãos já estavam, desde o Século 1, nos lugares onde mais tarde chegou o Império com sua "religião oficial" a Igreja Católica. Mas eles não se uniram a governos ou mudaram seus costumes. A mensagem cristã era para todos e era questão pessoal, de coração, de cada um, escolhê-la ou não para sua vida. 
Mas com o catolicismo, uma religião estranha ao cristianismo, isso mudaria. Para a opulenta religião do império, a religião das pessoas era uma questão regional do império e não coração de cada um. Ela seria imposta e aqueles que não a aceitassem (notadamente aqueles que persistiam em se apegar às palavras da Bíblia) sofreriam Seriam chamados de "hereges", seriam banidos de empregos, perseguidos, difamados, etc. E tudo numa escala de violência sempre crescente.

Na próxima parte vamos ver detalhes do acentuamento do paganismo naquela religião imperial e o início do que ela se tornou: Mais uma arma nas mãos dos poderosos do que uma mensageira de esperança.
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Continua


sexta-feira, 26 de julho de 2024

Igreja Católica - Como Se Formou? - Parte 2

 Igreja Católica - Como Se Formou - Parte 2

Representação: Jesus vira as costas para Pedro, chamando-o de "pedra de tropeço" porque "não tinha os pensamentos de Deus". Interessante notar que Jesus iniciou a frase dizendo "Pra trás de mim Satanás!", indicando que Pedro, ao falar contra a revelação que Jesus acabara de fazer, estava sob influência de Satanás. Isso aconteceu logo depois de Jesus dizer que "daria as chaves do reino" a Pedro. Seria essas palavras um indicativo de designação de "chefia" para Pedro? De forma alguma.



- Capítulos e Versículos da Bíblia - 
Antes de entrarmos no mérito dos textos citados, pela Igreja, para se definir como "baseada na Bíblia", "fundada por Cristo" ou "baseada em Pedro", é preciso entender por que a Bíblia é dividida em livros e capítulos.
No tempo dos Apóstolos, os livros bíblicos das Escrituras Hebraicas (ou o Antigo Testamento, usado por eles em seus ensinamentos)  não eram divididos em capítulos e versículos. As Escrituras Sagradas estavam em texto corrido. Tanto os Apóstolos como seus estudantes da Bíblia tinham de ler o inteiro livro e estarem familiarizados com ele para entenderem as mensagens. 
É por isso que lemos, por exemplo, quando Paulo queria citar uma profecia bíblica, dizia, "... assim como está escrito nos livros dos profetas:..." (Atos 7:42), Ele não citava algum capítulo ou versículo.
Mas, entre os séculos 13 e 16, graças ao trabalho de alguns eruditos, principalmente de Stefhen Langton (1150 - 1228), então Professor na Universidade de Paris (e mais tarde Arcebispo de Cantuária), e Robert Estienne (1503 - 1559), tipógrafo francês, os livros da Bíblia foram divididos em capítulos e versículos. 
Depois disso ficou bem mais fácil ler a Bíblia e verificar que toda ela é apenas um livro, conexo e coeso. Hoje, cada capítulo, é um contexto e faz parte de um contexto geral.  Um versículo é uma pequena parte de um contexto mais amplo, que abrange a Bíblia toda.
Isso é de interesse para esta parte do assunto porque o que vamos ver serão considerações de textos bíblicos fora do contexto, por parte dos católicos.
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- Textos Fora do Contexto -
1 - Por exemplo, visto que a Igreja Católica se define como "fundada por Cristo", "baseada em Pedro" e "continuação dos Apóstolos", é de interesse verificar se isso é mesmo verdade.
O principal argumento é o texto de Mateus 16, cujo versículo 18 é repetido inúmeras vezes como "o texto que prova". O que esse versículo diz?
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"Eu te declaro: Tu é Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela" - Versão  bíblica católica Ave Maria. - A versão Latino Americana, também católica, não verte a palavra "inferno", mas "poderes da morte".
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- O Que Significa "A Pedra"? -
A primeira vista parece mesmo que Jesus estava "comissionando" Pedro para algo especial.
Mas esse versículo faz parte um contexto maior (todo o capítulo 16), um contexto que não é levado em conta pelos religiosos católicos. 
O capítulo 16 de Mateus traz muitas lições, inclusive a de que os apóstolos, incluindo Pedro, ainda não entendiam bem o que Jesus dizia. E, por ainda não entenderem bem o que Jesus lhes dizia, há um aviso ligado ao "fermento dos fariseus", que era para ser evitado pelos apóstolos.
Assim, o que realmente Jesus quis dizer com "sobre esta pedra"? Ora, o próprio texto da Bíblia católica faz distinção entre o verdadeiro nome de Pedro, Cefas, e "pedra". Não são a mesma coisa conforme dizem.
Além disso, a palavra "pedra" usada por Jesus, neste versículo, a luz do contexto se refere a grande fé que Pedro tinha, mas também que ele era teimoso e de difícil de entender as coisas. Por fim as boas novas do Reino de Cristo venceria a "pedra" que era a teimosia de Pedro (e não só dele, mas de muitos outros) e se sobressairia "sobre" ela.
Se Jesus quisesse dizer "pedra", no sentido dele ser "a base", para se referir especificamente a Pedro, não teria usado, logo a seguir, a mesma palavra, "pedra", para se referir ao mesmo Pedro, como "pedra de tropeço" (Mateus 16:23). 
Portanto, a "pedra" usada para definir Pedro, não era uma "pedra angular", sobre a qual se ergueria uma congregação. Esta "pedra", no sentido de ser uma base, era o próprio Cristo e isso foi reconhecido pelo próprio Pedro (1ª Pedro 2:7). Além disso, Pedro reconheceu que "pedra de tropeço", da qual tinha sido, ele próprio, chamado por Cristo, se devia à "desobediência a palavra" (1ª Pedro 2:8)
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- A Vida de Pedro -
A inteira história de Pedro narrada na Bíblia mostra que, de fato, ele foi dos últimos a entender as mensagens de Cristo (Atos 10:12-15, 34), e, por isso, muitas vezes desobedecia por achar que tinha razão. Tal comportamento perdurou até muito tempo depois da morte de Cristo. Ele precisou até ser repreendido publicamente por Paulo (1ª Coríntios 1:12; 3:3-7; 21-23). 
Mas depois disso, Pedro se tornou, como os outros, muito útil na pregação que lhe foi designada. Pedro receberia uma designação: ele, junto com outros, iria pregar "aos circuncisos" (a leste de Jerusalém, em direção a Babilônia), enquanto Paulo pregaria aos incircuncisos (a oeste de Jerusalém, em direção a Roma) - Gálatas 2:7-9. E Pedro, de fato foi para Babilônia, conforme ele mesmo escreveu em sua primeira carta (1ª Pedro 5:13)
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Assim, o texto citado pelos católicos, como "prova", não é, de forma alguma, uma designação especial que o coloca acima dos outros, mas um lembrete, de que ele, Pedro, também seria útil ao reino,... apesar de seus defeitos. Não haveria nenhuma hierarquia entre os cristãos, começando pelos apóstolos.
Isso nos leva a considerar outro aspecto do catolicismo, que não encontra respaldo na Bíblia:Teriam os apóstolos uma hierarquia entre eles?
É o que vamos considerar na próxima parte.
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Continua



Igreja Católica - Como Se Formou? - Parte 1

 Igreja Católica - Como Se Formou? - 1ª Parte

O Imperador Constantino. Ele foi o fundador da Igreja Católica em 325. E apesar de 
ser "pagão" (zoroastrista), segundo os padrões da própria Igreja que criou,  
bêbado e assassino da própria família, foi por fim canonizado 
e transformado em "santo" do catolicismo. 

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- Consideração Inicial -
Este estudo não se trata de um "ataque" a Igreja e nem aos seus frequentadores. É apenas um compêndio de estudos imparciais retirados de literaturas oficiais, incluindo literatura católica
Antes de qualquer coisa, é preciso entender o que significa a palavra "igreja".
Nos dias atuais, "igreja", é o nome de uma edificação, um prédio, destinado a adoração. São lugares de reuniões onde as pessoas se concentram "dentro" dele a fim de praticarem cultos religiosos. Assim, o termo correto para tais edificações é "templo" ('palácio', 'santuário', que dá ideia de 'morada divina', ou de seres espirituais).
Já a palavra "igreja", em seu significado original, é o contrário do que o termo "templo" significa. A palavra portuguesa "igreja", deriva do termo grego "Ek.kle.sia. Esta, por sua vez é a junção de duas palavras: "Ek", que significa "para fora", e "ka.lé.o", que significa "chamar". As pessoas "chamadas para fora" reuniam-se e formavam uma 'congregação', sem no entanto terem um lugar fixo para se reunir.

Quando o cristianismo se iniciou com Cristo, não havia lugares fixos de reuniões. Ele se reunia para ensinar em qualquer lugar: montes, jardins, casas, ruas, etc. E os apóstolos, após Cristo, continuaram a não ter lugares fixos, ou "templos", para suas reuniões.
Assim, a própria palavra "igreja", nos dias atuais, como nome de prédios destinados a adoração, é uma deturpação  do significado original.
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- O Que Dizem os Padres? -
De uma forma geral, os padres da Igreja Católica, dizem que esta começou, quando Cristo reuniu os 12 apóstolos. Daí, dos 12 ele escolheu um, para ser o "chefe" de sua igreja. Também dizem que ela começou quando Jesus disse a Pedro que ele construiria "sua igreja sobre a rocha" que era Pedro (interpreta-se Mateus 16:18 para isso). Acrescentam que Pedro foi o "chefe", porque Jesus lhe deu "as chaves do Reino dos céus" (Mateus 16:19). De forma que, para os católicos, Jesus fundou uma hierarquia entre os apóstolos em "sua igreja".
Um texto bíblico tem de estar em consonância com todos os outros. Se não estiver, trata-se de pura interpretação. É o caso deste texto acima citado. nenhum outro texto bíblico corrobora a ideia de que Pedro era o chefe, ou o "primaz" dos apóstolos. Assim, a partir deste ponto, criou-se uma história diferente da que narra a Bíblia. Diferente principalmente da narrada no Livro de Atos (que conta os primórdios da primitiva congregação cristã em Jerusalém). Coloca-se Pedro, ao lado de Paulo na cidade de Roma, de onde ele "lançou os fundamentos" da Igreja e se tornou o "primeiro Papa".
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- O Concílio de Nicéia -
A história que a igreja conta de si mesma contradiz tanto o que a Bíblia diz sobre os primitivos cristãos quanto a literatura histórica universal (incluindo algumas publicações "oficiais" católicas), que corrobora o que a Bíblia diz.
De acordo com os historiadores (que inclui historiadores católicos), é consenso: A Igreja Católica foi formada através de uma manobra política do Imperador Constantino (275 - 337), no Concílio de Nicéia, no ano de 325.
O Império romano estava tomado por grupos religiosos dissidentes dos cristãos verdadeiros. Cada grupo era liderado por pessoas que, mesmo se dizendo "cristãs", ensinavam coisas diferentes do que Cristo e os primitivos apóstolos ensinaram durante o 1º Século. Esses "ensinadores", vieram todos depois da morte dos apóstolos, e eram todos oriundos de escolas de filosofia grega. Eles, querendo "embelezar" o cristianismo, misturavam os ensinos de Cristo com filosofia e passavam esses "ensinos" para outros.
E, muitas vezes, entre esses grupos, havia atritos  As discordâncias entre esses grupos, segundo Constantino "ameaçava a paz e a unidade do Império". O que ele fez?

Constantino convocou os líderes desses grupos para um Concílio em Nicéia, para encontrar uma solução a fim de se obter a paz. Menos de um terço deles, chamados de "bispos", compareceu.
O próprio Constantino, que era zoroastrista (adorador do Sol), e que não entendia nada de Cristo, Bíblia ou cristianismo, presidiu o Concílio. 
O Concílio aconteceu, ao estilo das reuniões do Senado Romano: por votações. A maioria que "vencesse (por número de votos)" tornava suas doutrinas religiosas "oficiais" e obrigatórias. A minoria que "perdia", ou passava a adotar as doutrinas dos "vencedores" ou era afastada. Há obras que citam gritos, xingamentos e até tapas durante as "discussões teológicas" neste "Concílio".

Como os "bispos" reagiram aquela "proposta de paz" de Constantino, proposta essa que incluía caráter 'oficial' de "igreja do Império", e postos oficiais de nobreza, na corte romana para eles próprios, caso se unissem em torno do que se propunha?
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- Vendendo a Fé -
Obcecados pelo luxo e riqueza da corte romana, praticamente todos eles assinaram o chamado "Credo de Nicéia". Muitos deles assinaram e endossaram doutrinas das quais eram contrários, apenas para galgar postos do poder. Uma vez "nobres", próprio Constantino foi considerado por esses agora "nobres bispos" como "primeiro chefe da Igreja", o que era verdade, uma vez que passaram a ser funcionários da corte romana. Títulos bajulatórios também foram criados para Constantino. Os bispos chegaram a considerá-lo como "décimo terceiro apóstolo".

Nascia assim, a Igreja Católica, que significa "universal" dado o caráter universal (militar) do império romano. A nova igreja também passava a ter nacionalidade ("romana"). Onde o império fosse implantado (sob poder das armas) ali também estaria a sua "igreja oficial" se impondo como "igreja oficial do território".
Ao nome daquela nova Igreja foi acrescido o termo "apostólica", dando a entender que ela era "dos apóstolos primitivos".
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Mas será que os primitivos apóstolos pretendiam fundar uma igreja como parte do militarista império romano. Uma igreja política, submissa a um imperador pagão?
É o que vamos ver na 2ª parte deste assunto
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Continua....