sábado, 9 de agosto de 2014

Adeus Dentista


De boca aberta espero pela broca
a perfurar ainda mais meu dente!
Curar a dor que a tempos me choca!
Melhor agora antes que ela aumente!

Clave de Sol, porque já fui maloca!
Buracos negros que não cheiram gente!
Molar ferido é como pé sem bota!
Quanto mais demorar, mais estridente!

Anestesia! Boca igual a limbo!
Na maquininha que perfura rente
a esperança d'um sorriso lindo!

Adeus dentista! Espero te encontrar!
Teus bons conselhos ouvirei contente!
Os dos meus pais eles vão me lembrar!

Acyr - 08/08/2014

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Ceia Bicho




I:
Quando amanhece um novo dia triste
meu grande amor distante está de mim!
Negro horizonte que me cerca, em riste
desassossego que persegue o fim!

Da mesa farta em que mastigo lixo
resta o mal cheiro da ferida ardente!
Engulo os restos dessa ceia bicho
até cuspir um salve fraco e quente!


II:
Eis que desmontam, se encaixotam galhos
mortos, cadáveres de plantas lidas
a pouco usados para enfeitarem, falhos,
a hipocrisia que nos cerca as vidas!

O nojo fica pra borrar a mente
juntando vermes esquecidos. Morto
serve de adubo pro natal descrente
que pinta a foto de um passado torto!

Falsa alegria, passageira fé!
Depois só o nada. Nada fica em pé!
Este é o presente que você não quer!

Te dou em troca, prostituta feia,
estes meus porcos pensamentos. Leia!
Faça com eles o que bem quiser!



III:
Dos negros dias, qual fantasma forte,
protuberante chicotada vem!
É quando pôs no meu passado a morte
pois, sorrateira, nem convite tem!

Sinto saudades dos meus anos de ouro!
Belos sorrisos, verdadeiros gritos...
Minha inocência, meu maior tesouro
obliterada por gelados mitos!



Acyr - 02/01/2014