quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Ceia Bicho




I:
Quando amanhece um novo dia triste
meu grande amor distante está de mim!
Negro horizonte que me cerca, em riste
desassossego que persegue o fim!

Da mesa farta em que mastigo lixo
resta o mal cheiro da ferida ardente!
Engulo os restos dessa ceia bicho
até cuspir um salve fraco e quente!


II:
Eis que desmontam, se encaixotam galhos
mortos, cadáveres de plantas lidas
a pouco usados para enfeitarem, falhos,
a hipocrisia que nos cerca as vidas!

O nojo fica pra borrar a mente
juntando vermes esquecidos. Morto
serve de adubo pro natal descrente
que pinta a foto de um passado torto!

Falsa alegria, passageira fé!
Depois só o nada. Nada fica em pé!
Este é o presente que você não quer!

Te dou em troca, prostituta feia,
estes meus porcos pensamentos. Leia!
Faça com eles o que bem quiser!



III:
Dos negros dias, qual fantasma forte,
protuberante chicotada vem!
É quando pôs no meu passado a morte
pois, sorrateira, nem convite tem!

Sinto saudades dos meus anos de ouro!
Belos sorrisos, verdadeiros gritos...
Minha inocência, meu maior tesouro
obliterada por gelados mitos!



Acyr - 02/01/2014

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