quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O Ponto de Ônibus

Feito somente pra circulação
e mal cuidado pela prefeitura!
Permanecer nele niguém atura!
Faz qualquer um perder a razão

pois as pessoas estão apressadas
e está bem atrazado aquele ônibus,
uma condução de muitos sinônimos,
onde andam as classes menos abastadas!

Lá , bem longe, avistamos seu letreiro
que diz para onde vai ao passageiro...
Afinal, chega a hora de partir!

Até mais velho banco de parada!
Deixo aí com você minha namorada
já que comigo ela não vai subir!

Acyr - 17/1/2011

Muros


Construímos altos muros na casa!
Nós temos medo dos irmãos que passam,
pois não sabemos quis deles nos matam
por qualquer coisa que estejam a cata!

Nossos portões trancados com cadeados
fazem de nossa casa uma prisão!
Evitamos a entada do ladrão
nos tornando prisioneiros fechados!

Nos mesmos, quando pelas ruas andamos,
da frieza alheia também reclamamos,
porque somos vistos como suspeitos...

Paredes mais altas do que as do chão
construímos no nosso coração
e na falta de amor dos nossos feitos!

Acyr - 16/1/2011

Os Mortos

 Velório do Acyr Campos, meu pai,  no Convento Stª  Clara, em cujo
cemitério fica o jazigo da família Campos. Logo o seguirei.


Os Mortos

O meu pai faleceu no dia 20 de dezembro de 2010, 
aos 78 anos. Este soneto é dedicado a ele.

As vezes eles povoam os meus sonhos!
Estão nos lugares em que viveram...
No passado os fatos promoveram!
Agora são só resquícios medonhos

de meros problemas não resolvidos,
onde rancores ficaram guardados,
amores que não foram declarados...
E pensamentos, para sempre, perdidos!

Na casa que já não existe mais
visitei, como sempre fiz, meu pai,
entre corredores agora tortos!

Falei-lhe que não mais queria vê-lo!
Acordei chorando... Foi pesadelo,
porque meu pai já estava dentre os mortos!

Acyr - 14/1/2011

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

O Fim

A fina foice passou sem piedade
obliterando o denso matagal,
que aos belos jardins tanto causou mal
escondendo as flores como uma grade!

Seus tenros frutos que jamais comemos
(Doces sem valor os substituíram
e nossas fortes colunas ruiram)
tão ocultos estão que não mais os vemos!

Agora as ervas daninhas do mundo,
que em cujas folhas estão postas as pragas
que arruinam o próprio solo fecundo,

foram brutalmente desarraigadas
e atiradas num buraco profundo,
onde morreu sua semente plantada!

Acyr - 13/1/2011

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Chuvas de Janeiro

  
Enquanto escrevia este soneto, umas mil pessoas
perdiam a vida nas chuvas da região serrana do Rio de
Janeiro!

Montanhas de águas sobre nós que vem,
furiosas,  dos negros céus de janeiro...
E pesadas, como se o mundo inteiro
dentro de si mesmo não se contém!

É  o lado triste do lindo verão:
Este tempo implacável que desaba,
aumentando ainda mais nossa desgraça,
deixando nossos pilares no chão!

Esse é o argumento da natureza
que agredimos com tolo desrespeito,
desfazendo-nos de sua beleza!

Nós somos como crianças sem peito!
Também jogamos fora a mamadeira...
Crescemos sem dormir no nosso leito!

Acyr - 12/1/2011

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Insetos

Sob um sol escaldante de rachar,
não são obstáculos no seu caminho,
que estão em todo lugar, desde o ninho,
grandes sulcos profundos como o mar!

Carrega incansável seu grande peso
seguindo uma interminável fileira,
sem ficar detida por qualquer barreira
e nem sentir, por qualquer coisa, medo!

Ruma ao descanso debaixo da terra...
Defunto a procura do seu lugar!
Vai pra aposentadoria da vida!

Como um barco no derradeiro cais,
de lá ela não volta nunca mais!
Foi cumprida a jornada da formiga!

Acyr - 7/1/2011

..

Carrapato

Ele só vive do que outro produz!
Rapina de graça, sem merecer!
Se possível, até a fonte falecer!
Maldita união... que a nada conduz!

Todavia é também da criação!
Faz, pois, parte do projeto de Deus!
Representante de um dos mundos Seus,
embora não saibamos a razão!

Assim ele obedece a um imperativo
que a muito tempo já estava descrito:
Sugar a seiva alheia até partir!

Mas, entre nós também tem o safado:
É o conhecido homem-carrapato
que tal qual o inseto vai existir!

Acyr - 9/1/2011

..

Pulga

Sinônimo de preocupação é!
Coceira me dá atrás da orelha!
Eu não posso apagar essa centelha
que teimosa não larga do meu pé!

Amiga de cão e de gato até,
que, de noite, passa pra minha cama,
que desgostosa meu sono reclama...
de qualquer oração me tira a fé!

Preciso pagar aquela dívida!
Aquele problema solucionar,
pois no credor o perdão não se enculca

ea coisa passa de pai para filho,
que, no futuro, ouvirá o gatilho
da arma letal da filha da puga!

Acyr - 9/1/2011

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Dor

(Dor é coisa de velho... E ser velho é estado de espírito)

Rasteja mancando por onde andava
antes, altivo e enfunado de orgulho,
pensando que possuia o corpo puro
do qual mostrava a força lapidada!

Olhos baixos, prossegue devagar
nesse corpo envelhecido e alquebrado,
pelo tempo esquecido e não cuidado,
sem rumo... Indo pra qualquer lugar!

Tendo como bagagem só a saudade
de, quando forte, era o rei da cidade
que cruzava, todo dia, com amor!

Pois elas amenizam o presente
que lhe presenteou, tão derrepente,
com essa dura e lancinante dor!

Acyr - 6/1/2011

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Tribulações



Gado sem pastor, cercado por lobos,
é a humanidade, rota e maltrapilha
que, perante seus escombros se humilha
raciocinando pensamentos tolos

sobre o seu fútil passado vivido
nas entranhas dessa terra disforme,
que mal abriga em seu espaço enorme
a maldição do homem ressentido!

Não bastam as lágrimas do dia a dia
do homem atribulado e sem guia!
Chacota-lhe também seu coração

o seu infrutífero planejamento
que acabou, por fim, num duro lamento
pelo vão trabalho de sua mão!

Acyr - 5/1/2011

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

"Rascunho do Inferno"



("Rascunho do inferno" é uma expressão usada para algo
ou alguém muito feio. Não devemos esquecer que o
feio já foi bonito um dia.)
 Quando vemos uma criança não a imaginamos adultos
e muito menos velha.
....

Nos rabiscos de uma tenra criança
tem a promessa de obra de arte!
Cresce no fogo da criação que arde,
mantém consigo a inspiração que avança!

Já adulto atinge a perfeição!
Pinta quadros que encantam nossa vida
e torna menos tensa nossa lida,
pois dá a tudo sentido e razão

As telas permanecem... ele não!
Suas tintas despencam pelo chão!
Fica feio pra ser visto de perto!

O que houve com aquele doce jovem?
Seus velhos braços já não mais se movem...
Era apenas um “rascunho do inferno”.

Acyr – 3/1/2011

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Aliança de Casado



Casal apaixonado que se casa
se preocupa com as alianças de ouro,
brilhantes, que cada um porá  no outro!
Elas são símbolos do amor que os ata!

Mas nas promessas de fidelidade
e lindas juras para a vida inteira,
o tão belo anel foi deixado a beira,
sufocado pela dificuldade!

Então, de que adiantou o vil metal
que desapareceu durante o mal
que testou aquela louca paixão?

Não existiu a verdadeira aliança...
Não daquela do dedo que levanta,
Mas aquela do nosso coração!

..

English version:

Wedding Ring

Passionate couple who marries
cares about the gold rings,
bright, who each one put in the another!
Are symbols of love that lace them!

But in the promises of fidelity
and beautiful vows for lifetime,
the so beautiful ring was left in border,
stifled by the difficulty!

So, of that avail the vile metal
who disappeared during the bad
that tested those crazy infatuation?

Don't there was the true alliance ...
Not is of finger that raise,
But those of our hearts!

Acyr - 2/1/2011