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segunda-feira, 29 de julho de 2024

Igreja Católica - Como Se Formou? - Parte 10

 Igreja Católica - Como Se Formou? - Parte 10

O livro The Crucible of Christianity - 1969, de Arnold Joseph Toynbee. Nele, renomados historiadores relatam, de forma imparcial e didática, o nascedouro do catolicismo. Não existe edição em português. Se desejar pode baixar livro, em PDF e em inglês neste link:
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- Redução da Leitura da Bíblia -
Como explicaria você, se for católico, acreditar em coisas como "ir pro céu ou pro inferno", "comunicação com mortos", "Deus trino", "intercessão de santos", "purgatório", etc.? Quase as mesmas coisas podem ser perguntadas aos "evangélicos" que, com exceção de crer em 'santos', endossam todas as outras crenças católicas, incluindo, as vezes a "virgindade perpétua de Maria".
Tais "ensinamentos", contudo, não estão na Bíblia. Esses "ensinos" se encontram nos livros d e alguns dos antigos "pais da igreja", ou dos "santos", vistos nas partes 5 e 6 deste assunto. Aqueles líderes religiosos, para dizer que é "ensino bíblico subentendido", tiveram que lançar mão de interpretações de alguns textos da Bíblia. Mas esses textos são retirados dos contextos em que estão e, por isso, não tem o sentido que querem dar a eles.
Por exemplo, tanto católicos como "evangélicos" usam o texto de João 10:30, onde Jesus diz "eu e o pai somos um", para justificar o ensinamento de que eles são a mesma pessoa dentro de uma trindade.
Mas quando Jesus disse essas palavras, estava se referindo às obras que fazia "em nome do pai dele", como que representando-o . E ele estava respondendo aos judeus que não acreditavam nele (João 10:22-27). Jesus não estava "explicando a trindade" conforme alguns dizem. E muito menos a "explicaria" aos seus inimigos, que, de certa forma já acreditavam nessas coisas. isso seria como endossar as crenças deles. Além disso, mais tarde, Jesus explicou aos apóstolos o que claramente significa aquele "somos um". Ele pedia ao pai para os apóstolos também "fossem um" assim como ele e o pai também eram um. Por fim Jesus disse também que fossem os apóstolos "um" junto com ele e seu pai (João 17:11-14; 20-23). Como os apóstolos tinham que "ser um" com Cristo e Deus? É claro que se tratava de unidade em objetivos e não em substância carnal ou espiritual.
O ensinamento correto sobre os textos bíblicos não chega aos católicos (e "evangélicos") por não considerarem cabalmente o texto completo. E isso tem uma explicação: O domínio do paganismo nas religiões da cristandade. Os antigos "pais da Igreja", aos poucos foram solapando a leitura da Bíblia, por incentivarem a leitura de seus próprio compêndios filosóficos. Assim, os religiosos se afastam cada vez mais da mensagem verdadeira.
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- O Sincretismo Religioso -
Conforme já vimos, os "pais da Igreja" eram filósofos. Os filósofos costumam, em suas teses, não desprezar nada do que observam e a misturar tudo como se fosse uma coisa só. Assim, em sentido espiritual, eles não desprezam nenhuma crença. Procuram conhecê-la, compará-las e ver se tem algo em comum. Isso acarreta em misturar as crenças formando uma nova crença, híbrida. Um exemplo atual disso está aqui no Brasil, nos dias de hoje. A Igreja Católica pratica, principalmente no estado da Bahia, o Sincretismo Religioso, que é a mistura do catolicismo com as crenças da Umbanda e do Candomblé, crenças que ela mesma denuncia como paganismo em outras regiões.
E foi assim desde o início. Quando foi criada em Roma, no Século IV, a Igreja Católica, por ser a religião oficial do Império, passou a se misturar com as crenças dos romanos, ao ponto de substituir-lhes e apoderar-se como se fosse dela.

O historiador Will James Durant (1885 - 1981) explica: “A igreja não se limitou a tomar algumas formas e costumes religiosos da Roma [pagã] pré-cristã — a estola e outras vestes sacerdotais, o uso do incenso e da água benta nas purificações, os círios e a luz perpetuamente acesa nos altares, a veneração dos santos, a arquitetura da basílica, a lei romana como base da lei canônica, o título de Pontifex Maximus para o Supremo (ou Sumo) Pontífice, e no século IV o latim "como a "língua da Bíblia" . . . Em breve os bispos, em vez dos prefeitos romanos, seriam a fonte da ordem e a sede do poder nas cidades, os metropolitanos, ou arcebispos, iriam sustentar, senão suplantar, os governadores provinciais; e o sínodo dos bispos sucederia à Assembléia provincial. A Igreja Romana seguiu nas pegadas do Estado Romano.” — Fonte: "A História da Civilização" - Volume III — César e Cristo.

Assim, o que antes era considerado costume pagão, agora continuava como costume católico.
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- É Cristã na Teoria, Não na Prática -
Mas tal comportamento não era o dos apóstolos. Essa atitude de transigência com o mundo romano contrasta-se nitidamente com os ensinos de Cristo e dos apóstolos.
O apóstolo Pedro aconselhou: “Amados, . . . estou acordando as vossas claras faculdades de pensar por meio dum lembrete, para que vos lembreis das declarações anteriormente feitas pelos santos profetas e do mandamento do Senhor e Salvador por intermédio dos vossos apóstolos. Vós, portanto, amados, tendo este conhecimento adiantado, guardai-vos para que não sejais desviados com eles pelo erro dos que desafiam a lei e não decaiais da vossa firmeza.” Paulo aconselhou claramente: “Não vos ponhais em jugo desigual com incrédulos. Pois, que associação tem a justiça com o que é contra a lei? Ou que parceria tem a luz com a escuridão? . . . ‘“Portanto, saí do meio deles e separai-vos”... “e cessai de tocar em coisa impura”’; ‘“e eu vos acolherei.”" (2ª Pedro 3:1, 2, 17; 2ª Coríntios 6:14-17; Apocalipse 18:2-5).
Por não seguir a orientação dos apóstolos, será que a igreja que se diz "baseada neles", era mesmo cristã? Não. A Igreja Católica mostrou ser, na prática e, desde seu início, uma nova religião. Uma religião que apenas se dizia "cristã", que se dizia "baseada nos apóstolos e em Jesus", mas que, na verdade não tinha nada a ver com eles.
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- Mensagens Divinas Diferentes? -
Por que isso aconteceu? Por que as mensagens bíblicas, tão claras para todos, nada significaram para aqueles "pais da igreja"?
É que, apesar da clara admoestação bíblica quanto ao paganismo, aqueles "pais da Igreja", filósofos orgulhosos de si mesmos, se sentiram atraídos pelo luxo, riqueza e poder, oferecidos pela corte romana depois da "oficialização" da nova igreja no Concílio de Nicéia, em 325. A flagrante falta de conhecimento e fé nas palavras dos apóstolos fez ocm que não tivessem problemas nenhum em revestirem-se de paramentos e títulos romanos pagãos para ficarem imbuídos de misturar a filosofia grega com as crenças romanas, num pacote só para agradar o povo do Império.

O professor Harry Austryn Wolfson (1887 - 1974), da Universidade de Harvard, EUA, nesse sentido explica em um artigo na obra "The Crucible of Christianity" (de Arnold Joseph Toynbee [1889 - 1975]), que, no segundo século, houve um grande influxo de “gentios de formação filosófica” no cristianismo. "Estes admiravam a sabedoria dos gregos e julgavam ver similaridades entre a filosofia grega e os ensinos das Escrituras". Wolfson continua: “Diversificadamente, eles às vezes se expressam no sentido de que a filosofia é a dádiva especial de Deus aos gregos, através do raciocínio humano, assim como as Escrituras o são para os judeus, através de revelação direta.” Ele continua: “Os Pais da Igreja . . . deram início a seu empreendimento sistemático de mostrar como, por trás da despretensiosa linguagem que as Escrituras , estão os ensinamentos dos filósofos enunciados nos obscuros termos técnicos cunhados em suas Academias, Liceus e Pórticos [centros de conferências filosóficas].”

Isso significa dizer que Deus se comunicou diferentemente com os povos, lhes dando mensagens diferentes e tornando-as, mesmo diferentes e antagônicas como corretas. Pode lhe parecer ilógico, mas foi isso que os antigos pais da Igreja fizeram e é exatamente isso que a igreja Católica é hoje: Uma mistura de paganismo greco/romano com interpretações distorcidas de textos bíblicos.
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- O "Ovo" da Trindade -
Essa crença dos pais filósofos da Igreja em mensagens divinas diferentes para diferentes povos abriu o caminho para a infiltração da filosofia e da terminologia grega (e romana) nos ensinos da cristandade (cristandade significa o conjunto de igrejas que se dizem "cristãs"), especialmente nos campos da doutrina trinitarista e da crença numa alma imortal.
Como diz Wolfson: “Os Pais da igreja passaram a buscar nas reservas da terminologia filosófica dois termos técnicos, um dos quais seria usado para designar a realidade da distinção de cada membro da Trindade como indivíduo, e o outro para designar a sua fundamental união comum.” Todavia, tiveram de admitir que “o conceito de um Deus trino é um mistério que não pode ser solvido por raciocínio humano”.
Os antigos pais da igreja procuravam "solucionar" o cristianismo em termos de filosofia. Assim, o Deus único dos judeus e cristãos não poderia ser o que sempre foi. Ele tinha que mudar e ser um Deus com aspecto dos antigos deuses trinos pagãos para poder se adequar ao catolicismo.
Mas Paulo reconhecera claramente o perigo de tal contaminação da filosofia, que acarretaria no ‘desvirtuamento das boas novas’ quando escreveu aos cristãos gálatas e colossenses: “Acautelai-vos: talvez haja alguém que vos leve embora como presa sua, por intermédio de filosofia [grego: fi·lo·so·fí·as] e de vão engano, segundo a tradição de homens, segundo as coisas elementares do mundo e não segundo Cristo.” (Gálatas 1:7-9; Colossenses 2:8; 1ª Coríntios 1:22, 23).

Apesar disso, conforme vemos hoje, no catolicismo, o que impera não é o Deus único dos cristãos, mas um deus trino, "um mistério", com mensagens subliminares, não claras sobre seus propósitos. Tudo de acordo com os ditames dos filósofos pagãos e nada de acordo com a clareza bíblica.
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- Anulada a Esperança na Ressurreição -
Na próxima parte vamos nos aprofundar mais na questão do afastamento da mensagem bíblica por parte dos pais da Igreja, para compreendermos melhor como nasceram as atuais crenças dos católicos (e também dos "evangélicos"). Por exemplo: Qual é a esperança para quem morre? A Bíblia diz que é a ressurreição no restabelecido paraíso terrestre (João 11:25, 1ª Coríntios 15:21)). Ironicamente a "ressurreição da carne" está presente em uma reza católica, a Salve Rainha. Mas os ensinos filosóficos dos pais da Igreja anularam esta esperança em prol de uma "ida para algum lugar espiritual "merecido".
Como isso aconteceu?


sábado, 27 de julho de 2024

Igreja Católica - Como Se Formou? - Parte 7

 Igreja Católica - Como Se Formou? - Parte 7

A representação do que era uma reunião dos apóstolos e anciãos em Jerusalém. Não havia um "chefe". A Bíblia sempre coloca os apóstolos e os anciãos em pé de igualdade e não cita nenhuma decisão pessoal de qualquer um deles. Todas as decisões eram feitas "de comum acordo" (Atos 1:13,14; 15:25)
Também não havia um templo ou "lugar especial" para essas reuniões. Elas podiam acontecer em qualquer lugar de Jerusalém, pois o importante era a reunião em si, e não o lugar.


Para podermos comparar a organização da Igreja Católica com a congregação cristã do primeiro século, a fim de vermos se uma é a continuação da outra, conforme dizem os católicos, temos antes que ver como elas funcionam. Primeiro vamos ver como funcionava a organização dos cristãos sob os apóstolos:
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- Os Primeiros Cristãos -
Conforme já vimos, os apóstolos constituíram um grupo único, de "testemunhas oculares" de Cristo. Por isso não seriam substituídos ou continuados. E enquanto estavam vivos formavam o "corpo governante" dos cristãos, decidindo as questões que surgiam. 
Vimos também que, depois da morte deles, iniciou-se uma "grande apostasia", conforme previsto pelos antigos profetas e por Paulo. Assim, qualquer organização religiosa que se diz "continuação  dos apóstolos" ou da "igreja primitiva", dá testemunho contra ela mesma.
O cristianismo do primeiro século, iniciado por Cristo na região da Galileia, se estabeleceu em Jerusalém, e, seguindo a ordem de Cristo para "não saírem" daquela cidade (Atos 1:4), embora espalhassem sua mensagem para quase todo o mundo conhecido, realmente não saiu de lá até a morte de João, o último dos apóstolos, pouco depois do ano 100.
Assim, de Jerusalém, os apóstolos e os cristãos convertidos se espalharam por todas as regiões. Haviam os anciões designados para pregarem aos circuncisos (Tiago, Pedro e João eram destes [Gálatas 2:8]) situados mais a leste de Jerusalém, em direção a Babilônia, e os designados para pregarem aos incircuncisos, ou pessoas das nações não judias (Paulo e Barnabé eram destes [Atos 9:15; 13:2 e 1ª Timóteo 1:12]), situados mais a oeste de Jerusalém, em direção a Roma .
De fato, Pedro, juntamente com Marcos e outros estavam em Babilônia, por volta de 64 DC, quando escreveu sua primeira carta aos povoados em volta daquela cidade, na região da Ásia Menor: Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia (1ª Pedro 1:1, 5:13). 
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É digno de nota que Pedro, ao escrever sua 2ª Carta, citou as cartas de Paulo que, evidentemente escrevia em Roma ou nos arredores dela (2ª Pedro 3:15,16). Como as cartas de Paulo foram escritas por volta de 56 a 60 (ou mais) DC (a carta aos romanos por exemplo, foi escrita em 56 DC), a 2ª carta de Pedro foi escrita dentro deste período ou posteriormente. Isso mostra que Pedro estava vivo até depois do ano 56, embora não se saiba em qual ano, depois de 56 ele tenha falecido.
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Após esse período, ou perto do ano 60, não se tem notícia mais notícia dos apóstolos. O certo é que continuaram com a pregação que lhes haviam sido designadas. Mas não se sabe até quando viveram e como morreram. Paulo, Pedro e outros podem ter vivido até próximo dos anos 100 ou pouco menos, chegando mais longe em suas designações de pregação. Pedro indo além de Babilônia, dentro da Ásia a leste, e Paulo, indo além de Roma até a Espanha. 
O fato é que, por volta dos anos 100, João escreveu o livro do Apocalipse, quando estava preso na ilha de Patmos, um lugar perto do que hoje é a Turquia. É interessante que o Apocalipse é endereçado às sete congregações da Ásia e não cita Roma (Apocalipse 1:4).
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- Homens Comuns e Sem Instrução -
Os apóstolos eram pessoas comuns, sem nenhum destaque na sociedade. A maioria eram simples pescadores sem qualquer instrução acadêmica. Até seus inimigos os reconheciam assim. Pedro e João por exemplo, não foram reconhecidos como "lideres" mas como pessoas "sem instrução" (indoutos) e comuns" (Atos 4:13). Pedro, ao contrário do que dizem os católicos, "era enviado" pelos outros apóstolos sediados em Jerusalém para pregar (Atos 8:14). Caso Pedro fosse "o chefe", ele enviaria os outros e não seria enviado por eles.
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Entre os apóstolos, Paulo era o único que tinha tinha instrução. E ele nem era um dos apóstolos visto que não tinha convivido com Jesus. Talvez, por causa da instrução de Paulo, os inimigos do cristianismo, erradamente viam, não Pedro, mas Paulo como o "chefe" dos cristãos, que chamavam de "seita dos nazarenos" (Atos 24:5-8). 
Pedro, em suas cartas, recomendava as cartas de Paulo e reconhecia que eram "difíceis de entender" (2ª Pedro 3:16). Tais cartas de Paulo, foram escritas, obviamente, com um bom nível de erudição, difícil para Pedro, que não tinha instrução, as entender. E, Paulo, uma vez, precisou censurar publicamente Pedro, por este não estar fazendo as coisas do modo correto (Gálatas 2:11,12). Assim, se tivesse que haver um "chefe" entre os cristãos, este certamente seria Paulo e não Pedro.
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- Sem Um Chefe -
Ao contrário do que acontece nas organizações mundanas e nas organizações religiosas (incluindo as atuais igrejas da cristandade), os cristãos do primeiro século não tinham um "chefe". Eles decidiam as coisas em grupo, sempre se orientando pelas escrituras e por orações. De fato, há na Bíblia até uma ordem expressa de Jesus para se evitar chefias humanas no que diz respeito ao cristianismo (Mateus 23:9-12)
Por exemplo, em Atos 15:6-11, os vemos "se reunindo em Jerusalém" para discutir e resolver questões da pregação para pessoas que não eram dos judeus. 
Os católicos costumam citar que "Pedro se levantou no meio deles" (versículo 7) como prova de sua chefia, como se o simples fato de ficar de pé fosse indicativo de chefia. Indica tal versículo que Pedro era o "chefe"?
Não. Se fosse assim, seria Pedro que convocaria as reuniões, inclusive aquela, e não precisaria se levantar "depois de longa e intensa discussão". Não precisaria nem haver discussão. Os apóstolos e os anciãos o obedeceriam. Mas, ao invés disso, se reuniam e decidiam as coisas em conjunto, sem citar nomes ou decisões proferidas por um só apóstolo (Atos 16:4,5). 
Assim, o fato de Pedro ter se levantado no meio deles e falado que "deus o escolheu", não foi para chefiar ninguém, mas simplesmente para ir pregar às pessoas que era circuncidadas (os circuncisos) já que Paulo e outros eram mais aptos para pregar às pessoas que não eram circuncidadas (Atos 15:1,2). Um dos temas da reunião era sobre quem iria pregar aos incircuncisos. Não seria Pedro, que reconhecia publicamente a sua inaptidão de ir à Antioquia pregar aos incircuncisos, mas Paulo, Barnabé e "outros" é que "foram enviados" (Atos 15:22,23).
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Na próxima parte, vamos ver como funciona a organização da igreja Católica, que diz ser "continuação dos apóstolos". Será que se parecem?
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Continua...


Igreja Católica - Como SE formou? - Parte 5

 Igreja Católica - Como SE formou? - Parte 5

Representação de Judas Iscariotes. Judas conheceu Cristo, se tornou seu discípulo, mas ao invés de desenvolver uma personalidade cristã, escolheu pensar em si mesmo, se tornando um ganancioso ladrão (João 12:4-6). Este apóstolo, que depois traiu Cristo (por dinheiro) e morreu antes da formação da primitiva congregação cristã em Jerusalém (narrada no livro de Atos), é o melhor exemplo contra a sucessão apostólica pregada pela Igreja Católica. Jesus, que já estava para morrer, não o substituiu e nem indicou um substituto dele aos apóstolos. Portanto não eram mais doze apóstolos os formadores da primitiva congregação, mas onze.
A substituição de Judas, para dar conta do que ele fazia, chegou a ser considerada pelos onze apóstolos. O próprio Pedro falou a respeito (Atos 1:21,22), levando em conta o Salmo 109:8. O escolhido foi Tiago, irmão de João, mas não para se tornar apóstolo, e sim como testemunha "junto aos apóstolos". Era "junto" porque não havia sido escolhido pelo próprio Cristo. Tiago foi morto logo depois de ser escolhido e não foi substituído (Atos 12:2).
A escolha de um substituto para Judas foi por causa do seu erro e não por causa de sua fé, ou porque a conta "precisava ser doze" (Atos 1:17-20). Quando Tiago morreu, não precisou ser substituído. Além disso, Tiago só foi escolhido porque participou ativamente, no tempo de vida terrestre de Cristo, junto com os apóstolos, como "testemunha" dos feitos de Cristo.

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- Houve Uma "Sucessão Apostólica"? -
Como vimos nas partes anteriores, nem o "papado" (a sucessão de papas) e nem uma igreja "oficial" foi fundada por Cristo ou Pedro. Não eram objetivos do cristianismo, pois, se fossem estariam claramente instruídos na Bíblia. De onde então surgiram aqueles que, mais tarde, formaram essa igreja e esse "papado"?
Antes de considerarmos esse surgimento da igreja, é preciso entender se houve ou não a alegada "sucessão apostólica".
A igreja sustenta, por exemplo, que Lino substituiu Pedro, se tornando o segundo Papa, no ano de 67. Mas é bem provável que, nesta época Pedro e outros apóstolos ainda estivessem vivos. Ou seja, se alguém tivesse que substituir Pedro, certamente seria um dos apóstolos e não alguém que não era dos onze.
Além disso, na sucessão de Papas católicos, segundo a Igreja Católica, três outros Papas surgiram (Anacleto em 76, Clemente 1 em 88 e Evaristo em 97). Mas, João, apóstolo e companheiro de Pedro nas pregações, estava, comprovadamente, vivo até depois do ano 98 (ou mais perto do ano 100), ano em que, historicamente, escreveu o Apocalipse.
Como pode alguém, de fora do grupo dos onze apóstolos, "subir" e se tornar chefe deles no cristianismo? Se tivesse que haver um "papa", ou "sucessor de Pedro", este certamente seria João, companheiro de Pedro nas pregações e o escritor de cinco livros bíblicos,  não pessoas que nem tinham seus nomes escritos na Bíblia.
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- Lino Foi Papa? -
Mas e Lino? Ao contrário dos outros três, Anacleto, Clemente e Evaristo, a Bíblia menciona, apenas uma vez, um cristão em Roma chamado Lino.
Na sua segunda carta à Timóteo, Paulo cita este nome "junto com outros" mandando cumprimentos (2ª Timóteo 4:21). Indica isso que Lino foi Papa? Certamente que não. Então como foi que a Igreja Católica colocou o nome Lino, como sucessor de Pedro e de outros como seus sucessores?
O fato é: Nem Lino, nem Pedro ou qualquer outro tem, na Bíblia, seus nomes ligados a uma suposta "chefia" entre os cristãos. Nenhum dos escritores bíblicos fala de Pedro ou de outros como 'papas' ou como seus líderes. Assim, a Igreja Católica colocou esses nomes numa "lista de chefes", por pura tradição, uma tradição que certamente adveio da apostasia, predita por Paulo, que aconteceria após a morte dos apóstolos (Atos 20:29,30).
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- Pedro Continuou Mas a Bíblia Não? -
Os primeiros Apóstolos escolhidos por Jesus cumpriram seu papel na formação da primitiva congregação cristã, que, segundo as profecias, deveria deixar de existir "por um tempo", até que fosse restaurada "no devido tempo" ( Daniel 7:23-25; Daniel 2:44) [essas profecias serão consideradas num assunto futuro]). Os apóstolos serviram como "testemunhas oculares" e "proclamadores da mensagem" do Cristo (Lucas 1:2; 2ª Pedro 1:16) e não mais que isso.
Por isso, nenhuma sucessão seria admissível. Quando Cristo morreu, não haveria, no futuro, testemunhas oculares do que Ele fez.
Caso houvesse mesmo uma sucessão, teria que haver de todos eles, e não só de Pedro. E, mesmo que houvesse sucessão só de Pedro, por que a Bíblia foi fechada com o livro do Apocalipse de João? Seus sucessores também não escreveriam livros bíblicos, inspirados por Deus, que seriam anexados ao Canon? 
Se assim fosse, a Bíblia hoje, seria um gigantesco livro com bilhões de páginas, praticamente impossível para uma pessoa, em seu tempo de vida, ler e entender o que Deus lhe diz.
Assim, não há lógica em dizer que houve sucessão de Pedro, se é fato, até entre os católicos, que o tempo dos apóstolos foi um só, e que acabou com a morte de João.
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- O Restabelecimento do Reino -
Jesus não falou em uma continuação dos apóstolos, como se o seu Reino já estivesse em vigor naquele tempo. Pelo contrário, Jesus sabia que o mundo pertencia, não a ele, mas a satanás (Mateus 4:8,9). Bem mais tarde, João escreveu sobre "o mundo todo" morrendo nas mãos de satanás (1ª João 5:19). Mas o mundo não permaneceria para sempre nas mãos de satanás. Jesus falou, com seus apóstolos, sobre o tempo em que restauraria o reino de Deus (Mateus 24:45-47; Lucas 12:37).
Ele voltaria, no futuro, para "encarregar" os seus fieis de seus assuntos (Mateus 24:43-47). Se houvesse uma "continuação" dos apóstolos, não haveria sentido nas profecias que prediziam o "tempo dos gentios" (Lucas 21:24). Se tivesse havido "continuação" dos apóstolos, com uma "sucessão de Pedro, a prevista "volta de Cristo" seria uma promessa vazia, uma vez que seu "escravo fiel" já estaria em vigor desde aquela época.
A própria palavra "restabelecimento" do Reino, predita pelo profeta Daniel (Daniel 2:44), para o final dos dias, não faria sentido, caso houvesse uma continuação apostólica.
De maneira que, quando a Igreja Católica se diz "sucessora dos apóstolos", "continuação dos apóstolos", ou "o reino de Deus" na Terra (mas que constantemente diz que está "nos nossos corações"), ela está invalidando a palavra de Deus, como os fariseus faziam, por causa das suas tradições (Marcos 7:5-9)
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Assim, como a "sucessão papal" não encontra respaldo n Bíblia, a Igreja que está sob domínio dessa alegada "sucessão", também não tem respaldo bíblico. Voltamos então a pergunta anterior, que encabeçou esta parte: Como, exatamente, surgiu esta igreja? De onde ela veio e quando?
É o que vamos considerar na próxima parte.
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Continua

sexta-feira, 26 de julho de 2024

Igreja Católica - Como Se Formou? - Parte 4

 Igreja Católica - Como Se Formou? - Parte 4

Imagem: Estátua representando Pedro e as "chaves" em Roma, Itália. A estátua lembra aos católicos que Pedro é que recebeu as chaves e que, portanto, é o Papa que tem "as chaves". Obviamente uma interpretação que nada tem a ver com a Bíblia, conforme o que vimos no texto acima.
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- As "Chaves dos Céus" -
Os católicos também costumam citar "as chaves" que Pedro recebeu como "prova" de sua chefia. Lemos, então, em Mateus 16:19, (BJ: Versão bíblica católica Bíblia de Jerusalém): “Eu te darei as chaves do reino dos céus: o que ligares na terra será considerado ligado nos céus; o que desligares na terra será considerado desligado nos céus.”
O texto, também passa a impressão de que Pedro iria "controlar" as coisas (da igreja e do mundo) aqui na Terra e os céus iriam corroborar com este controle. Realmente, um poder muito grande para um homem só!
Mas, será que o texto quis dizer exatamente isso? O que essas chaves eram? E quantas eram?
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- Quando Foram Dadas à Pedro?
O texto é claro. Jesus ainda daria as "chaves do Reino" à Pedro. Elas não lhe foram dadas naquele momento. Além disso o texto cita que Pedro, com aquelas chaves, ligaria ou desligaria as coisas aqui na Terra. Como é que Pedro exerceria tal poder? Pedro faria isso a partir dos "céus", quando morresse?
Não. Embora os católicos acreditem que Pedro ainda exerce poder nos céus,  acreditam também que ele exerceu este  poder aqui mesmo na Terra, ainda vivo, como um Papa. 
Mas, caso Pedro, com as "chaves", exercesse esse suposto poder aqui mesmo na Terra, a Bíblia relataria seus feitos e sua "chefia". Isso não aconteceu. Nenhum dos livros bíblicos, a partir dos Evangelhos, fala sobre uma "chefia" de Pedro. Não um único texto sobre Pedro que, visto dentro do contexto, mostram a alegada "chefia" dele.
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- Quando as Chaves Foram Dadas? -
No livro de Apocalipse, escrito por João, sob inspiração do próprio Jesus, lá pelo ano 100, provavelmente quando Pedro já estava morto, fez-se referência a uma chave simbólica usada por Jesus (não por Pedro) para abrir oportunidades aos humanos de aprenderem sobre Seu Pai:
Assim, lemos em Apocalipse  3:7, 8, BJ: “Assim diz o Santo, o Verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi, o que abre e ninguém mais fecha, e fechando, ninguém mais abre . . . pus à tua frente uma porta aberta que ninguém poderá fechar.”
Se é Jesus, e não Pedro, o proprietário da chave do reino "nos céus", o que eram "as chaves" de Pedro?
Obviamente as "chaves" eram, não literais, mas espirituais. E foram dadas a Pedro, assim como também aos outros apóstolos e anciãos, no momento em que foram usadas. E elas vinham por meio de por meio de inspirações ou poderes divinos (como os de cura, exorcismos e profecias). Uma vez usadas, eles não a tinham mais, até que outras chaves lhes fossem dadas.
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- Quantas "Chaves" Foram Dadas? -
O contexto bíblico das viagens missionárias de Pedro indica que as “chaves” que lhe foram confiadas eram duas. E foram, as duas usadas para abrir (a judeus, samaritanos, gentios) a oportunidade de receberem o espírito de Deus, a fim de entrarem no "Reino dos céus", que também vigoraria aqui na Terra.. 
Eles se converteriam, seriam batizados e receberiam o espírito santo de Deus, através da imposição de mãos dos apóstolos... que incluía também Pedro.
As chaves dadas a Pedro eram então oportunidades espirituais que, através de sua pregação às pessoas passariam a fazer parte dos cristãos.
E quando as chaves foram usadas?
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- A Primeira Chave - 
Pelos relatos bíblicos, Pedro usou suas chaves ainda em vida. A primeira foi usada com os "homens da Judeia". Assim, lemos em Atos 2:14-39, BJ
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Pedro, de pé com os Onze, ergueu a voz e assim lhes falou: ‘Homens da Judeia e habitantes todos de Jerusalém . . . Deus constituiu Senhor e Cristo, a esse Jesus que vós crucificastes.’ Ouvindo isto, sentiram o coração transpassado e perguntaram a Pedro e aos apóstolos: ‘Irmãos, que devemos fazer?’ Pedro respondeu: ‘Convertei-vos, e seja cada um de vós batizado em nome de Jesus Cristo, para a remissão dos pecados, e recebereis, então, o dom do Espírito Santo. A promessa é, de fato, para vós, assim como para os vossos filhos e para todos aqueles que estão longe, todos quantos forem chamados por Deus nosso Senhor.’”

Estava Pedro indicando a sua suposta chefia dos cristãos ao falar aos homens da Judeia? Ou ele, reafirmado a chefia do próprio Cristo estava 'abrindo a oportunidade' àqueles homens - os mesmos que crucificaram Cristo - de se tornarem também cristãos recebendo o espírito santo, como ele próprio havia recebido?
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- A Segunda Chave -
Esta foi usada por Pedro com os samaritanos. Em Atos 8:14-17, BJ lemos: 

Os apóstolos, que estavam em Jerusalém, ao saberem que a Samaria acolhera a palavra de Deus, para lá enviaram Pedro e João. Estes desceram, pois, para junto dos samaritanos e oravam por eles, a fim de que recebessem o Espírito Santo. Porque ainda não viera sobre nenhum deles; mas somente tinham sido batizados em nome do Senhor Jesus. Impunham-lhes, pois, as mãos, e eles recebiam o Espírito Santo.”

O versículo 20  indica que Pedro é quem tomou a dianteira nessa ocasião. Isso não significa que era o chefe de João, pois ele também "foi enviado". Paulo, Tiago, Judas e outros também tomavam a dianteira, como apóstolos. Eram eles também "chefes"? Não.
Se Pedro fosse "o chefe", ele teria enviado João. Mas o que aconteceu foi que os dois 'foram enviados' juntos. Enviados por quem?
Note que foram "os Apóstolos que estavam em Jerusalém", que serviam como "corpo governante dos cristãos", que enviaram Pedro e João. Não é citado o nome de um Apóstolos em particular, portanto as decisões eram tomadas em conjunto, pelos onze (Judas já não estava mais entre eles), não havendo nenhuma primazia entre eles.
Certamente que as decisões do corpo dos apóstolos era guiada por espírito santo. Eles, como "corpo governante" oravam a Deus por orientações.
Depois de usada esta "segunda chave" não se tem mais notícia de que pedro tenha feito algo diferente digno de nota. De fato, a última menção à Pedro (sem contar as suas duas próprias cartas) está em Gálatas 2:7,8, onde Paulo explicou que ao passo que ele havia sido incumbido de pregar aos incircuncisos, Pedro pregaria aos circuncisos. Depois disso, mais nada.
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- O Início da Apostasia -
É evidente que, pelo texto bíblico, de Mateus a Apocalipse, não houve uma "igreja cristã", conforme os moldes imaginados pelos católicos no tempo dos apóstolos e também não houve um "chefe" entre eles. 
Por exemplo, João, que escreveu o Apocalipse, foi o último apóstolo vivo. E ele estava vivo até depois do ano 100. Se tivesse que haver um "papa sucessor de Pedro", este seria João. Mas, ao invés disso, os católicos, criaram uma lista, onde quatro pessoas, que não eram apóstolos, "sucederam Pedro e chefiaram a Igreja", mesmo com um apóstolo vivo: Lino, Anacleto, Clemente e Evaristo.
Pelo texto bíblico, os apóstolos encabeçaram a primitiva congregação cristão, até morrerem. Ninguém estava acima deles nas decisões sobre assuntos espirituais. Assim, de onde surgiram aquelas supostas "chefias" da Igreja?
O Apóstolo Paulo havia previsto que, depois da morte dos apóstolos, surgiriam "lobos opressores (ou "cruéis)" que "não tratariam o rebanho cristão com carinho". Assim, lemos em Atos 20:29,30 (Bíblia Ave Maria, católica):
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"Sei que depois da minha partida se introduzirão entre vós lobos cruéis, que não pouparão o rebanho. 30 - Mesmo dentre vós surgirão homens que hão de proferir doutrinas perversas, com o intento de arrebatarem após si os discípulos."
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É sobre esses assim chamados "chefes" da Igreja que passaremos a falar a partir da próxima parte deste assunto.
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Igreja Católica - Como Se Formou? - Parte 3

 Igreja Católica - Como Se Formou? - Parte 3

Um pastor apascentando suas ovelhas. Em sentido figurado, as "ovelhas" são os seguidores de Cristo, e os "pastores" são pessoas destinadas a alimentarem-nas com alimento espiritual, alimento este fornecido pelo próprio Cristo. Portanto os pastores são apenas servidores de Cristo e não chefes daqueles que nem pertencem a eles.  Numa deturpação do que diz a Bíblia sobre o princípio de liderança (Efésios 5:21-24; 1ª Coríntios 11:3,4), padres católicos e também pastores "evangélicos" se colocam como "chefes" das pessoas tendo, entre eles mesmos, uma hierarquia ao estilo mundano.
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- "Apascenta Minhas Ovelhas" -
Para afirmar ser "verdadeira", a Igreja Católica tem que se basear na auto-informação de que "foi fundada por Cristo" e que "Pedro foi o primeiro 'Papa'", caso contrário, toda a hierarquia católica, desde o Papa até os servidores mais "baixos" da Igreja, não seriam justificados. Tudo, a história inteira da Igreja, teria sido, então, uma duradoura falsidade. 
Assim, se pergunta: Pedro, numa hierarquia, foi mesmo o "chefe dos apóstolos"?
Os católicos afirmam que sim e ainda lhe acrescentam o título de "Príncipe dos Apóstolos", citando o texto já considerado na 2ª parte deste assunto. 
Mas há mais: Dizem também que "quando Jesus morreu, deixou Pedro em seu lugar para 'cuidar da Igreja'". É como se Jesus, ao morrer, não tivesse mais como 'cuidar' dos cristãos e precisasse de alguém, um homem, para isso.
O texto bíblico, interpretado para este fim é João 21:15-19, onde lemos que Cristo disse à Pedro três vezes para que ele apascentasse suas ovelhas. Para os católicos isso é "prova" de sua chefia.
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- O Contexto da Passagem Bíblica -
Mas "apascentar" não é o mesmo que "chefiar". O  termo "meus" da frase indica que os cordeiros não eram e nem seriam de Pedro, mas continuariam sendo de Jesus. Jesus continuaria sendo o "cabeça" da congregação, em espírito, para sempre (Efésios 5:23,24). O próprio Pedro era um que "seria de Jesus" e que precisava "seguir" Cristo independentemente de outros (João 21:21,22)
É preciso levar em conta, não apenas esse texto, mas, como acontece em todos os outros, o contexto geral de onde ele se encontra, ou todo o capítulo 21 de João. 
Para começar, Jesus disse essas palavras depois que havia sido morto e ressuscitado. Depois que Jesus morreu, os apóstolos voltaram a seus afazeres cotidianos. Pedro e outros voltaram a pescar (João 21:3). Aquela era a terceira vez que Cristo lhes aparecia depois que havia ressuscitado.
Ao voltarem a ser pescadores, Pedro era o "chefe" de alguma igreja? Obviamente que não. Ao contrario disso, Ele e outros pareciam até mesmo ter largado o serviço de pregação das boas novas ao ponto de ser preciso que Jesus lhes lembrasse disso. 
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- Aviso de Desvio -
Assim, aquelas palavras de Cristo foi, para Pedro, um aviso para que não saísse de suas atribuições como um dos Apóstolos da futura congregação cristã? Com certeza, Jesus já estava antevendo o futuro desvio de Pedro, assim como havia previsto, antes de morrer, que ele o negaria 3 vezes (Mateus 26:34; 69-75)
Qual foi a reação de Pedro ao ouvir "apascenta minhas ovelhinhas" por 3 vezes?
Não foi a de quem estava sendo comissionado" (mais uma vez) como chefe. Ao contrário disso, "Pedro entristeceu-se" (João 21:17). Jesus então lhe informou que, no futuro, ele deveria escolher o tipo de morte que glorificaria a Deus. Se fosse seguindo a Cristo ou não (João 21:18,19).
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- O Desvio  de Pedro -
E esse predito desvio de Pedro realmente aconteceu.
Quando a primitiva congregação cristã, por meio dos apóstolos, estava crescendo e se espalhando, Pedro, em seu desvio espiritual, desenvolveu um desarrazoado medo dos homens e, com isso, comprometeu a liberdade dos cristãos a ponto de precisar ser repreendido por Paulo (Gálatas 2:1-14). 
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- Não Foi Reconhecido Como Chefe -
Numa época em que os cristãos estavam se tornando numerosos e conhecidos, seria notório que Pedro, caso fosse o "chefe" deles, fosse reconhecido como tal. 
Mas em momento algum, na Bíblia, se fala de uma suposta chefia, ou primazia de Pedro sobre os apóstolos. Ao contrário disso, Paulo, que nem era dos doze, era reconhecido (erradamente) pelos inimigos do cristianismo, como sendo chefe dos cristãos (Atos 24:1-8)
Seria o suposto "chefe dos Apóstolos" repreendido "na frente de todos" por alguém que "nem era dos doze"? Caso Pedro fosse "o chefe" isso certamente não aconteceria.
Paulo se converteu depois da morte de Cristo, portanto não fazia parte dos doze Apóstolos, embora depois tenha feito parte, junto com outros cristãos, do "corpo governante" dos cristãos em Jerusalém (Atos 1:4)
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- "As Chaves do Reino dos Céus" -
Mas, pode-se argumentar: "E o que dizer das 'chaves do reino dos céus', dadas a Pedro" (Mateus 16:19)?
Sobre essas chaves, e o que elas significam, é o que vamos ver na próxima parte deste assunto.
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Igreja Católica - Como Se Formou? - Parte 2

 Igreja Católica - Como Se Formou - Parte 2

Representação: Jesus vira as costas para Pedro, chamando-o de "pedra de tropeço" porque "não tinha os pensamentos de Deus". Interessante notar que Jesus iniciou a frase dizendo "Pra trás de mim Satanás!", indicando que Pedro, ao falar contra a revelação que Jesus acabara de fazer, estava sob influência de Satanás. Isso aconteceu logo depois de Jesus dizer que "daria as chaves do reino" a Pedro. Seria essas palavras um indicativo de designação de "chefia" para Pedro? De forma alguma.



- Capítulos e Versículos da Bíblia - 
Antes de entrarmos no mérito dos textos citados, pela Igreja, para se definir como "baseada na Bíblia", "fundada por Cristo" ou "baseada em Pedro", é preciso entender por que a Bíblia é dividida em livros e capítulos.
No tempo dos Apóstolos, os livros bíblicos das Escrituras Hebraicas (ou o Antigo Testamento, usado por eles em seus ensinamentos)  não eram divididos em capítulos e versículos. As Escrituras Sagradas estavam em texto corrido. Tanto os Apóstolos como seus estudantes da Bíblia tinham de ler o inteiro livro e estarem familiarizados com ele para entenderem as mensagens. 
É por isso que lemos, por exemplo, quando Paulo queria citar uma profecia bíblica, dizia, "... assim como está escrito nos livros dos profetas:..." (Atos 7:42), Ele não citava algum capítulo ou versículo.
Mas, entre os séculos 13 e 16, graças ao trabalho de alguns eruditos, principalmente de Stefhen Langton (1150 - 1228), então Professor na Universidade de Paris (e mais tarde Arcebispo de Cantuária), e Robert Estienne (1503 - 1559), tipógrafo francês, os livros da Bíblia foram divididos em capítulos e versículos. 
Depois disso ficou bem mais fácil ler a Bíblia e verificar que toda ela é apenas um livro, conexo e coeso. Hoje, cada capítulo, é um contexto e faz parte de um contexto geral.  Um versículo é uma pequena parte de um contexto mais amplo, que abrange a Bíblia toda.
Isso é de interesse para esta parte do assunto porque o que vamos ver serão considerações de textos bíblicos fora do contexto, por parte dos católicos.
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- Textos Fora do Contexto -
1 - Por exemplo, visto que a Igreja Católica se define como "fundada por Cristo", "baseada em Pedro" e "continuação dos Apóstolos", é de interesse verificar se isso é mesmo verdade.
O principal argumento é o texto de Mateus 16, cujo versículo 18 é repetido inúmeras vezes como "o texto que prova". O que esse versículo diz?
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"Eu te declaro: Tu é Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela" - Versão  bíblica católica Ave Maria. - A versão Latino Americana, também católica, não verte a palavra "inferno", mas "poderes da morte".
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- O Que Significa "A Pedra"? -
A primeira vista parece mesmo que Jesus estava "comissionando" Pedro para algo especial.
Mas esse versículo faz parte um contexto maior (todo o capítulo 16), um contexto que não é levado em conta pelos religiosos católicos. 
O capítulo 16 de Mateus traz muitas lições, inclusive a de que os apóstolos, incluindo Pedro, ainda não entendiam bem o que Jesus dizia. E, por ainda não entenderem bem o que Jesus lhes dizia, há um aviso ligado ao "fermento dos fariseus", que era para ser evitado pelos apóstolos.
Assim, o que realmente Jesus quis dizer com "sobre esta pedra"? Ora, o próprio texto da Bíblia católica faz distinção entre o verdadeiro nome de Pedro, Cefas, e "pedra". Não são a mesma coisa conforme dizem.
Além disso, a palavra "pedra" usada por Jesus, neste versículo, a luz do contexto se refere a grande fé que Pedro tinha, mas também que ele era teimoso e de difícil de entender as coisas. Por fim as boas novas do Reino de Cristo venceria a "pedra" que era a teimosia de Pedro (e não só dele, mas de muitos outros) e se sobressairia "sobre" ela.
Se Jesus quisesse dizer "pedra", no sentido dele ser "a base", para se referir especificamente a Pedro, não teria usado, logo a seguir, a mesma palavra, "pedra", para se referir ao mesmo Pedro, como "pedra de tropeço" (Mateus 16:23). 
Portanto, a "pedra" usada para definir Pedro, não era uma "pedra angular", sobre a qual se ergueria uma congregação. Esta "pedra", no sentido de ser uma base, era o próprio Cristo e isso foi reconhecido pelo próprio Pedro (1ª Pedro 2:7). Além disso, Pedro reconheceu que "pedra de tropeço", da qual tinha sido, ele próprio, chamado por Cristo, se devia à "desobediência a palavra" (1ª Pedro 2:8)
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- A Vida de Pedro -
A inteira história de Pedro narrada na Bíblia mostra que, de fato, ele foi dos últimos a entender as mensagens de Cristo (Atos 10:12-15, 34), e, por isso, muitas vezes desobedecia por achar que tinha razão. Tal comportamento perdurou até muito tempo depois da morte de Cristo. Ele precisou até ser repreendido publicamente por Paulo (1ª Coríntios 1:12; 3:3-7; 21-23). 
Mas depois disso, Pedro se tornou, como os outros, muito útil na pregação que lhe foi designada. Pedro receberia uma designação: ele, junto com outros, iria pregar "aos circuncisos" (a leste de Jerusalém, em direção a Babilônia), enquanto Paulo pregaria aos incircuncisos (a oeste de Jerusalém, em direção a Roma) - Gálatas 2:7-9. E Pedro, de fato foi para Babilônia, conforme ele mesmo escreveu em sua primeira carta (1ª Pedro 5:13)
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Assim, o texto citado pelos católicos, como "prova", não é, de forma alguma, uma designação especial que o coloca acima dos outros, mas um lembrete, de que ele, Pedro, também seria útil ao reino,... apesar de seus defeitos. Não haveria nenhuma hierarquia entre os cristãos, começando pelos apóstolos.
Isso nos leva a considerar outro aspecto do catolicismo, que não encontra respaldo na Bíblia:Teriam os apóstolos uma hierarquia entre eles?
É o que vamos considerar na próxima parte.
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